Os empresários da ilha Terceira, nos Açores, estão satisfeitos com a oferta de ligações aéreas para o estrangeiro no verão de 2020, apesar dos receios de diminuição de procura devido à epidemia de Covid-19.
“Eu acredito que aquele voo de Madrid, nas condições em que existia era positivo, porque no fundo trazia gente e os números eram muito maus naquela altura. Neste momento, agrada-me muito mais soluções deste género, com voos regulares a ligar vários mercados à ilha Terceira do que um voo ‘charter’ com preços muito baixos”, disse hoje o presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Rodrigo Rodrigues.
O representante dos empresários das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa falava em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião com a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores, Marta Guerreiro.
Este verão, a ilha Terceira terá 11 ligações semanais com o estrangeiro: três para Boston (EUA), duas para Toronto (Canadá), uma para Oakland (EUA), uma para Montreal (Canadá) e duas para Paris (França), asseguradas pela companhia aérea açoriana Azores Airlines, do grupo SATA, acrescidas de uma ligação a Londres (Reino Unido), efetuada pela Ryanair, e de outra a Amesterdão (Holanda), da companhia Arke Fly, do grupo TUI.
A titular da pasta do Turismo nos Açores anunciou recentemente que o executivo regional tinha desistido do concurso para tentar captar uma ligação direta entre a Terceira e Madrid (Espanha), que existiu entre 2015 e 2018, por falta de propostas adequadas.
Segundo Rodrigo Rodrigues, a solução alternativa, com ligações a Montreal e Paris (França), é mais vantajosa, até porque faz da Terceira uma “ponte” entre a América e a Europa.
“Há uma tendência natural da SATA, que se percebe, em criar na Terceira um ‘mini-hub’ entre a América do Norte e Portugal e a Europa, com voos que chegando da América do Norte de manhã seguem para Lisboa, Porto ou Paris. Esta para nós é uma boa notícia e esperamos que seja um projeto a médio, longo prazo, mesmo que este ano seja um ano difícil e não seja possível ter o retorno que esperávamos”, apontou.
Segundo a secretária regional do Turismo, as ligações aéreas para a Terceira neste verão “representam um marco histórico nas oportunidades que se criam para o turismo” da ilha, mas têm de ser “aproveitadas” e “potenciadas” tanto pelo Governo Regional, como pelos empresários.
Quanto à aposta em Paris, Marta Guerreiro disse ser “uma estratégia bastante assertiva” e de acordo com o plano de marketing da região.
“O mercado francês foi o mercado que em 2019 mais cresceu nos Açores, sem que houvesse uma ligação direta. Isso dá nota da apetência que o mesmo tem pelos Açores, além de ser um turista bastante ávido pelo turismo em natureza”, frisou.
Apesar das expectativas positivas, os empresários estão preocupados com o impacto da epidemia de Covid-19.
“2020 era um ano em nós esperávamos que fosse o ano de ‘rearranque’ do crescimento de fluxos turísticos para a Terceira. Neste momento, há uma grande incógnita”, referiu Rodrigo Rodrigues, alegando que as reservas para o verão são cerca de metade das registadas nesta altura do ano em 2019.
O executivo açoriano reúne-se na quarta-feira com as associações do setor, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, para debater esta questão.
“A nossa preocupação primeira é estar ao lado do setor, perceber quais são as dificuldades e depois perceber como é que nós poderemos apoiar o setor a minimizar aqueles que podem ser eventuais prejuízos com a situação que vivemos hoje”, salientou Marta Guerreiro.
A epidemia de Covid-19, detetada em dezembro na China, já provocou mais de 4.000 mortos, tendo sido infetadas cerca de 114 mil pessoas em mais de uma centena de países.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção Geral da Saúde.