Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) desenvolveram uma carteira móvel, a Keyruptive, que permite guardar moedas digitais de forma “mais segura e conveniente”.
Em entrevista à agência Lusa, Francisco Maia, investigador do INESC TEC e um dos fundadores da Keyruptive, contou que a ideia de desenvolver uma carteira móvel partiu da “necessidade” de tornar o armazenamento das chaves que permitem a transação das moedas digitais mais “seguro”.
“A dada altura, ao olhar para o mundo da moeda digital vimos que existia um problema fundamental de todo o sistema”, apontou o investigador, acrescentando que, apesar de o utilizador ser o único “a ter acesso e controlo total sobre os seus fundos”, a responsabilidade que acarreta “é enorme”.
“Há muitas pessoas que perdem a chave, ora, perder a chave é perder os fundos porque não há hipótese nenhuma de a recuperar. Esta chave, que é uma grande sequência de números e letras, representa todos os fundos e é uma enorme responsabilidade tê-la”, referiu.
Segundo Francisco Maia, a Keyruptive, que está a ser desenvolvida há cerca de um ano, é uma aplicação móvel que, através de um algoritmo matemático, “transforma” a chave original em “múltiplos pedaços de informação”.
“Nesta aplicação móvel, a chave nunca é guardada num único sítio ao mesmo tempo, ou seja, não está guardada no telemóvel, nem em nenhuma plataforma individual”, esclareceu o investigador, adiantando que a carteira móvel permite guardar os “pedaços de informação” em serviços de armazenamento já existentes como o dropbox e o googledrive.
“A pessoa é de facto a única que controla a chave, porque nós não temos acesso aos locais de armazenamento. Além disso, mesmo que exista um problema [nos sistemas de armazenamento] ou uma vulnerabilidade como já tem acontecido, nós garantimos que essa vulnerabilidade não compromete a segurança das chaves”, referiu.
À Lusa, Francisco Maia avançou que equipa responsável pela criação da carteira móvel, que vai ser apresentada na próxima quinta-feira, no 6.º programa de aceleração da Startup Braga, pretende, a partir de julho, disponibilizar a aplicação nos sistemas operacionais Android e iOS.
“É um desafio transmitir esta nossa visão de que a solução pode de facto ajudar e ser um passo muito importante na digitalização do dinheiro, sendo que o mercado em si ainda é muito pequeno e está a dar os primeiros passos”, concluiu.