O Palácio da Pena, em Sintra, passa a exibir o mobiliário original da Sala de Fumo, datado de 1866, anunciou a Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), que tutela o monumento nacional.
O mobiliário da sala de fumo do palácio foi adquirido por Fernando II à empresa lisboeta Barbosa e Costa, e retirado em 1939. Fernando II, marido da rainha Maria II, mandou erigir este palácio, sob a traça de Wilhelm Ludwig von Eschweg, por volta de 1840.
“Os visitantes podem (agora) tomar contacto com o aspeto que esta divisão apresentava no tempo de D. Fernando II”, informa a PSLM, acrescentando que o percurso expositivo do palácio reconstitui, “na sala de Jantar e na Copa a vivência palaciana do reinado de D. Carlos”, o neto Fernando II que reinou de 1889 a 1908.
Nesta sala destaca-se a mesa, que “exibe a configuração e os objetos utilizados nesse período”, segundo a mesma fonte.
Os aposentos utilizados pelo rei Carlos – gabinete, quarto de cama e casa de banho – passaram também por um restauro integral e as suas peças estão organizadas de acordo com a disposição que existia na fase final da monarquia.
Foi agora restaurado e apresentado num “novo arranjo museográfico (que) permite compreender e imaginar o modo como esta dependência, decorada com base nos conceitos de simetria, beleza, informalidade, conforto e funcionalidade” da época.
A Sala de Fumo “é profundamente representativa do gosto decorativo empregue por D. Fernando II no Palácio da Pena, durante a década de 1860”.
Na Sala de Jantar e na Copa, o trabalho de reconstituição histórica “foca-se no aspeto destes compartimentos durante o reinado de D. Carlos” e da presença de sua mulher Amélia, que habitou o palácio entre 1890 e 1910.
Uma mesa preparada para o serviço ‘à russa’
O serviço de porcelana em exposição, “personalizado com a coroa real, foi encomendado em Limoges (Haviland), durante este reinado”, e os copos em cristal Baccarat são do mesmo período.
“A mesa está preparada para o serviço ‘à russa’, em que os pratos eram preparados nas mesas de apoio e servidos individualmente a cada conviva, representando os hábitos daquela época. Neste tipo de serviço, era habitual a apresentação de um menu informando a sucessão de pratos”, refere o PSML.
A mesa foi disposta com a reprodução do menu da ceia, servida em 20 de julho de 1900.
Os trabalhos de restauro levados a cabo nos aposentos do rei Carlos, compreenderam os revestimentos de parede, os tetos e os pavimentos, e também “todas peças de arte e de mobiliário, tendo ficado concluída com a reconstituição dos estofos e das cortinas”.
No gabinete do rei, as peças foram dispostas “de acordo com as informações recolhidas nos inventários históricos do Palácio, e conforme é possível observar em fotografias do período da monarquia”.
O quarto de cama “evoca o aparato de um aposento de dormir, real, e exibe diversas peças” que pertenciam às coleções possuídas por Carlos de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.
“Neste espaço, foram também colocadas duas telas e um pastel da autoria do monarca que, a par das telas inacabadas do gabinete, são representativas da sua obra pictórica”.
Estas intervenções representaram um investimento de cerca de 178 mil euros e incluíram, igualmente a “revisão geral das redes de infraestruturas, para garantir as melhores condições de segurança e de conservação do património”, declara a PSML.