As “bodegas” nome de adega em castelhano, são túneis encravados no solo, constituído por rocha mole, que foram sendo escavados e consecutivamente alargados pelos próprios donos, adquirindo uma forma alongada. As dimensões médias destes espaços são de 2/4 metros de área e terão pouco mais de 2 metros de altura, com o tecto em abóbada.
A sua construção remonta sensivelmente aos anos 30 e 40 do século passado, com a finalidade de armazenarem o vinho durante o período de verão, dado não existirem frigoríficos e as temperaturas nesta época do ano serem muito elevadas. Parafraseando o escritor transmontano, por aqui são “nove meses de inverno e três de inferno”.
Pelas suas características, estes locais dispõem de um sistema de climatização e arejamento natural que leva a que o vinho se mantenha sempre a uma temperatura relativamente baixa.
O interior conta com espaço para 2 pipas, uma de cada lado, com capacidade para 100 a 150 litros cada tendo algumas, um arco a meio a separar dois espaços contíguos. Aí, repousa e refresca no período de veraneio o afamado néctar do deus Baco.
À medida das necessidades do consumo as pessoas deslocam-se às bodegas, que se situam próximo do povoado, de garrafão na mão para reporem os stoks frescos em casa.
Hoje, encontram-se quase todas “fora de serviço” embora algumas tenham sido já recuperadas e utilizadas para lanches de confraternização e convívio entre grupos de amigos.
Actualmente, gostava que este “património” fosse recuperado e melhorado para, deste modo, poder ser visto e apreciado turisticamente, dado nas redondezas não se conhecerem exemplares semelhantes. José Augusto Heleno Fonseca
Segundo José Augusto Heleno Fonseca- Engenheiro Agrónomo e que trabalhou como Técnico Superior no Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e grande defensor do património do Nordeste transmontano, torna público e refere
“A oeste de Urrós, numa encosta sobranceira ao ribeiro dos moinhos, a escassas centenas de metros da localidade, encontra-se um aglomerado de escavações subterrâneas, rodeadas de olival a que os naturais apelidam por “bodegas”.
Estas, são pequenas obras de arte que constituem um património histórico e cultural, dos usos e costumes dos antepassados das gentes desta povoação.
São túneis que foram escavados no solo e na pedra e também alargados pelos proprietários ao longo dos anos. Apresentam variadas dimensões desde as mais simples até às mais sofisticadas que podem ir desde os três; quatro até aos doze e quinze metros quadrados. A maioria deve rondar em média os três ou quatro m2 de superfície. Têm um contorno bastante irregular que passa pela forma de quadrado; rectângulo ; circular ou elitica e tecto de forma côncava ou abóboda, que podem atingir a altura de pouco mais de dois metros. Algumas no interior possuem bonitos arcos que separam compartimentos contíguos.
A sua exposição e tipo de construção, conduzem para que nos meses de maior amplitude térmica, o seu ambiente natural seja fresco e arejado, mantendo e conservando o vinho a uma temperatura relativamente baixa. Geralmente o seu espaço dá para instalar duas pipas da ordem dos 100-150 litros de capacidade.
Estas bodegas do tipo familiar, que na sua maioria se encontram em desuso, por ruína e abandono dos seus novos proprietários, começaram a ser construídas à cerca de cem anos.
Foram no passado um ponto de encontro e convívio entre amigos aonde se desfrutava de vinho de excelente qualidade; bacalhau e fumeiro caseiro. Ainda hoje alguns proprietários mantêm viva a tradição de ir á bodega buscar o vinho de acordo com as suas necessidades e comer dentro sempre que lhes apeteça uma boa merenda.
Contudo, algumas já foram recuperadas prevendo-se que a curto prazo algumas mais também o sejam, mantendo sempre a função para que foram construídas. Estas construções subterrâneas são um testemunho invulgar da riqueza vitivinícola desta aldeia aonde se produzem vinhos de excelente qualidade.
Para terminar, faço um apelo aos seus proprietários, para que em conjunto com a autarquia local ,dêem novo visual a este património artístico e ambiental bem como a toda a zona envolvente, no sentido de o tornar mais aprazível ; capaz de atrair visitantes e fomentar o turismo local”