A americana Boeing vai assumir o controle de produção civil da brasileira Embraer, com a formação de uma joint venture avaliada em 4,75 mil milhões de dólares, que vai lhe permitir concorrer com a europeia Airbus no setor de aeronaves regionais. O protocolo de acordo foi anunciado na passada quinta-feira, poucos dias depois de a Airbus selar uma aliança com a canadiana Bombardier para fabricar aviões de médio alcance C Series, concorrentes da Embraer.
O novo grupo, de capital fechado, será controlado em 80% pela Boeing, e apenas 20% ficarão com a Embraer. O grupo americano vai gerir as “atividades da Embraer no setor da aviação comercial e de serviços”, indica um comunicado conjunto dos novos sócios.
O acordo final será submetido à aprovação do governo brasileiro – que dispõe de uma “golden share”, que dá poder de veto a Brasília em questões estratégicas da Embraer. As duas empresas “vão passar a oferecer um portfólio completo de aviões comerciais (de 70 a mais de 450 assentos)”, segundo o comunicado.
Queda espetacular na bolsa de valores
A expectativa é que a associação seja contabilizada a partir do começo de 2020 no capital da Boeing. Os mercados tinham festejado com forte alta nos últimos meses a perspectiva de aproximação entre a Boeing e a Embraer, mas receberam o anúncio desta quinta-feira com algum pessimismo e pouco depois de meio-dia, as ações da companhia brasileira na Bovespa caíram mais de 15%.
Desde que foi anunciado que Boeing e Embraer estavam em negociações, em 21 de dezembro do ano passado, até esta quarta-feira, 4 de julho, as ações da Embraer tiveram alta de 63%.