A Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) revela que o mau tempo do fim de semana causou “muitos prejuízos” em vinhas da região, mas sublinhou que “ainda é cedo” para avaliar as consequências para a produção.
O presidente da CVRBI, Rodolfo Queirós, disse à agência Lusa que “os principais focos de preocupação” estão no Fundão, junto à Serra da Gardunha, onde houve “muitos prejuízos” causados pelo granizo, e também na zona da Covilhã.
O autarca da Covilhã disse querer que o Governo aprove apoios diretos para os agricultores, depois do mau tempo de domingo, que provocou “prejuízos muito elevados” e uma situação de “calamidade” nas produções do concelho, nomeadamente no pêssego.
“É um cenário de calamidade e uma situação muito preocupante. Num momento de pandemia e de recessão económica, acresce agora esta intempérie extrema que veio arruinar os campos e dar a machada final àquela que é uma fonte de rendimento muito significativa no concelho”, frisou Vítor Pereira.
No concelho de Belmonte, segundo o presidente da CVRBI, “ventos muito fortes” causaram também “muitos prejuízos” em algumas produções de vinha.
Na zona mais a norte da área da CVRBI, no distrito da Guarda, nomeadamente em Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Franca das Naves (Trancoso), há alguns estragos de granizo, mas “mais localizados”, disse.
Rodolfo Queirós adiantou que existem também alguns relatos que dão conta de danos, por granizo, em zonas próximas da vila de Almeida e em áreas situadas entre Vila Franca das Naves e Mêda.
Devido ao mau tempo, o responsável admite que alguns produtores possam ter “prejuízos avultados”.
As previsões da CVRBI para este ano apontavam para uma produção “mais ou menos semelhante à do ano anterior, ou seja, um ano absolutamente normal”, mas, devido à intempérie, vaticina que alguns produtores das zonas de Belmonte, Fundão e Covilhã possam “ter comprometido alguma parte da sua produção” de vinho.
O responsável lembrou ainda que “grande parte” dos associados da Adega Cooperativa do Fundão têm seguros de colheitas que poderão cobrir alguns prejuízos e outros produtores particulares “também têm seguros de colheita associados que poderão minimizar os prejuízos em termos de produção”.
Os associados das áreas mais afetadas pelo mau tempo estão preocupados com a situação e estarão a “tentar pedir algum tipo de apoio que possa minimizar esses estragos”, referiu.
A CVRBI, que tem sede na cidade da Guarda, abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, onde possui mais de 60 associados, sendo quatro adegas cooperativas.
Na área abrangida pela CVRBI existem cerca de 16 mil hectares de vinhas e uma grande variedade de castas, destacando-se as brancas Síria, Arinto e Fonte Cal e as tintas Tinta Roriz, Rufete, Touriga Nacional, Trincadeira e Jaen.