A antiga igreja de São Bento foi demolida há 80 anos e dela restaram apenas as esculturas em pedra, que estavam alojadas na Escola Secundária José Falcão.
Agora, estas estruturas pétreas esculpidas regressam ao seu recinto original: a cerca de São Bento, área que hoje corresponde ao Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (UC).
O regresso deste material permitirá “a salvaguarda, a conservação e o estudo criterioso destes elementos”, fiéis representantes das preferências arquitetónicas da Coimbra do primeiro quartel do século XVII, destacou Maria de Lurdes Craveiro, professora de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que tem acompanhado o processo.
O regresso destas esculturas ao seu local original ocorre no seguimento das obras de requalificação da Escola Secundária José Falcão.
As esculturas correspondem aos caixotões que definiam a abóbada da capela-mor da igreja e a outros registos decorativos que acompanhavam os arcos de entrada das capelas laterais.
A igreja de São Bento foi demolida em 1932, quando era parte do Liceu José Falcão, escola que estava alojada no Colégio de São Bento, contíguo ao Jardim Botânico da UC.
Os ‘restos’ da igreja ‘migraram’ com a escola secundária para a Avenida D. Afonso Henriques, informa uma nota divulgada pela UC.
Estão agora “de regresso à cerca dos beneditinos, para ser inventariados e estudados, para que posteriormente a Universidade, em conjunto com especialistas e as entidades competentes, defina um plano de valorização deste património”, refere o diretor Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, António Gouveia.
O regresso foi feito sob proposta da Direção Regional de Educação do Centro e com acordo e acompanhamento da Direção Regional de Cultura do Centro.
Os trabalhos de deslocação das pedras do espaço da Escola Secundária José Falcão para o Jardim Botânico não estão ainda concluídos. Mas o interesse deste acervo escultórico em pedra é evidente, sublinha a nota da UC.
“A partir do processo de ‘musealização’ destas estruturas, a Universidade tem a capacidade de proteger um espólio rico que lhe está associado e que mostra a especificidade do trabalho artístico em Coimbra que, no primeiro quartel do século XVII (a igreja foi sagrada em 1634) e ao arrepio do que se passava no resto do país, mantinha a sedução pela decoração arquitetónica e pela cultura humanista do Renascimento”, descreve Maria de Lurdes Craveiro.