O Município de Vila de Rei está a desenvolver uma campanha de sensibilização junto das crianças e jovens do concelho, bem como para os seus pais, para que, face à conjuntura atual causada pela pandemia da Covid-19, não cumpram a habitual tradição de ‘Pedir os Bolinhos’.
Estão a ser distribuídos folhetos informativos junto da Comunidade Escolar a apelar para que a tradição não se realize em 2020, evitando a criação de aglomerações, o contacto entre um grande número de pessoas e para que se cumpra o maior distanciamento possível.
A tradição de ‘Pedir os Bolinhos’ ou do ‘Pão por Deus’ realiza-se na manhã de 1 de novembro, em que grupos de crianças percorrem várias ruas, de porta em porta, recebendo doces em todas as habitações.
Neste ano, e para segurança de todos, o Município apela para que não se realize.
O pedir “Bolinhos em louvor de todos os santinhos” ou de “Pão por Deus”, que grupos de crianças iam fazendo, de porta em porta, na manhã do dia de Todos os Santos (1 de Novembro), ouve-se cada vez menos. E quando alguma porta se abre, ao invés das tradicionais broas de azeite e erva doce, maçãs, romãs e frutos secos, quem acede ao pedido dá rebuçados, gomas, chupa-chupas, chocolates e em alguns casos dinheiro.
Se aquela tradição está a desaparecer, a tradição de comer broas nesta altura não está e as pastelarias continuam a fabricá-las.
Uma tradição que começou com o terramoto de 1 de Novembro de 1755
A tradição de pedir o “Pão por Deus” terá começado em Lisboa, em 1756, um ano depois do terramoto que destruiu a cidade, que provocou milhares de mortos. A maioria da população, que já era pobre, ficou ainda mais pobre e como o terramoto aconteceu no Dia de Todos os Santos essa data era aproveitada para desencadear, por toda a cidade, um peditório. As pessoas percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão. Foi já nas décadas de 60 e 70 do século XX, que a data passou a ser comemorada, de forma mais lúdica do que pelas razões que criaram a tradição, passando a ser conhecida em muitas regiões como o “Dia do Bolinho”. A partir dos anos 80 a tradição começou gradualmente a desaparecer e actualmente, raras são as terras onde ela se mantém.