Julian Assange foi detido pela polícia britânica na manhã desta quinta-feira na embaixada equatoriana, onde tinha estado asilado durante quase sete anos. Após a sua detenção, o fundador do WikiLeaks foi presente a tribunal em Londres e considerado culpado pela justiça britânica de infringir as condições da liberdade condicional em 2012. As autoridades norte-americanas acusaram Assange de ter conspirado para piratear informação norte-americana classificada. Na quinta-feira, os Estados Unidos emitiram um pedido de extradição relacionado com as atividades de Assange com a antiga analista do Exército, Chelsea Manning, que foi condenada em 2013 por ter divulgado documentos secretos para o WikiLeaks.
Esta quinta-feira, o Equador revogou o seu asilo político, com o presidente equatoriano Lenín Moreno a explicar que a paciência do país “atingiu o limite”.
A 2 de maio vai ser presente a tribunal via vídeo para responder pelo pedido de extradição dos Estados Unidos.
Como tudo se passou ao longo destes sete anos
Agosto de 2010 – O Ministério Público sueco emite um mandado de detenção para Julian Assange, por duas alegações em separado – uma por violação e outra por abuso sexual. Assange refere tratarem-se de alegações “sem fundamento”.
Dezembro de 2010 – Assange é detido em Londres e sai em liberdade após pagamento de fiança.
Maio de 2012 – O Supremo Tribunal do Reino Unido decide que deverá ser extraditado para a Suécia para ser submetido a interrogatório na investigação sobre as alegações de violação e abuso sexual.
Junho de 2012 – Assange entra na embaixada do Equador em Londres
Agosto de 2012 – O Equador garante asilo a Assange, justificando a decisão com o receio de que os seus direitos humanos fossem violados caso fosse extraditado.
Agosto de 2015 – Os procuradores suecos arquivam a investigação às alegações de abuso sexual, porque passou o prazo para o poderem interrogar. No entanto este ainda enfrenta a acusação de violação.
Outubro de 2015 – A Polícia Metropolitana anuncia que os agentes já não vão continuar a ficar à porta da embaixada.
Fevereiro de 2016 – Um painel das Nações Unidas decide que Julian Assange foi “detido arbitrariamente” pelo Reino Unido e pelas autoridades suecas desde 2010.
Maio 2017 – A Suécia anuncia que a acusação de violação feita sobre o fundador do WikiLeaks vai ser arquivada.
Julho de 2018 – O Reino Unido e o Equador confirmam que estão a decorrer conversações sobre o destino de Assange.
Outubro de 2018 – São criadas regras de convivência doméstica para Assange cumprir enquanto viver na embaixada. Começam a vir a público os primeiros sintomas de que a relação entre o asilado e a embaixada já não é saudável.
O australiano revela que irá lançar ações legais contra o governo equatoriano, acusado de violar os seus “direitos e liberdades fundamentais”.
Dezembro de 2018 – O advogado de Assange rejeita o acordo anunciado pelo presidente equatoriano para que este saia da embaixada.
Fevereiro de 2019 – A Austrália garante um novo passaporte ao fundador do WikiLeaks por receio de que o Equador poderá deixar de lhe dar asilo.
Abril de 2019 – A Polícia Metropolitana detém Assange dentro da embaixada – a ‘convite’ do embaixador – por cumprimento de um mandado judicial, emitido em 2012 quando este não apareceu em tribunal. O seu estatuto de asilado é dado por terminado.
Maio de 2019 – A 2 de maio será presente a tribunal via vídeo para responder pelo pedido de extradição dos Estados Unidos.