Através de um simples eletrocardiograma (ECG), investigadores da Universidade de Aveiro conseguem descobrir não só a quem pertence o respetivo coração como ainda as emoções sentidas durante o registo.
A revelação é de uma equipa cientistas da Universidade de Aveiro (UA) cujo trabalho pretende dar um importante auxílio no diagnóstico e tratamento de distúrbios mentais, como refere a UA numa nota de imprensa.
O estudo promete ainda dar uma ajuda nas perícias criminais na hora de interrogar suspeitos e testemunhas.
“O ECG é o sinal elétrico emitido pelo nosso coração. Este sinal contém informação muito variada, desde a informação clínica consultada pelo médico para inferir o estado do nosso coração, até informação individual, como é o caso dos padrões de resposta a estímulos emocionais”, explica Susana Brás, do Instituto de Engenharia Electrónica e Informática de Aveiro (IEETA) da UA e coordenadora do trabalho.
A investigadora diz que “os registos de ECG de diferentes pessoas contêm informação semelhante, sendo essa informação a que é analisada e extraída pelo médico, de forma a avaliar a nossa condição de saúde”.
Contudo, “o nosso coração é único e, por conseguinte, tem informação individual, imprimindo uma chave unívoca no ECG e permitindo, desse modo, que a pessoa seja identificada”, revela.
No que às emoções diz respeito, “estas desempenham uma importante função de coordenação com o nosso meio ambiente, mobilizando o organismo para um conjunto de ações sincronizadas que visam promover funções adaptativas como fugir de uma situação de perigo, no caso da emoção de medo”.
Entre estas ações, destacam-se as biológicas que, entre outras manifestações, “se refletem no traçado do ECG, o que permite então a identificação da emoção experienciada pela pessoa”, desvenda Susana Brás.
O trabalho da UA apresenta pela primeira vez um método capaz de identificar ambas as situações, a pessoa e a sua emoção, ao mesmo tempo.
Como se processa?
“O método usado neste trabalho compara registos, isto é, tendo uma base de dados com vários registos, quando recebe um novo registo de ECG compara-o com os que conhece da base de dados. A identificação da pessoa e da emoção tem como base a maior medida de semelhança”, explica a investigadora.
Sabendo que o ECG é um sinal rico em informação sobre a pessoa e sobre o que está a sentir, este poderá ser usado na adaptação de sistemas, tais como casas, aplicações de software ou pontos de acesso.
Esta informação poderá ainda ser usada em perícias criminais, para avaliar, por exemplo, o estado emocional de testemunhas e suspeitos, assim como auxiliar no diagnóstico e avaliação da eficácia da terapêutica na intervenção psicológica.
Assinado também por Jacqueline Ferreira, Sandra Soares e Armando Pinho, a investigação correspondendo a um de vários trabalhos interdisciplinares, nesta universidade, entre a Engenharia Informática e a Psicologia na área da Computação Afetiva.
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