A Arcádia pertence à famíia Bastos desde 1933, e desde então, tem sido uma importante referência no mundo do chocolate. Conhecida pelos bombons, línguas de gato e drageias, mantém a tradição nas suas receitas e nos processos de fabrico.
Situada em pleno coração da cidade do Porto, a Arcádia assume-se como uma fábrica de confeitaria artesanal. Hoje em dia a pastelaria Arcádia é sinónimo de receitas e processos tradicionais, matéria prima de qualidade, atenção ao cliente e inovação permanente.
Falámos com o Administrador FRANCISCO BASTOS sobre o que tem sido a evolução da empresa e nomeadamente como tem enfrentado a modernidade conseguindo aliar tradição e sucesso…
Eu penso que a Arcádia é um excelente exemplo de como se pode aliar tradição à modernidade. Mesmo tendo os seus altos e baixos ao longo do caminho, mas o crescimento mais acentuado foi sem dúvida desde o virar do milénio, quando a terceira geração tomou as rédeas. Em 2000, a Arcádia operava apenas um establecimento, na Rua da Almada, tendo sofrido uma quebra na receita nos anos anteriores, devido à descentralização do centro do Porto – a maior parte do consumo tinha passado para os centros comerciais. A terceira geração fez uma aposta estratégica em acompanhar estas novas tendências e foi ao encontro dos consumidores.
Em 2003 abriu um quiosque temporário no NorteShopping, e em 2005 abriu a primeira loja num centro comercial, também no NorteShopping.
A partir desse momento, houve uma expansão muito forte da marca a nivel nacional, passando a contar hoje com 27 lojas, das quais 7 em regime de franchising, de Norte a Sul do país.
A gama de produtos foi também sendo desenvolvida, apresentando novidades a cada ano, não só no chocolate, mas também na pastelaria e, mais recentemente, nos gelados. Internamente, a empresa foi também acompanhando este crescimento para poder dar resposta aos desafios da atualidade. Hoje em dia penso que é seguro dizer que em algumas áreas, como por exemplo o Marketing Digital, a Arcádia já não se limita apenas a acompanhar as tendências, mas está sim na liderança das melhores práticas. A melhor forma de enfrentar a modernidade é aliarmo-nos à modernidade e ir de encontro ao que as novas gerações procuram, onde procuram e como procuram.
Tem sido este o caminho estratégico que a Arcádia tem seguido. Isto, sem nunca perder a nossa identidade, a nossa história e a nossa tradição.
Qual o segredo de tanto sucesso e longevidade?
Eu penso que a longevidade da nossa empresa se deve à capacidade das três gerações que a comandaram até hoje, de se adaptarem e reinventarem de acordo com o ambiente que os rodeava.
Seja a nível económico, social ou financeiro, os 85 anos da Arcádia passaram por tempos muito diferentes – e cada geração soube adaptar o modelo de gestão que mais se adequava e áquilo que os consumidores sempre esperaram da empresa
Desde o meu bisavô que com um enorme espíritio empreendedor fundou à Arcádia e trouxe técnicas de produção do estrangeiro, como é o caso das amêndoas de licor Bonjour; até ao meu avô que ajudou a estabelecer a Arcádia como uma confeitaria referência na cidade do Porto e soube também adaptar as operações quando foi necessário retrair um pouco; até ao meu pai e à minha tia que expandiram o negócio para uma operação a nivel nacional que hoje em dia conta com mais de 150 colaboradores.
Para quantos países exporta a Arcádia e quais os principais mercados?
Neste momento a Arcádia tem um exportação pontual apenas, tendo já feito algumas vendas para variados países desde o Brasil a Angola, passando por vários países europeus também como Inglaterra, por exemplo. No entanto, estamos agora a trabalhar para criar uma exportação mais sustentável, dada uma recente orientação estratégica da empresa em começar a focar alguma atenção nos mercados externos. Estamos muito confiantes que será uma boa aposta.
Quais as principais diferenças da Arcádia de 1933 para a empresa de hoje?
É sempre um pouco díficil responder a esta pergunta, mas se tivesse que escolher uma óbvia, seria a dimensão da empresa. Desde colaboradores, à fábrica, ao número de establecimentos, e à gama de produtos que fabricamos – tudo isto tem hoje uma dimensão muito diferente do que nos primeiros anos de atividade. No entanto, eu penso que no caso da Arcádia o mais curioso, e que vale a pena realçar, são as semelhanças que ainda existem hoje comparativamente ao ínicio. Desde refêrencias de chocolate, a receitas de pastelaria, à técnica de fabrico das drageias de licor Bonjour – tudo isto preserva a nossa história e a nossa identidade. Tal como referi acima, o facto de a Arcádia ter sido capaz de manter toda esta herança e criar à volta disto uma operação moderna e com uma forte capacidade de resposta, mostra realmente o valor e a força da empresa e de todas as pessoas que colaboraram connosco ao longo deste caminho.
Que “segredos doces” estão em perspetiva para o futuro?
Temos algumas ideias e alguns projetos que vamos executar no curto e médio prazo, em várias vertentes. A nível de lojas, pensamos em abrir pelo menos mais 3 este ano, e renovar (e também reinventar) o nosso espaço original, na Rua do Almada. No que toca aos nossos produtos, poderemos potencialmente lançar mais uma novidade na gama de chocolates ainda este ano; e temos também algumas ideias em teste na pastelaria e nos gelados. Temos este ano também um novo projeto a arrancar na área da responsabilidade social e corporativa, que é muito importante para Arcádia, e que será anunciado em breve. Por fim, como já realçei, estamos também a começar um esforço estratégico na exportação dos nossos produtos – algo que será feito de uma forma atempada e devidamente faseada.