As chamadas ‘big four’ – as consultoras PricewaterhouseCoopers, KPMG, E&Y e a Deloitte – têm contratos de milhões de euros com a Comissão Europeia, para serviços de aconselhamento sobre política fiscal. A questão está a levantar problemas de conflitos de interesse, tendo em conta que aquelas consultoras têm estado envolvidas em vários escândalos sobre evasão fiscal.
A notícia é avançada pelo ‘Financial Times’, que adianta que em 2016, receberam cerca de oito milhões de euros da Direção-Geral de Impostos da Comissão Europeia e, em janeiro deste ano, receberam mais 10,5 milhões de euros.
As consultoras têm sido alvo de críticas pelo papel de intermediárias entre vários Estados-membros e multinacionais para fazerem acordos fiscais que lhes permitem pagar montantes de imposto muito baixos. As mesmas multinacionais que habitualmente prestam aconselhamento fiscal a diversas empresas (muitas delas identificadas em investigações como o Lux Leaks, os Panama Papers e os Paradise Leaks) estão também a ser remuneradas por Bruxelas para assessoria no mesmo tema.
“Quem fica a fazer figura de parvo é a Comissão Europeia. Deviam fazer melhor do que convidar as raposas para conhecer as medidas de segurança do galinheiro”, comentou, citado pelo jornal britânico, o professor Karthik Ramanna, da Universidade de Oxford.