Os seus habitantes, calcula-se que vieram de África há 60.000 anos e não querem qualquer tipo de contacto com o exterior. Em 2004 depois da passagem de um tsunami a equipa sde salvamento que sobrevou a ilha de helicóptero foi recebida com lanças e arremesso de pedras. Esta questão acaba de ganhar atualidade devido à recente morte de John Allen Chau, 26 anos, um americano que queria envangelizar os habitantes da ilha, mas que acabou morto a tidos de flecha.
Para chegar à ilha, que as autoridades indianas mantêm isolada com vigilância marítima, o jovem pagou 350 dólares a um grupo de pescadores que o deixaram no limite desse perímetro. Daí, de kayak e durante a noite, Chau remou até à ilha. Os pescadores disseram-lhe que não fosse mas ele tinha uma missão. Uma missão guiada pela fé. Quem o levou disse à polícia que ele levava com ele apenas uma Bíblia.
uma missão de envangelização
Dependra Pathak, o chefe da polícia na zona, nas informações que deu à imprensa sobre o caso, citou partes de uma carta deixada por Chau aos pescadores antes de estes o deixarem no kayak. Chau escreveu que tinha tentado falar os habitantes da ilha, que eram pequenos em estatura e tinham os corpos cobertos de tinta amarela. Alguns mostraram-se abertos às tentativas de diálogo, outros menos.
Depois destas tentativas, Chau decidiu entrar mesmo na ilha e nunca regressou. Os pescadores, que agora estão acusados de homicídio involuntário, disseram à polícia que Chau fez várias tentativas ao longo de dois dias e que várias vezes, os ‘sentineleses’ dispararam flechas contra ele. Durante mais de dois dias, Chau tentou oferecer bolas de futebol, fio de pescar, tesouras mas na manhã de 17 de novembro, os pescadores viram o seu corpo inerte ser carregado para a praia.
Na carta que deixou, o jovem católico explicava que a missão de ir ao sítio mais inóspito da terra lhe tinha sido atribuída por Deus e o seu pai, Patrick Chau, disse, através das redes sociais, que a fé era um bálsamo contra a dor da perda do seu filho. “Há tempo e há estações para tudo debaixo dos Céus”, escreveu, citando uma passagem da Bíblia. Patrick Chau pediu ainda que os homens que ajudaram o seu filho sejam libertados por ter a certeza que ele seguiu naquela viagem “de livre e completa vontade própria”. “O John foi um embaixador de Jesus Cristo, cheio de bondade e sensibilidade. O privilégio de partilhar a palavra não raramente envolve riscos e rezamos para que o sacrifício do John venha a colher frutos no futuro”, lê-se num comunicado da All Nations, uma missão internacional cristã.continente.
“A ilha de Sentinela do Norte é uma área proibida, a entrada nessa ilha está restringida pela regulação para a Proteção das Tribos Aborígenes, ninguém tem permissão de lá ir”, disse Jatin Narwalo, porta-voz da polícia das ilhas de Andamão e Nicobar, após a morte do turista dos EUA.
A barreira de proteção imposta pelos recifes
Para ajudar a manter a distância para o Mundo exterior, os Sentinela confiam na ajuda de vários recifes, que criam lagoas rasas. Estas lagoas, para além de dificultarem a chegada de estrangeiros ao local, são uma excelente fonte de alimento, já que estão cheias de vida marinha. A comida é tão abundante que os Sentinela nunca precisaram de pescar além desta barreira natural.
Uma população em extinção
Segundo avança a cadeira norte-americana CNN, o número de elementos desta tribo diminuiu drasticamente nos últimos anos, mas os números exatos são difíceis de apurar, já que todas as observações científicas são feitas à distância. Os números do último recenseamento que decorreu na Índia, em 2011, apontam para apenas 15 elementos a viverem naquele local. Erika Hagelberg, uma cientista norueguesa que se dedica ao estudo genético, descreveu-os como sendo as “pessoas mais enigmáticas a viverem no planeta”.
Uma história de isolamento
O primeiro contato com o exterior terá acontecido no ano 1800, com a chegada dos ingleses. Apesar da tentativa de se esconderem, seis pessoas foram levadas para o arquipélago de Andamão. Dois adultos morreram devido a complicações de saúde e as duas crianças que também foram levadas acabaram por ser devolvidas à tribo.
Mas os confrontos com as pessoas do exterior datam já do século XVIII, quando um navio ficou preso num banco de areia e os tripulantes foram atacados. Conseguiram sobreviver depois de uma elaborada operação de resgate.
“A ocupação colonial britânica das ilhas de Andamão dizimou as tribos que viviam no local, acabando com milhares delas, sobrando apenas um pequeno fragmento que continua a viver no local. Por isso, é que têm tanto medo de quem chega do exterior”, explica o grupo Survival, uma organização voluntária que protege os Sentinela do exterior, e que os caracteriza com sendo a “tribo mais isolada do Mundo”.