O programa celebrativo do centenário de nascimento da voz maior do Fado, que começou a 01 de julho e se estende até ao próximo ano, é vasto e engloba concertos, exposições, ‘videomapping’ e a festa de reabertura das casas de fado entre outras iniciativas.
Logo a 01 de julho, realizou-se um tributo de 100 guitarristas, de distintas gerações, ao legado da fadista, nos Paços do Concelho de Lisboa.
No dia do aniversário de Amália, 23 de julho (a fadista nasceu a 23 de julho de 1920), Camané e Mário Laginha atuam no Museu do Fado e revisitaram alguns dos temas mais emblemáticos da fadiste e Alain Oulman (1928-1990), que em vida compôs exclusivamente para a grande diva.
De 03 a 12 de setembro acontece a ‘Festa do Fado’, assinalando a reabertura das casas de fado, depois do encerramento devido à Covid-19, “com condições especiais aos seus visitantes”. Esta iniciativa, da câmara em parceria com a Associação das Casas de Fado (ACF), prevê, segundo a organização, a atuação de “mais de 100 artistas em sessões gravadas e transmitidas em ‘streaming’, a partir das redes sociais da Câmara e do Museu do Fado”.
Joel Pina, músico cuja carreira se entrecruza com a de Amália, de quem foi viola-baixo durante mais de 30 anos, fez em fevereiro 100 anos. A festa prevista para março último, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, foi adiada e vai acontecer no âmbito das celebrações amalianas, no dia 24 de setembro, no Museu do Fado.
Um concerto no castelo e um musical
Amália Rodrigues afirmou em várias entrevistas que nasceu “no tempo das cerejas”, fazendo uma alusão às suas origens familiares no concelho do Fundão, o que dá o mote para um concerto, com direção artística de Luís Varatojo, ‘No Tempo das Cerejas’.
Este concerto, no Castelo de S. Jorge, conta com as participações dos fadistas Ricardo Ribeiro, Camané e Ana Moura, acompanhados pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção do maestro Rui Pinheiro, e a participação dos músicos José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Pedro Soares (viola) e Didi (baixo), Rui Toscano (saxofone) e Gaspar (guitarra portuguesa). O concerto, cujos arranjos musicais são de Pedro Moreira, Filipe Raposo e Mário Laginha, é transmitido pela RTP a 30 de julho.
Já musical ‘100 Amália’ pretende responder à questão: “Como sentem e vivem o legado de Amália as gerações mais jovens, que nasceram em pleno século XXI?” Com encenação, dramaturgia e acompanhamento musical pelo grupo Músicas e Musicais do Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, leva a palco alunos entre os nove e os 18 anos, e tem direção musical do fadista Camané.
As celebrações são a nível internacional também, com os vários festivais de fado realizados além fronteiras, patrocinados pela Câmara de Lisboa, a “prestar homenagem à memória viva de Amália Rodrigues”.
Estes festivais, além dos espetáculos dos fadistas incluem conferências, exposições e projeções de filmes.
No dia 06 de outubro, quando passam dez anos sobre a morte da criadora de ‘Povo que Lavas no Rio’, será transmitido a partir da Casa de Amália Rodrigues na Rua de S. Bento, em Lisboa, um concerto com Sara Correia, Fábia Rebordão e Cuca Roseta. O musicólogo Rui Vieira Nery, um dos membros do grupo de trabalho para a celebração do centenário, fará uma “introdução histórica”.
A Lisboa de Amália
Duas outras iniciativas passam pela elaboração dos Roteiros sobre Amália a partir da geografia do seu repertório, com desdobramentos no plano toponímico e na gastronomia, com epicentro em Lisboa e extensões a nível nacional e internacional. E ainda pela criação de uma aplicação móvel (app) produzida pela editora Valentim de Carvalho, com repertório de Amália evocando os diferentes bairros históricos de Lisboa e os episódios mais marcantes da ligação da fadista a cada bairro.
Outra iniciativa é a realização do documentário televisivo ‘Fado’, em 12 episódios, de autoria do músico Paulo Valentim, que assina a conceção e desenvolvimento com Hélder Moutinho e Pedro Ramos cabendo a realização e direção de fotografia a Aurélio Vasques. Este documentário, em parceria com a ACF, visa promover “o universo do fado na cidade de Lisboa”.
As comemorações do centenário de Amália Rodrigues prosseguem no próximo ano, com quatro exposições, ‘videomapping’, conferências e colóquios. Em março de 2021, e comissariado por Frederico Santiago e José Manuel dos Santos, será inaugurado um programa de três exposições que se complementam e que decorrem no Museu do Fado, no Museu Nacional do Teatro e da Dança, no Museu do Traje e no Panteão Nacional.
Também em 2021realiza-se um projeto de arte pública produzido pela Câmara de Lisboa e desenvolvido em quatro miradouros de Lisboa – Jardim 9 de Abril, Santa Luzia, Senhora do Monte e São Pedro de Alcântara – a partir do convite a quatro autores nacionais que têm vindo a produzir criações neste domínio sonoro, dentro do universo das artes visuais. Irão trabalhar um universo tão vasto quanto o som de Amália, em múltiplas possibilidades, nos temas interpretados, nas palavras faladas, no riso, no burburinho do seu público.
E em data ainda a definir, a sede da UNESCO em Paris vai acolher um concerto evocativo do legado da artista que irá também celebrar a atribuição ao Fado da classificação como Património Imaterial da Humanidade.
A programação centenário de nascimento de Amália Rodrigues está disponível no “site” da comemoração centenária em http://centenarioamaliarodrigues.pt