A FEA “saúda a iniciativa por constituir um reconhecimento” do “valor intrínseco” do conjunto do mosteiro “em termos arquitetónicos, artísticos e culturais”, pode ler-se num comunicado da instituição enviado à agência
Trata-se de “uma valorização dos laços profundos” que “ligam” o Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Escada do Céu) “à História da cidade de Évora e do país e um contributo para a sua projeção futura como lugar vivo e centro de espiritualidade cristã”, frisou. A proposta de classificação do conjunto do Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, a Cartuxa em Évora, foi apresentada pelo Grupo Pró-Évora (GPE) junto da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), no final de agosto. No início de setembro, o presidente do GPE, Marcial Rodrigues, revelou à Lusa que a associação fez chegar à DRCAlen o Requerimento Inicial do Procedimento de Classificação para “todo o conjunto” do Convento da Cartuxa, acompanhado por uma declaração de apoio subscrita por “12 personalidades de reconhecida competência nas áreas envolvidas”.
A FEA aludiu hoje à iniciativa, explicando que esta “pretende alargar a todo o cenóbio a classificação que, em 16 de junho de 1910, foi atribuída à igreja do mosteiro, projetada no século XVI pelo arquiteto italiano Vicenzo Casale”. Esta proposta “remete também para uma justa evocação da obra mecenática” do instituidor da FEA, Vasco Maria Eugénio de Almeida (1913-1975), destacou.
A ação deste “no âmbito da conservação e restauro do património arquitetónico permitiu não só resgatar da ruína edifícios da cidade de elevado valor histórico e artístico – de entre os quais o Mosteiro da Cartuxa -, mas também conferir a todos eles uma função, um sentido e uma vida própria”, para “contribuírem para uma estratégia integrada de regeneração urbana e desenvolvimento da cidade”, argumentou a FEA. “Legatária da visão” de Vasco Maria Eugénio de Almeida “e fiel aos seus estatutos”, a FEA “entende como imperativo institucional garantir que o Mosteiro da Cartuxa continue a servir a função para que foi criado pela Ordem de São Bruno, que o habitou até outubro de 2019, vencendo o confisco, a destruição e o abandono que as vicissitudes da história lhe impuseram”, diz o comunicado.
Após a saída dos últimos quatro monges da Ordem da Cartuxa, que rumaram a Espanha, atualmente, “estão a ser criadas as condições para o edifício acolher, em 2021, uma comunidade das irmãs do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará”, lembrou a instituição. Já “foi recentemente aprovado” pela DRCAlen “o projeto de requalificação da antiga hospedaria do Mosteiro, intervenção que será, progressivamente, alargada a todo o conjunto”, revelou a FEA. “Não tendo ainda conhecimento da proposta apresentada às instâncias competentes, a FEA pronunciar-se-á de acordo com a Lei do Património sobre os termos, âmbito e objeto da classificação pretendida à luz dos valores que têm orientado a sua obra concreta de proteção e valorização do património, honrando o legado do seu instituidor e a suas responsabilidades para com a comunidade”, acrescentou.
Com construção iniciada em 1587, o Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli foi o primeiro eremitério da Ordem da Cartuxa a ser construído em Portugal, tendo tido diferentes utilizações, ao longo do tempo. Acabou por recuperar a sua função religiosa em 1960, graças a Vasco Maria Eugénio de Almeida, Conde de Vill’Alva.