O Terminal de Cruzeiros de Lisboa foi o palco da primeira edição da Regata de Portugal. O evento trouxe a Portugal alguns dos melhores velejadores do mundo e aliou a Vela à Gastronomia, à Arte e à Música. Foram cinco dias de uma grande festa da Portugalidade num evento que pretendeu enaltecer o ‘mar de portugueses’ que levam o país além-fronteiras e foi integrado nas comemorações oficiais da implantação da República, no dia 5 de outubro.
A ideia partiu de Francisco Mello e Castro, organizador do evento, que referiu ter-se inspirado no crescimento do surf em Portugal que passou “há alguns anos, de um desporto fechado na sua comunidade, para um desporto que atrai as massas. Vamos a Peniche e vemos a prova da World Surf League cheia de pessoas, de todas as idades. Pessoas que nunca se puseram numa prancha e que se calhar nunca se irão pôr. Na vela queremos fazer um bocadinho o mesmo. A vela é um bocadinho mais difícil, porque é um desporto mais caro, mas queremos quebrar aquele conceito de que a vela é elitista e que não é para todos, pelo menos para quem a vê. Mas não vamos trazer apenas vela. Vamos trazer arte, gastronomia e DJ”s portugueses todos os dias ao final do dia que vão também entrevistar os velejadores quando saírem do mar e fazer uma ligação entre os vários talentos, os vários eixos portugueses”, referia o organizador da prova dias antes do arranque.
A Regata de Portugal é uma prova importante do World Match Racing Tour, o maior circuito profissional de vela no Mundo. A prova dividiu-se em duas partes: nos primeiros dois dias competiram as regatas de frota (todos os barcos ao mesmo tempo) e nos últimos três dias o chamado “match racing”, isto é, com corridas feitas aos pares (um barco contra o outro). Estiveram no total 8 catamarãs M32 em competição, cada um correspondente a uma marca portuguesa.
Em prova esteve o velejador português, embaixador da vela no evento, Bernardo Freitas que, antes da prova, referiu que “a realização deste evento terá um impacto muito positivo para Lisboa e, também, para o país. Ter uma disciplina como o Match Racing nas nossas águas mostrará aos Portugueses o espetáculo que é o nosso desporto e dará oportunidade aos velejadores nacionais de competir ao mais alto nível. Agregar todas estas áreas será uma explosão de cultura que, com certeza, chegará além-fronteiras!”.
Na gastronomia o destaque foi para o ‘Cais Tejo’, o restaurante da autoria do Chef Vítor Sobral, embaixador do evento. Peixe fresco e vista para o Tejo foram os elementos principais deste espaço que esteve aberto diariamente.
Mas para além deste espaço, na Aldeia dos Pescadores havia também ‘Sopa de Santola, Prego de Atum, Tártaro de Robalo e Ostras da Ria Formosa’, bem como outros espaços de restauração disponíveis e shows de live cooking com chefs nacionais de renome como Justa Nobre, Chakall, Luís Machado, Tia Cátia ou Patrícia Borges.
Para além da Gastronomia, a Arte também esteve em destaque na Regata de Portugal para quem ‘a escolha de Gonçalo Mar para a curadoria da categoria de Arte não foi por acaso. Tal como não é por acaso o nome que o artista usa para assinar as suas obras – MAR. Aos doze anos já desenhava figuras do seu imaginário, a giz, no alcatrão’. Para além do grafiter Gonçalo Mar, outros sete artistas urbanos transformaram contentores em obras de arte, designadamente Ram, nome sob o qual o artista Português Miguel Caeiro tem operado, Frederico Draw, Nomem, um dos pioneiros do grafiti em Portugal, Gustavo Teixeira, também conhecido por Mesk, Tamara Alves, The caver e Third.
O embaixador da música, Deejay Kamala, os Moullinex, os Beatbombers, o Dj Overule, ou o Dj André Henriques protagonizaram a animação nos sunsets com muita dança ao som dos seus Dj Sets, num cenário único com o Tejo como paisagem.
Alta velocidade na estreia do World Match Racing Tour em Lisboa
O primeiro dia da Regata de Portugal trouxe ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa muita emoção e alta velocidade no primeiro dia da fase de qualificação do World Match Racing Tour a ser disputado pelas 12 tripulações em regata de frota (os catamarãs a navegar em simultâneo).
Em competição estiveram alguns dos melhores velejadores do mundo, como o britânico Ian Williams, seis vezes campeão do mundo, e o australiano Torvar Mirsky, vencedor do World Match Racing Tour em 2017.
