As históricas toalhas de Torres Novas estão de volta (e agora são sustentáveis)
Depois de falir em 2011, a marca portuguesa fundada há 175 anos ganhou uma nova vida com uma direção mais jovem.
A25 de novembro, a histórica marca portuguesa de turcos de banho Torres Novas relançou-se. Nascida em 1845, a empresa faliu em 2011 e recebeu, em outubro de 2018, três novos pares de mãos para ajudar a reerguê-la. Agora, em plena pandemia de Covid-19, os responsáveis explicam que “nada pode impedir a vontade de criar e fazer crescer projetos orgulhosamente ‘made in Portugal’.”
Adolfo de Lima Mayer, de 82 anos, era o maior acionista e também “a alma da marca”. Nove anos depois da falência, viu o seu negócio a ser relançado pelo sobrinho-neto, Nuno Vasconcellos e Sá, de 30 anos, a sua mulher, Inês Vaz Pinto, de 28, e o amigo Miguel Castel-Branco, de 31. A Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas foi fundada a 2 de Outubro de 1845, em Torres Novas, por um grupo de comerciantes de Lisboa, desejosos de se tornarem independentes de importações.
Nos primeiros anos de existência, focou-se sobretudo na fiação de linho, juta e algodão, e também na confeccão de lonas de algodão, predominantemente para o mercado nacional. No final do século XIX era uma das maiores empresas da indústria transformadora portuguesa.
Com a aquisição da empresa em 1949 por António Medeiros e Almeida, a Companhia de Torres Novas passou por um significativo processo de modernização e promoção no estrangeiro, tendo iniciado, em 1972, o fabrico de toalhas de banho e outros artigos turcos (roupões, chinelos, etc.), passando a controlar todo o processo produtivo, de forma vertical, desde a produção de fio de algodão ao produto final.
Com uma das primeiras linhas de produção de turcos em Portugal, a Companhia de Torres Novas tornou-se rapidamente uma referência na confecção de roupa de banho. A marca Torres Novas consolidou-se como a marca portuguesa mais conhecida de toalhas, famosa pela alta qualidade de construção dos seus produtos, utilização das melhores matérias primas e pelo design das colecções Almonda, Luxus e Elegance, bem como diversos designs inovativos de fantasias e outros artigos. Assim, começou também a marcar presença nas lojas tradicionais portuguesas de segmento alto de produtos para a casa.
Com a entrada no novo milénio, a Companhia de Torres Novas começa a sofrer com concorrência estrangeira e com o desaparecimento de clientes importantes, proporcionado pela crise financeira de 2008, tendo fechado em 2011.
Em 2020, uma nova geração relança a marca “Torres Novas” com o apoio do acionista de referência e antigo Administrador da Companhia de Torres Novas, Adolfo de Lima Mayer, suportando-se em todo o legado e know-how adquirido desde a fundação da fábrica no século XIX, mantendo as características de qualidade e design que sempre caracterizaram a marca e procurando adaptar-se às necessidades do consumidor do agora. O objetivo mantém-se o mesmo: oferecer produtos de alta qualidade que atravessem gerações.
Há dois anos, os três jovens começaram a ajudar Adolfo com a gestão dos seus negócios, uma vez que sempre se manteve ligado à área dos têxteis e à hotelaria. Depois de lhes confessar a vontade de relançar a Companhia de Torres Novas, os amigos “encantaram-se pela ideia”. Inês Vaz Pinto revisitou o arquivo histórico da empresa e recuperou três linhas, todas elas desenvolvidas com algodão de alta qualidade e uma construção “irrepreensível”, que pretendem garantir conforto e durabilidade. São elas a linha Almonda, de 500 gramas por metro quadrado (à venda entre os 4,49€ e os 47,99€), criada em honra ao Rio Almonda, que atravessava a fábrica da Companhia de Torres Novas. Está disponível em quatro cores e tem uma barra recolhida em espinhado. Foi, revelam, durante muito tempo o modelo mais vendido. A esta junta-se a coleção Luxus (com preços dos 3,49€ aos 57,99€), com 550 gramas por metro quadrado, um aspeto clean e contemporâneo que se adequa “a qualquer casa de banho”. Por fim, com barras duplas recolhidas com pestanas, há as Elegance (entre os 5,99€ e os 69,99€), posicionadas no topo de gama da Torres Novas. Existem em 12 cores e pesam 650 gramas por metro quadrado.
As três linhas têm preços variados e contam com vários tamanhos de toalhas: lençóis, toalhas de rosto e toalhas de bidé. Podem ser compradas individualmente ou em conjuntos de duas peças (lençol e rosto) ou de três (lençol, rosto e bidé).
A complementar a oferta, há ainda uma linha de tapetes de casa de banho disponíveis em 12 cores, produzidos com algodão de alta qualidade, com uma gramagem de 775 gramas por metro quadrado e “confeção sólida e duradoura”. Estão disponíveis em 12 cores. Na linha Luxus, vai ainda encontrar os toalhetes para as casas de banho de visita ou para limpar a cara, em branco, bege ou preto (3,49€).
Com o renascimento da marca 175 anos depois da fundação, os responsáveis revelam que surge também um maior compromisso com o seu impacto social e ambiental. Por isso mesmo, todos os artigos são fabricados em algodão de alta qualidade, com uma fibra 100 por cento natural e biodegradável, não recorrendo a matérias-primas artificiais como o poliéster.
A Torres Novas aliou-se também à Comunidade Vida e Paz, entregando à instituição os artigos que resultam de excessos de produção ou que tenham pequenos defeitos e, desse modo, não possam ser vendidos em loja — ainda que estejam em “perfeitas condições para serem usados durante muitos anos”.