Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o desemprego deverá aumentar em cerca de 2,5 milhões em 2020, atingindo mais de 200 milhões de pessoas em idade produtiva.
O relatório alerta ainda que não estão a ser criados empregos suficientes para acompanhar o crescimento global da população e a desigualdade de rendimentos é maior do que se estimava.
E quase meio bilião de pessoas trabalham menos horas do que gostariam ou não têm acesso a um trabalho remunerado
Os dados são do Panorama Mundial de Emprego e Sociedade, da OIT, e foram reunidos numm relatório divulgado em Genebra, na Suíça.
“Os níveis globais de desemprego têm-se mantido estáveis nos últimos nove anos, mas a desaceleração do crescimento económico começa a mostrar efeitos. À medida que a força de trabalho cresce, os novos empregos não são suficientes para absorver todos (os trabalhadores”, refere um artigo sobre o relatório divulgado pela ‘ONU News’.
Em 2019, 165 milhões de pessoas não trabalhavam a tempo integral e outros 120 milhões tinham desistido de procurar emprego ou pura e sinplesmente não tinham acesso ao mercado de trabalho.
No total, mais de 470 milhões de pessoas no globo gostariam de poder trabalhar mais. Em declarações aos jornalistas durante o lançamento do relatório, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que “essa é a força de trabalho em potencial” .
Mais desigualdade nos países em desenvolvimento
Segundo o responsável, o mundo tem “um grande problema de criação de oportunidades de trabalho decente”, sendo “cada vez mais difícil para milhões de pessoas construírem uma vida melhor através do trabalho”
A partir dos dados e estimativas, o relatório indica ainda que a desigualdade de renda é maior do que se pensava, especialmente nos países em desenvolvimento.
A OIT estima que a pobreza moderada ou extrema entre pessoas que trabalham aumente em 2020 e 2021, nos países em desenvolvimento, o que deverá ajudar a tornar mais difícil alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 1: a erradicação da pobreza até 2030.
A ONU define como tendo ‘pobreza no trabalho’ as pessoas que ganhem menos de 3,20 dólares por dia (2,89 euros, ao câmbio atual).
Com esta classificação estão mais de 630 milhões de trabalhadores, ou 20% das pessoas em idade ativa. Para o diretor-geral da OIT, “os jovens enfrentam desafios específicos do mercado de trabalho”.
Segundo o relatório, 22% dos jovens, 267 milhões, não estão empregados, a estudar ou a receber formação. “Este é um dos maiores dramas sociais do nosso tempo”, lamenta o diretor-geral da OIT.
Quanto às mulheres, em 2019 a participação na força de trabalho feminina foi de apenas 47%, ou seja, 27 pontos abaixo da taxa masculina. Para Guy Ryder, “o género é obviamente um grande aspecto de desigualdade”.