Chegaram ao fim os trabalhos de reabilitação na Igreja e no Claustro do Palácio de São Marcos, promovidos pela Universidade de Coimbra (UC) e que demoraram um ano a realizar-se.
As obras neste Monumento Nacional que está afeto à UC tiveram um custo de cerca de 400 mil euros, financiado em 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Regional do Centro (CENTRO2020).
Situada na Quinta de São Marcos em São Silvestre, a cerca de 15 quilómetros de Coimbra, a igreja é “um exemplar excecional da estatutária e tumulária renascentista”, mas precisava de obras profundas para reverter o estado de degradação progressiva em que se encontrava, destaca uma nota divulgada pela UC.
Os trabalhos foram realizados entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019 e “incidiram particularmente na recuperação, reabilitação e limpeza de coberturas e fachadas, caixilharias e superfícies escultóricas (em pedra calcária de Ançã) da igreja – incluindo nave, capela-mor, sala do capítulo e a Capela dos Reis Magos (que lhe é anexa)”, explica a UC na mesma nota.
“Todas estas ações assentaram no princípio da intervenção mínima e na preservação da autenticidade quer de materiais quer dos métodos construtivos tradicionais”, sublinha Fernando Marques, responsável pela assessoria técnica das obras e um dos autores do projeto, com César Cerqueira, Vítor Murtinho e a colaboração de Sónia Filipe (arqueologia) e Lurdes Craveiro (história de arte).
O engenheiro civil, especializado em conservação e restauro arquitetónico, realça o facto de os trabalhos terem permitido a recuperação de um antigo artifício gnomónico (abertura para entrada de luz) no sacrário do altar-mor, que até aqui era desconhecido (encontrava-se entaipado) para a maior parte das pessoas.
Para além da igreja, também o Palácio de São Marcos e as suas áreas envolventes tiveram alguns trabalhos de recuperação e reabilitação, que visaram cobertura, fachadas, alpendre, muros e pavimentos de acesso.

O Palácio de São Marcos foi construído em meados do século XX sobre as ruínas de um mosteiro quatrocentista
Uma igreja do século XV
No ano de 1441, João Gomes da Silva instituiu a missa quotidiana na capela primitiva dedicada a São Marcos. Passados dez anos foi erguido, no local da ermida, o mosteiro do mesmo orago por doação de D. Brites de Menezes aos frades hieronimitas.
A Igreja tem um portal manuelino com forte decoração naturalista. Na capela-mor destaca-se a abóbada, o retábulo renascentista do altar-mor em pedra policromada e o acervo de túmulos, entre os quais se encontra o da fundadora, D. Brites de Menezes.
O Palácio de São Marcos foi construído em meados do século XX sobre as ruínas de um mosteiro quatrocentista pertencente à Ordem de S. Jerónimo. A quando da extinção das ordens religiosas em 1834, o mosteiro tornou-se posse de particulares. A falta de manutenção agravada por um grave incêndio que teve lugar em 1860, votou o espaço a um estado de ruína quase total, do qual se salvaram apenas a igreja monástica e a casa da botica.