A Europa registou, no primeiro semestre deste ano, 41 mil casos de sarampo, um número superior ao de qualquer outro ano desta década.
O alerta foi dado pela Organização Mundial de Saúde que se mostra preocupada com os números do surto de sarampo.
Face a esta realidade, há países que planeiam proibir a entrada de crianças não vacinadas nas creches. Em Portugal a Direção Geral de Saúde sublinha a importância da vacinação lembrando que o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave em pessoas não vacinadas.
O mais recente surto de sarampo que atingiu a Europa – considerado o maior da década com 41 mil casos nos primeiros seis meses deste ano – está a preocupar os países Europeus que estão a tomar medidas para combater a proliferação desta doença contagiosa.
O governo holandês, por exemplo, e segundo o jornal espanhol ABC, está mesmo a ponderar não atribuir vagas nas creches a crianças que não estejam vacinadas contra o sarampo, a varicela e rubéola.
Antes da Holanda, já a França, Itália e Áustria, tinham adotado medidas similares para travar o contágio e propagação deste tipo de doença.
OMS: Vírus é “extremamente contagioso”
A Organização Mundial de Saúde sublinha que o vírus do sarampo é extremamente contagioso e é transmitido com rapidez entre pessoas suscetíveis, sublinhando que, para prevenir surtos, é necessário, pelo menos, uma cobertura de imunização de 95%, com duas doses de vacina a cada ano, em cada comunidade.
Entre janeiro e junho deste ano, sete países tiveram mais de mil infetados: França, Grécia, Itália, Rússia, Sérvia, Geórgia e Ucrânia.
Na Ucrânia registaram-se mesmo mais de 23 mil casos.
Na Bélgica, Bulgária, República Checa, Croácia, Grécia, Letónia, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia, Eslovénia e Hungria, e de acordo com dados do Comité Consultivo de Vacinas da ASP, a vacinação é obrigatória.
Os relatórios mensais dos Estados-membros referem 37 mortes por sarampo este ano, sendo a Sérvia o país mais afetado, com 14 casos.
Em Portugal, a vacinação não é obrigatória em crianças nem em profissionais de risco, mas a taxa de vacinação é uma das mais elevadas da Europa.
Quando uma criança é inscrita numa escola é pedido o boletim de vacinas mas a sua inscrição não pode ser recusada caso não estejam em dia ou não tenham sido administradas.
No entanto, as escolas públicas estão obrigadas a comunicar ao centro de saúde da área caso haja omissão ou falha na vacinação de uma criança.
O Ministério da Saúde determina mesmo, através do Despacho n.º 3668-A/2017, publicado a 28 de abril do ano passado, em Diário da República, que os estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário devem comunicar os alunos que não se encontrem com a vacinação recomendada atualizada de acordo com o Programa Nacional de Vacinação.
De acordo com o diploma, os estabelecimentos de educação devem transmitir aos delegados de saúde coordenadores do respetivo agrupamento de centros de saúde da área de cada escola os alunos que não se encontrem com a vacinação recomendada atualizada, no sentido de se promover o aconselhamento e o esclarecimento adequados, bem como a sensibilização para os benefícios desta política de saúde pública, quer pelas estruturas da educação, quer da saúde.
Portugal: todos os casos curados
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda aos portugueses que verifiquem o seu boletim de vacinas e se vacinem caso seja necessário, e para ligarem para o número 808 24 24 24 se estiveram em contacto com um caso suspeito de sarampo ou tiverem dúvidas.
Segundo a DGS, em pessoas vacinadas a doença pode, eventualmente, surgir com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso. Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença.
A vacina contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e aos cinco anos.
Este ano Portugal enfrentou um surto na região norte do país que infetou 112 pessoas entre fevereiro e final de abril.
Em junho deste ano, a Direção-geral da Saúde declarou o fim desse surto, com ligação ao hospital de Santo António, indicando que o último caso se tinha registado em 29 de abril.
Dos 112 casos confirmados, 103 tiveram ligação ao surto do hospital de Santo António, no Porto. Houve ainda nove casos com coincidência temporal com o surto do Santo António, mas que tiveram origem em dois casos importados e não ligados com aquele surto.
Apesar deste surto e de dois outros simultâneos registados em 2017, a DGS lembra que Portugal continua a “manter o estatuto de país com eliminação do sarampo”, conferido pela Organização Mundial de Saúde, dado o “controlo rápido dos casos”, que “indica que não se estabeleceu circulação do vírus” no país.
A existência de surtos na Europa levou a Direção-Geral da Saúde a indicar aos profissionais e serviços de saúde para manterem um “elevado grau de suspeição clínica” para detetar precocemente casos, porque há a possibilidade de importação de novos casos da doença.
Brasil reforça campanha
No Brasil o sarampo também preocupa com 1.553 casos confirmados em 2018.
A maior parte dos casos ocorreu no Amazonas, com 1211 infecções.
Segundo o Ministério da Saúde brasileiro há quase 7 mil casos ainda sob investigação.
O Brasil levou a cabo uma nova Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo e a Poliomielite cuja meta é vacinar pelo menos 95% das 11,2 milhões de crianças independentemente da situação atual e criar uma barreira sanitária de proteção da população.
Apesar de ser habitual este tipo de campanha que inclui o reforço da dose, e que acontece de quatro em quatro anos, este ano, no entanto, a campanha é ainda mais importante pelo número elevado de casos de sarampo no território brasileiro e a ameaça da poliomielite.
Não se esqueça…
O sarampo é por um vírus da família Morbillivirus, que consegue crescer e multiplicar-se nas mucosas do nariz e da garganta de um adulto ou criança. Dessa forma, este vírus é facilmente transmitido em pequenas gotículas libertadas ao tossir ou espirrar, por exemplo.
Nas superfícies, o vírus pode ficar ativo durante 2 horas, sendo por isso desinfectar bem todos os sítios onde esteve alguém com sarampo.
O tratamento do sarampo passa por diminuir os sintomas através de repouso, hidratação adequada e uso de medicamentos para baixar a febre.
Normalmente a recuperação dura cerca de 10 dias após o início dos sintomas.
Na maior parte dos casos, o sarampo desaparece sem deixarde sequela na pessoa, no entanto, em pessoas com o sistema imune mais enfraquecido, podem surgir algumas complicações.
Caso o sarampo apareça numa mulher grávida também existe um elevado risco de sofrer um parto prematuro ou ter um aborto espontâneo.