O Governo Regional dos Açores divulga, há cinco anos, eventos culturais e o património da região na revista CulturAçores, com 1.200 exemplares e edição ‘online’, pretendendo agora fazê-la chegar ao público estrangeiro.
“Um dos desafios que eu gostaria de encetar e espero vir a concretizar é uma evolução para uma tradução na língua inglesa. Isso permite-nos, de facto, chegar a um público muito mais vasto, internacional, não só o público da nossa comunidade emigrante, os descendentes de segunda e terceira geração, mas do ponto de vista do tecido cultural internacional, onde a língua inglesa é de facto a ferramenta de comunicação mais comum”, adiantou, em declarações à agência Lusa, a diretora regional da Cultura dos Açores, Susana Goulart Costa.
Desde 2014 que a CulturAçores é publicada duas vezes por ano, em edição física e online, e o número 10, lançado recentemente, celebra o quinto aniversário da publicação.
“O principal objetivo era divulgar todos os eventos e tudo o que se fazia nos Açores relativamente à Cultura”, adiantou Susana Goulart Costa, admitindo que havia necessidade de partilhar com os açorianos e não só as iniciativas que eram realizadas no arquipélago.
Os conteúdos são “muito diversos” e muitos deles são assinados por técnicos da direção regional da Cultura, de museus e bibliotecas, ficando a coordenação editorial o design do projeto a cargo da jornalista Humberta Augusto.
“Nós temos uma área dedicada ao património edificado, à parte dos edifícios e da arquitetura (obras que se fez, reconstruções, requalificações de edifícios), mas também temos uma preocupação com outras áreas: o teatro, a música, a dança, um conjunto de eventos ligados à literatura, à produção de escrita, de ensaio, de poema e de outras obras…”, enumerou a diretora regional da Cultura.
Nesta 10.ª edição há, por exemplo, textos sobre os trabalhos vencedores dos prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) em 2019 e sobre o Prémio Regional de Pintura “António Dacosta” de 2018, mas também sobre as comemorações dos aniversários dos museus de Angra do Heroísmo e do Pico e sobre uma exposição do escultor micaelense Canto da Maya, no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada.
Segundo Susana Goulart Costa, a revista “tem tido muita adesão” e tem despertado interesse de investigadores e de pessoas ligadas à área da cultura, chegando a um público “mais alargado” através da sua versão digital.
“Há muita gente interessada na cultura dos Açores. Esta cultura é partilhada com todos os interessados em dois modelos. Nós temos a versão impressa, mas também temos uma versão digital, que custa seis euros. Portanto, pode ser consultada, lida e apreciada em qualquer ponto do mundo”, sustentou.
A tradução para inglês, acrescentou, poderá “abrir horizontes” e destacar os artistas e os equipamentos dos Açores “de uma forma internacional”.
“Temos uma região muito rica, uma região que, nos últimos anos, felizmente, tem mostrado uma grande maturidade cultural. Aquilo que eu noto, sobretudo, nos últimos quatro, cinco anos, é uma qualidade artística já com perfil de profissionalização”, sublinhou.
Segundo Susana Goulart Costa, a cultura nos Açores bebe das tradições mais antigas, mas também tem “formas de olhar muito contemporâneas em todas as artes”.
“Já não estamos a falar daqueles Açores cristalizados e que vão buscar a cultura às suas tradições – e isto é uma componente importantíssima, muito rica –, mas também temos toda uma geração e uma sensibilidade de artistas que estão a olhar para o presente e já também para o futuro, bebendo influências que são internacionais e que fazem aqui nos Açores o seu campo de ensaio e experiência desta prática cultural”, frisou.
A CulturAçores pretende ser um veículo para divulgar o que se faz no arquipélago junto de outras regiões ou países, reforçando o papel da cultura dos Açores como “atração turística”, mas também uma ferramenta para formar novos públicos no arquipélago.
“Nós não devemos ficar satisfeitos com o público que temos e que habitualmente é o consumidor da cultura que se oferece, mas também temos como grande projeto cativar novos públicos. Não estou só a falar dos públicos infantojuvenis, de criar desde jovens as novas gerações ligadas a uma apreciação da cultura, mas mesmo os públicos em fase adulta”, apontou a diretora regional da Cultura, salientando que esse trabalho tem de ser feito em parceria e com todos os agentes e produtores culturais dos Açores.