O presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião quer “qualificar o trabalho na vinha”, estancar a emigração e a introdução de uma taxa de navegabilidade por turista que ajude na manutenção da paisagem classificada, revelou.
Luís Machado aproveitou a cerimónia evocativa da classificação do Douro como Património Mundial para chamar a atenção para o “problema do trabalhador da vinha”, os homens e mulheres que ajudam a manter o território, reconhecido pela UNESCO em 2001.
“Essa é a nossa luta, qualificar o trabalho na vinha, criar um estatuto da vinha para que sintam orgulho de trabalhar e não vergonha como sentem hoje”, afirmou.
O autarca defende a criação de um “estatuto especial” para quem cuida da viticultura da região, dando-lhe mais dignidade, e referiu que, atualmente, o salário de que usufruem é muito baixo, quando está a chover muito não podem trabalhar e, logo, nem sequer são remunerados.
Luís Machado questionou ainda sobre a política de emigração que se quer para a região e deu como exemplo Santa Marta de Penaguião que possui cerca de dois mil emigrantes, metade dos quais está a trabalhar na agricultura e na vinha principalmente em França.
“Porque é que têm de ir para tão longe trabalhar a vinha quando estão numa região Património Mundial e não têm o mesmo rendimento? O Douro deve ser pensado por todos, por quem o trabalha, o comercializa e quem é proprietário, de maneira que todos ganhem”, salientou.
O autarca referiu ainda que os pequenos e médios viticultores andam “sempre com o coração nas mãos” devido as condições climatéricas que afetam as suas colheitas.
E, nesse sentido, propôs a criação de uma taxa sobre a navegabilidade por turista, recordando que o turismo fluvial tem crescido desde a classificação há 17 anos.
Luís Machado defende que a verba deve reverter para um “fundo de maneio” para “compensar prejuízos provocados pelo mau tempo ou para garantir um seguro de colheita que permita, no mínimo, garantir os custos da produção”.
“Se não tivermos os homens e as mulheres que peguem na tesoura para trabalhar a vinha, corremos o risco de ser não sermos evolutivos e vivos”, salientou.
Questionada sobre a introdução desta taxa, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, também presente na cerimónia, optou por salientar a necessidade de “garantir cada vez mais que todos os agentes no território trabalhem em conjunto para que, quem traz turistas, tenha capacidade para os fazer diluir pelo território”.
“Temos de nos preocupar essencialmente neste trabalho articulado. Independentemente de estar a criar outros instrumentos, acho que é este trabalho articulado que é essencial e necessário”, sublinhou.