Nem só de momentos altos é contada a História de Portugal, pois os momentos humilhantes também existiram.
Num país de grandes feitos e grandes conquistas, existiram também vários momentos dos quais não nos orgulhamos. Desde a batalha de Alcácer Quibir, passando pela Dinastia Filipina, o ultimato inglês e o chamado mapa cor-de-rosa, temos alguns exemplos humilhantes. Tudo isto durante pouco mais de cinco séculos de História do Reino de Portugal.
Ao longo dos anos fomos aprendendo nas aulas e até em certos livros os grandes feitos dos portugueses e dos quais nos orgulhamos. No entanto, a História de Portugal nem sempre foi de momentos altos. E aqui damos a conhecer alguns desses momentos.
Na obra de Luís Costa e Sousa, intitulada “Alcácer Quibir 1578 – Visão ou delírio de um rei?”, encontramos a batalha de Alcácer Quibir como um dos momentos mais humilhantes de Portugal.
Esta batalha foi comandada por um rei jovem e inexperiente, Dom Sebastião, que, com a sua política desastrosa e imprudente, levaria o reino português à sua ruína. Isto sem falar na morte em batalha do jovem rei, apesar da contradição de relatos recentes que provam que o rei fugiu para Itália em vez de voltar ao seu país arruinado. Após esta perda de soberania o país passa pela crise de sucessão e poucos anos depois dá-se início à Dinastia Filipina que em nada ajudou o país mas, pelo contrário, o afundou ainda mais.
Anos mais tarde, já no século XIX, eis que surgem os problemas com o chamado mapa cor-de-Rosa no Império Africano. Este mapa ligava Angola a Moçambique e todos os territórios entre essas duas colónias eram administrados por Portugal. Na obra de José Medeiros Ferreira, “Não há Mapa Cor-de-Rosa: A história maldita da integração europeia” podemos ler sobre o ultimato inglês.
Resumidamente, os ingleses pretendiam construir a ligação ferroviária entre África do Sul e o Egipto, tendo para isso que passar em território administrado por Portugal. Esta questão levou a que em 1890 Portugal recebesse um ultimato por parte do Governo da rainha Vitória. Este ultimato referia que ou Portugal esquecia o seu “mapa cor-de-rosa” ou a Inglaterra avançaria com os seus soldados sobre Portugal. Apesar dos esforços do Rei Dom Carlos para evitar a perda do seu “mapa”, a Inglaterra acabaria por vencer. Crê-se ter sido aqui que as revoltas republicanas contra a monarquia, que viriam a terminar 20 anos depois com o fim da monarquia em Portugal, passaram a ter um maior relevo e a serem constantes.
No entanto, eis que África volta a ser cenário de derrota para Portugal, pois durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), no Norte de África, viriam a morrer centenas de soldados portugueses, sendo esta a maior derrota portuguesa desde Alcácer Quibir.
Estes são alguns exemplos de momentos tristes e humilhantes que Portugal passou, pois ao contrário do que vem nos manuais de História, Portugal não foi apenas um país de conquistadores, foi também um país de conquistados.