O presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), com sede em Trancoso, Guarda, alerta que o novo confinamento poderá acabar com os pequenos comerciantes daquela região do interior do país.
Segundo Tomás Martins, com o novo confinamento ocorrerá “o encerramento definitivo de uma série de pequenos negócios” que “não estão na origem de nenhum foco de contágio” por Covid-19.
O responsável apontou que as regiões do interior, como a área do Nordeste da Beira, que abarca concelhos dos distritos da Guarda e de Viseu, estão em “’confinamento’ há mais de 40 anos” e as medidas decididas pelo Governo para travar a pandemia “só vêm contribuir para agravar o problema de falta de atividade comercial”.
Tomás Martins vaticina que a atividade comercial da região será mais uma vez condicionada “porque se olha o todo e não se entende aquilo que é a parte”.
“Quando se fala do interior nós não temos problemas de densidade populacional. Numa loja do comércio tradicional em Trancoso, em Aguiar da Beira, em Figueira de Castelo Rodrigo ou em Pinhel, entram por dia quatro a cinco pessoas. Não entram milhares de pessoas e, muito menos estão lá 100 pessoas ao mesmo tempo”, justifica.
Na opinião do dirigente da AENEBEIRA a decisão do Governo de fechar os comércios durante o novo período de confinamento irá “acabar com aqueles que têm resistido e têm tentado resistir” à crise, porque “são pequenas unidades de negócio que vão acabar por fechar” as portas definitivamente.
Disse ainda que “aquilo que seria expectável” era que o Governo definisse que a partir das 18h haveria confinamento geral para todo o país e o comércio tivesse um funcionamento normal e, ao fim de semana, que o confinamento fosse até às 05h de segunda-feira.
“Eu até aceitava isso. Agora, aquilo que estão a fazer é acabar connosco. Para o interior isto é o golpe final. (Os pequenos comerciantes) não vão resistir, de certeza, até porque os apoios não têm passado de meras intenções”, concluiu Tomás Martins.
A AENEBEIRA tem sede na cidade de Trancoso e possui cerca de 1.300 associados nos concelhos de Trancoso, Mêda, Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Pinhel, Celorico da Beira, Fornos de Algodres e Aguiar da Beira (distrito da Guarda) e de Sernancelhe e Penedono (distrito de Viseu).
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.384 pessoas dos 517.806 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Confinamento vai acabar com “pequenos negócios” no Nordeste da Beira
