O Hospital Egas Moniz, em Lisboa, tem agora um tratamento para a dor crónica com um sistema inovador de neuroestimulação que inclui o implante mais pequeno do mundo de estimulação da espinal medula (EME).
O tratamento realizado no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, consiste no implante de um dispositivo de estimulação da espinal medula (EME) sob a pele do doente “que distribui impulsos elétricos através de um elétrodo colocado no espaço epidural ou noutra zona da coluna, de forma a bloquear os estímulos enviados para o cérebro”, explica uma nota de imprensa enviada pelo Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.
O Hospital Egas Moniz foi o primeiro centro hospitalar do país a disponibilizar este sistema inovador para o tratamento de vários tipos de dor crónica.
“A dor crónica é uma condição muito prevalente na população, com um impacto muito negativo na vida dos doentes uma vez que afeta todos os aspetos da sua vida – relações interpessoais, produtividade no trabalho e tarefas do quotidiano”, refere Carla Reizinho, neurocirurgiã do Grupo de Neuromodulação para o Tratamento da Dor Crónica do Hospital Egas Moniz
Apesar disso, continua a ser “uma condição subvalorizada, subreconhecida e subtratada”, acrescenta, sublinhando que o tratamento destes doentes “é desafiante e implica necessariamente uma abordagem multidisciplinar” com especialistas no tratamento de dor, anestesistas, psiquiatras, psicólogos e uma equipa de enfermagem especializada.
Sistema melhora a qualidade de vida
Carla Reizinho explica que o novo sistema implementado no Hospital Egas Moniz, proporciona aos doentes “os benefícios da estimulação medular”, mas também torna melhor a comunicação médico-doente” através da monitorização das atividades diárias, postura corporal e tratamentos administrados”.
Segundo a especialista, permite “ter uma visão mais objetiva da mobilidade e do progresso do doente, por forma a garantir um tratamento mais personalizado e adaptado às necessidades específicas do mesmo”.
Estudos publicados demonstram que, quando utilizado em alguns doentes com dor crónica previamente identificados, o implante de estimulação da espinal medula pode proporcionar um alívio da dor a longo prazo, melhorar significativamente a qualidade de vida e reduzir a incapacidade relacionada com a dor e a necessidade de recurso à medicação.
Este novo tratamento vem ainda dar resposta à necessidade de uma maior bateria do dispositivo. “A partir de agora é possível carregar o dispositivo totalmente em apenas uma hora e está programado para se adaptar às necessidades de cada doente”, revela a nota divulgada pelo Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, que para além do Hospital de Egas Moniz, engloba ainda o Hospital de S. Francisco Xavier e o Hospital de Santa Cruz.
Outras das inovações deste dispositivo é o facto de permitir a realização de ressonâncias magnéticas, uma vez que grande parte dos doentes precisa de realizar este exame de diagnóstico cinco anos após o implante.
O sistema conta ainda com uma tecnologia que se ajusta automaticamente para fornecer a estimulação adequada na localização exata, à medida que a zona onde o doente sente dor se vai alterando, face à posição corporal, revela o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental na nota de imprensa.
Ana Grácio Pinto