Uma investigação desenvolvida de Coimbra está a testar uma solução para o reaproveitamento do soro que resulta do fabrico do queijo. O projeto foi um dos comtemplados com uma bolsa do programa Inov C 2020.
O soro que resulta do fabrico do queijo é o principal excedente da indústria queijeira e contribui para diversos problemas de impacto ambiental, explica uma nota do INOV C 2020 enviada ao ‘Mundo Português’.
O projeto desenvolvido na Universidade de Coimbra centra-se no fabrico de bebidas fermentados à base de concentrados de soro com o intuito de reaproveitar e valorizar este subproduto, fechando assim o ciclo de produção.
A equipa de investigação é composta por investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, alguns dos quais ligados à área de Segurança Alimentar, bem como investigadores da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra.
O projeto propõe a utilização industrial de uma tecnologia já existente, o processo de ultrafiltração e osmose inversa. “O objetivo da equipa de investigação é melhorar esta tecnologia para tratamento do soro, de forma a aplicá-la na indústria queijeira sem que esta tenha a necessidade de se readaptar, pois já possui os instrumentos necessários”, refere a nota.
Ao valorizar o soro de queijo numa matéria-prima, “será possível utilizá-lo no fabrico de outros produtos nutricionais, a custos mais reduzidos”, acrescenta.
Bebidas energéticas a partir do soro
O total aproveitamento do soro tem ainda outro benefício: evita que este se transforme num poluente da indústria queijeira, “evitando consequências ambientais como o seu despejo em águas e solos, que conduzem à eutrofização (desenvolvimento de camadas espessas de algas nas águas, comprometendo a fauna) e à biomagnificação (transferência de poluentes ao longo da cadeia alimentar)”, destaca aidna a nota do Inov C 2020.
Daniela Costa, investigadora e porta-voz do projeto, explica que a tecnologia que estão a desenvolver “permite a transformação imediata do soro em bebidas proteicas ou energéticas, sendo de fácil aplicação para as pequenas e médias empresas, que ao nível nacional são responsáveis por metade do volume excedentário de soro”.
“Ao contrário das grandes unidades industriais no sector de laticínios, são estas empresas que mais se debatem com o problema de eliminação do soro. Adicionalmente, estamos a ir ao encontro das recomendações da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, em português) para a redução da pegada ecológica na indústria alimentar”, explica.
Esta investigação foi um dos 15 projetos contemplados com uma Bolsas de Ignição financiados pelo Inov C 2020, um programa suportado por fundos do FEDER que pretende alavancar ideias de empreendedorismo e inovação na região Centro.
As ‘Bolsas de Ignição’ do programa foram atribuídas em julho de 2018 e contemplaram projetos de investigação com aplicabilidade comercial.
As 15 bolsas representam um investimento total de 150 mil euros, com um financiamento FEDER máximo de 8.500 euros por cada bolsa.
Ana Grácio Pinto