Quem utiliza a estrada Nacional 110 entre Tomar e Coimbra, encontra no seu percurso a vila de Penela, que cresceu em torno do seu castelo e que conta com cerca de 3 300 habitantes. Situa-se cerca de 20 km a sul da capital do distrito, Coimbra.
É sede de um município com 132,49 km² de área e 5 983 habitantes (2011) , subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Miranda do Corvo, a leste por Figueiró dos Vinhos, a sudoeste por Ansião, a oeste por Soure e a noroeste por Condeixa-a-Nova.
Visitámos este castelo, onde todos os anos pela época Natalícia, acontece a magia do Penela Presépio inspirado, uma vez mais, em momentos, locais e personagens que recriam quadros representativos do presépio tradicional português.
Se o Penela Presépio já recebe cerca de 50 mil visitantes e gerar um volume de negócios na economia local próximo do meio milhão de euros, o castelo ao longo do ano, tirando um ou outro evento, merecia mais visitas e ser mais dinamizado, com lojinhas de produtos locais, já que a sua magia, aliado ás vistas magníficas, quem sabe se não podia ser um exemplo, como Óbidos, pois a vila de Penela, bem cuidada e alinhada, como o se casario e excelentes restaurantes, é um “fortaleza” nestas terras de Sicó e um oferta complementar a Coimbra, e quer Montemor o Velho, Gemanelo a aldeia com um castelo, Lousã, com o seu castelo, podiam vir a ser um triângulo de viagens pela história.
Penela, vila que se desenvolveu à volta do seu castelo medieval, que teve papel importante na defesa da linha do Mondego no tempo da reconquista, merece uma visita
O Castelo de Penela, começou a ser construído no século XI, mas a parte que hoje se vê é já dos séculos XIV e XV.
O outeiro de onde avista a A 23 que liga Coimbra ao Entroncamento
A ocupação militar deste outeiro é muito antiga, remontando pelo menos aos Romanos, que daqui vigiavam a estrada Mérida-Conímbriga-Braga. Invadida pelos Árabes em 716, foi depois retomada no séc. XI pelo Conde D. Sesnando, primeiro governador de Coimbra. O conde mandou erigir no local da alcáçova um forte castelo, que repovoou, nascendo assim um burgo cristão sob a protecção das muralhas ameiadas. Deste povoamento subsistem as sepulturas escavadas na rocha de desenho antropomórfico.
O castelo de Penela é uma fortaleza medieval de planta irregular e recorte sinuoso, alongada no sentido Norte-Sul aproveitando o escarpado natural, pelo que os panos de muralha têm altura que varia entre 7 e 19 metros. Pertencia à linha defensiva do Mondego na época da Reconquista cristã, seguindo-se ao castelo de Montemor-o-Velho em ordem de grandeza. Na cerca de muralhas, que envolvia a vila medieval com suas casas, ruas e igreja, rasgam-se as duas portas existentes. A Porta da Vila ou do Cruzeiro (séc. XV), de arco pleno, no exterior da qual, em tempo de paz, se começou a estender o arrabalde, e a Porta da Traição para acesso aos campos. A brecha das desaparecidas constitui hoje a entrada mais franca na fortaleza aqui se abria a terceira porta, virada a sul, guardada pela torre quinária, e que ligava o arrabalde mais directamente à igreja. Nas zonas mais expostas foram levantadas as torres que permitiam a defesa cruzada das quadrilhas (pano de muralha entre as torres) e das portas. Das doze torres que existiram até ao séc. XVIII subsistem algumas com formas arredondadas e quadrangulares, para além da quinária.
A torre de menagem, hoje desaparecida, datava de 1300 e erguia-se no castelejo, núcleo defensivo primitivo, que foi reedificado no séc. XV-XVI
As lutas contra os Mouros e a passagem dos séculos tomou necessária a sucessiva ampliação e restauro do castelo, prolongando a sua (re)construção dos sécs. XI ao XVI por iniciativa de vários reis, designadamente, D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Dinis, D. Fernando.
A perda da importância defensiva deste castelo levou a que a sua manutenção fosse descurada e que a população começasse a utilizar as pedras noutras construções, ficando esta fortaleza cada vez mais danificada. Foi restaurada nos anos de 1940 as muralhas e as ameias caldas foram refeitas segundo o ainda existente, e desmanteladas as casas entretanto encostadas às muralhas.
A torre sineira de construção setecentista foi apeada.
A partir de 1992, e já a cargo do IPPAR procedeu-se à pavimentação dos acessos e da circulação interior do castelo, à limpeza, recuperação e consolidação das muralhas, à beneficiação do caminho de ronda com a colocação de passadiços que permitem o percurso pedonal na quase totalidade do perímetro.
A ocupação desta fortaleza resume-se hoje à igreja e à casa paroquial.
O castelo é Monumento Nacional desde 1910.
No interior do castelo, encontra a Igreja de São Miguel – é a Igreja matriz de Penela – anterior ao século XII, já que a mais antiga referência é o foral de 1137.
ANTÓNIO FREITAS