O alerta é da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC): os doentes cardíacos estão a recusar voltar ao hospital, por medo de serem infetados pelo Covid-19.
A APIC lembra que, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, “os laboratórios de hemodinâmica voltaram a semana passada a chamar os doentes para a realização de consultas, exames e procedimentos que estavam anteriormente programados”.
“Uma percentagem significativa de doentes de cardiologia, que começamos a chamar a semana passada, pedem para adiar o seu regresso ao hospital, para a realização de procedimentos programados referindo que têm medo de contrair o vírus Covid-19. É preciso, por isso, esclarecer, que todos os laboratórios de hemodinâmica estão preparados para receber o doente, em segurança”, assegura o presidente da APIC.
Além disso, acrescenta João Brum Silveira, “todos os doentes que estão a ser chamados necessitam, efetivamente, da realização do procedimento, pelo que é vital que aceitem regressar”.
O responsável sublinha que a retoma da atividade foi adaptada à nova realidade e garante a segurança tanto dos doentes como dos profissionais.
“Apesar da situação de saúde pública em que nos encontramos, existem percursos protegidos e adequados no hospital para as pessoas que sofrem de problemas cardiovasculares”, assegura.
A APIC deixa ainda a recomendação de que no regresso da atividade assistencial e até à sua normalização, sejam feitos testes Covid-19 a todos os doentes, assim como defende o acompanhamento do estado clínico de todos os doentes em lista de espera.
“Os primeiros doentes a serem chamados, no decorrer dos próximos meses, são os que consideramos prioritários clinicamente”, afirma João Brum Silveira.
Documento orientador para cardiologistas
Em abril, a APIC emitiu um documento com as orientações para a atividade da sub-especialidade, durante a pandemia Covid-19, dirigido a profissionais de saúde e que pode ser consultado em https://bit.ly/3b0ergI
Avaliar mensalmente por teleconsulta o estado clínico de todos os doentes em lista de espera, avaliar o risco-benefício a três meses de adiar procedimento de intervenção, coronário ou estrutural , diminuir o tempo de internamento e testar para Covid-19 todos os doentes antes do procedimento, são algumas das recomendações que constam do documento.
“O documento, que congrega um conjunto de considerações obtidas por consenso interno, pretende de uma forma objetiva orientar a atividade da Cardiologia de Intervenção durante este difícil desafio, de responder à pandemia Covid-19, ao mesmo tempo que mantemos a assistência necessária na prevenção, diagnóstico e tratamento das restantes doenças”, conclui o presidente da APIC.
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular.
Ana Grácio Pinto