Por esta altura havia duas equipas de velejadores portugueses em prova, a Team Portugal (Skipper Hugo Rocha, Mariana Lobato, António Fontes, Jorge Lima e Hélder Basílio) e a Adamastor Racing (Skipper Bernardo Freitas, Frederico Melo, Gil Conde e João Matos Rosa). António Fontes à semelhança de Bernardo Freitas e Frederico Melo foram os velejadores nacionais mais experientes uma vez que competiram na última edição da Volvo Ocean Race.
Presidente da República deu o tiro da partida da Regata de Portugal
Depois da cerimónia oficial comemorativa da implantação da República a 5 de outubro de 1910, nos Paços do Concelho, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se para uma visita oficial ao Navio Escola Sagres onde deu o tiro de largada da Regata de Portugal, dando assim início à fase de eliminatórias Match Racing.
Também estiveram presentes a bordo o vice-presidente da Assembleia da República, José de Matos Correia, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, a vereadora em Lisboa e presidente do CDS-PP, Assunção Cristas e o deputado bloquista José Manuel Pureza, entre outras personalidades.
Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas a bordo do Navio Escola Sagres e defendeu que Portugal tem de ter formação básica marítima e oceânica, “acho que neste país, o país do mar é inaceitável haver crianças, jovens e mais velhos que não saibam nadar. É cada vez mais difícil compreender que não haja gente a saber navegar. Outros países oceânicos, como a Noruega, têm isso na sua formação básica. Temos de chegar lá”, afirmou o Presidente da República.
Acerca da Regata de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa referiu ser “um bom exemplo do 5 de outubro. Nós conseguimos fazer muitas vezes o impossível. Temos de trabalhar um pouco mais, estar atentos, mais criativos. Fazemos o impossível. Isto é português, é Portugal. É bom que seja Portugal para os mais novos. Virado para o futuro”.
A Regata Portugal em vela, no Rio Tejo, junto ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa, é a etapa que antecede a final, o Match Racing World Championship, em Shenzhen, na China, entre os dias 08 e 12 de novembro.
Português Bernardo Freitas termina no pódio
O velejador português ganhou a última regata do evento o que lhe permitiu ficar em terceiro na primeira edição da Regata de Portugal. No último dia de competição no Terminal de Cruzeiros, em Lisboa, disputaram-se as últimas três regatas.
Na derradeira, a nona, Bernardo Freitas teve a partida que tanto esperava e não deu hipóteses à concorrência. “A nossa estratégia foi na largada entrar o menos possível em confronto direto com os adversários e deixar que cometessem erros. Fizemos as largadas todas iguais e esta foi mesmo ao toque, com boa velocidade, controlámos até o fim e vencemos”, explicou. Antes da regata decisiva, dois pontos separavam a equipa de Bernardo Freitas do pódio. O timing perfeito no arranque foi decisivo: “Estou super contente com o trabalho da equipa. Espero estar cá para o ano.”
Hugo Rocha, que liderou a Team Portugal, terminou na sexta posição, com 46 pontos.
Suecos da Essiq Racing vencem World Match Racing Tour
A equipa sueca Essiq Racing, liderada por Nicklas Dackhammar, venceu a prova principal de vela da World Match Racing Tour.
Dackhammar elogiou ainda a organização e a cidade de Lisboa. “Quero voltar, especialmente agora que queremos defender medalha de ouro. Tem sido uma semana maravilhosa. O evento é muito bom, talvez um dos melhores em que estive este ano. Velejar aqui não é fácil, há muita corrente o que dificulta velejar todo o dia. Mas talvez começando mais cedo podemos aproveitar melhor o dia, mas foi um evento soberbo”, sugeriu. “A hospitalidade e as pessoas, foi tudo bom”, acrescentou, recordando como ficou hospedado em Alfama e, sem surpresa, adorou.
A final foi disputada com os ingleses Gac Pindar, comandados por Ian Williams, enquanto, na disputa do terceiro lugar, a australiana Donwn Under Racing de Harry Price bateu a francesa Spindrift Racing de Yann Guichard.
Na Regata de Portugal, uma das quatro provas no rio Tejo, triunfo para o Lusitania, velejado pela formação da Spindrift Racing, seguido do Gelpeixe comandado pelo Gac Pindar, com o barco português Adamastor Racing, de Bernardo Freitas, a completar o pódio.
“O balanço é bastante positivo. O feedback das marcas e das equipas de velejadores é muito bom, inclusive das portuguesas. Agora, vamos começar a trabalhar na próxima edição para garantir que a emoção da vela e o entretenimento que este evento oferece chega, novamente, a todos os portugueses”, disse Francisco Mello e Castro, diretor da Regata de Portugal.
A World Match Racing Tour é uma das mais importantes competições internacionais de vela, nas quais competem alguns dos catamarãs mais velozes e ágeis do mundo, construídos com tecnologia de ponta, que lhes permite atingir uma velocidade única em mar.
Lisboa volta a receber a World Match Racing Tour em 2019.