O problema que se arrasta há cinco anos dos resíduos do antigo complexo industrial do Cachão, em Mirandela, Trás-os-Montes, está prestes a ser solucionado com a previsão de remoção até ao final do ano, divulgaram os responsáveis.
A sociedade AIN-Agro-Industrial do Nordeste, composta pelas Câmaras de Mirandela e Vila Flor, no distrito de Bragança, assina, na segunda-feira, com a empresa Ferrovial Serviços o contrato para a remoção dos resíduos, com um custo de 265.800 euros.
O problema surgiu com dois incêndios, em 2013 e 2016, em pavilhões industriais onde a empresa Mirapapel armazenava papel e plástico prensado. A empresa alegou não ter condições financeiras para tratar dos resíduos, tendo os municípios responsáveis pelo Cachão assumido essa tarefa.
A empreitada “tem por objetivo reparar os danos ambientais, materiais e humanos resultantes desses incêndios e, ainda, eliminar o passivo ambiental através da retirada dos resíduos de plástico e seu tratamento, sendo suportada por conta de verbas provenientes de protocolo estabelecido com o Fundo Ambiental”, como explica uma nota enviada à Lusa e assinada pelo presidente do Conselho de Administração da AIN, Fernando Barros.
O serviço já foi adjudicado e a empreitada será formalizada amanhã, “devendo os trabalhos estar concluídos até final do ano”, no complexo que ganhou o nome da localidade onde está instalado, a aldeia do Cachão, no concelho de Mirandela.
A adjudicação resultou, segundo explicação do presidente, de um concurso público lançado em julho, “com publicitação internacional, ao qual se apresentaram dez concorrentes, tendo sido analisadas dez propostas”.
A polémica com os resíduos nos pavilhões do complexo arrasta-se há cinco anos, desde o primeiro de dois incêndios nos armazéns onde a empresa Mirapapel guardava material prensado e onde se mantêm os restos dos resíduos queimados a céu aberto.
A questão ganhou visibilidade depois dos dois incêndios, um em 2013 e outro em 2016, mas já era polémica anteriormente com queixas da população local e a intervenção de entidades ligadas ao ambiente e licenciamento.
A empresa dona do material chegou a ser alvo de uma coima de 38.500 euros por parte da CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte) por não ter autorização para armazenar os resíduos naquele local e não ter acatado a ordem de remoção dos mesmos.
Num processo judicial, que se prolongou durante quase quatro anos em tribunal, a sentença definitiva acabou por absolver a empresa.