Os ciclistas saíram hoje de França e vão pedalar 2.000 quilómetros até Lisboa, numa homenagem aos aos emigrantes portugueses.
Artur de Faria, ciclista português de 58 anos, é o organizador da viagem de bicicleta de Paris até Lisboa, que começou hoje, quinta-feira, e deverá durar 10 dias.
No total, o grupo vai percorrer 11 etapas que vão ligar Villejust, nos arredores de Paris, à capital portuguesa, por estradas secundárias e sem dia de descanso.
“Fizemos uma preparação desde o princípio do ano com bastantes quilómetros efetuados. Há algumas diferenças de nível de uns para os outros, mas iremos adaptar-nos ao nível do mais fraco”, afirmou Artur de Faria à Lusa, sublinhando que “está tudo com a intenção de ir até ao final”.
A viagem é uma homenagem aos emigrantes portugueses, nomeadamente ao avô de Artur de Faria que emigrou antes da segunda guerra mundial e que chegou a fugir “aos alemães no princípio da guerra e passou uma noite, em Bordéus, debaixo de uma ponte com os alemães em cima e ele com medo e a tentar voltar para Portugal”.
“É um reconhecimento pelos esforços que foram feitos pelos nossos pais, pelos nossos avós, fizeram esforços por necessidade de emigrarem para França. Fizeram-no com grande dificuldade, um pouco forçados pela vida. É só uma maneira de ter um reconhecimento e uma recordação pelos esforços feitos”, acrescentou o promotor da iniciativa.
Há 15 dias, o grupo foi “reconhecer a primeira etapa” de 180 quilómetros, que liga Villejuste a Montoire-sur-le-Loir, para fazer as “afinações finais” e agora “já só falta pedalar”, ter “bom tempo” e conseguir chegar ao destino sem percalços.
A viagem vai ter 11 etapas que passam por Montoire-sur-le-Loir, Vivonne, Carbon-Blanc, Saubusse, Tolosa, Briviesca, Valladolid, Sancti-Spíritus, Castelo Branco, Leiria, Fátima e Lisboa.
A sexta etapa, a 24 de julho, que vai ligar Tolosa a Briviesca, em Espanha, deverá ser a mais difícil porque tem “à volta de 200 quilómetros”, um “desnível de perto de 2.000 metros” e o percurso é “só por pequenas estradas” e com “bastante serra”.
A nona etapa, a 27 de julho, de 155 quilómetros, entre Sancti-Spíritus e Castelo Branco, também poderá ser complicada devido a “um desnível também importante”, assim como a décima etapa, a 28 de julho, de Castelo Branco para Leiria, que “também é feita só de altos e baixos” ao longo de 144 quilómetros.
“O resto deverá passar-se corretamente”, acrescentou este responsável técnico em máquinas de impressão, que chegou a França com sete anos e anda em provas de ciclismo desde os 13 anos.
Artur de Faria tem 19 títulos de campeão de França nas provas da ‘Fédération Sportive et Gymnique du Travail’ (FSGT) em estrada, Cyclo-Cross e VTT.
A corrida vai contar com nove atletas que pretendem cumprir todas as etapas e mais dois que vão realizar apenas as partes francesa e portuguesa. Todos “fizeram muitas horas de selim” desde o início do ano e estão preparados.
O grupo vai ser precedido por três veículos de assistência que deverão tirar fotografias e filmar para colocar na conta ‘parislisbonne_vcv’, na rede social ‘online’ Instagram.