Teve lugar na Associação 25 de Abril em Lisboa a apresentação de uma obra, uma edição trilingue ( português, francês e inglês) concebida pelo historiador Daniel Bastos, a partir do espólio do grande fotojornalista e humanista franco- haitiano, que retractou e publicou a “miséria dos Bindovilles de Paris” mas que por sua vez retractou o nascimento da democracia em Portugal e logo a seguir ao 25 de Abril, viajou de Paris para Lisboa, por sinal no mesmo avião que trazia à “liberdade Álvaro Cunhal” vindo do exílio e que em Lisboa retractou e publicou nos diversos jornais internacionais para que trabalhava a maior manifestação alguma vez realizada em Portugal o “1º de Maio de 1974”.
O livro, que nos fala através das magníficas fotografias, é um documento, um documento histórico, visto e registado por um fotógrafo estrangeiro, exilado em França e franco- haitiano que deu a conhecer ao mundo “ a miséria em que viviam os portugueses em França” mas que também registou a conquista da Liberdade em Portugal. Em 30 de Outubro de 20918 , morria Gérald Bloncourt, “o franco-atirador” dos bidonvilles e da emigração portuguesa “a salto”, que nas décadas de 1950 a 70, registou vários momentos e fenómenos-chave da vida portuguesa, da emigração ilegal ao quotidiano do regime de Salazar e, depois, do país pós-revolução. E este livro isso nos trás, mostra e revela
Ao historiador Daniel Bastos se deve, o que hoje muito se conhece da obra de Gérald Bloncourt e de em parte, ter trazido o foto-jornalista, a ser relembrado e editados livros, e em França nas Comemorações do 10 de Junho de 2016 em Champigny Sur Marne recebeu do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a ordem de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. O historiador Daniel Bastos, é um investigador da nova geração de historiadores lusos, que sempre caraterizou Gérald Bloncourt como “uma personalidade ímpar que durante várias décadas do séc. XX fotografou a vida dos descendentes dos grandes descobridores do mundo, em França e em Portugal. Um homem que amou e honrou os portugueses”.
Refira-se, que o historiador cujo percurso tem sido muito bem alicerçado no seio das comunidades portuguesas, quer na Europa quer no outro lado do Atlântico; em 2016 lançou o livro sobre a emigração portuguesa em França a partir do espólio de Gérald Bloncourt, e aqui está uma nova obra sobre o consagrado fotó-jornalista dedicado a um outro período marcante da história contemporânea portuguesa. Designadamente a Revolução de Abril de 1974 da qual Bloncourt foi um espectador privilegiado, mas que retractou como mostra o livro o povo simples a participar na sua revolução e cujas imagens praticamente inéditas revisitam a génese da democracia portuguesa.
O livro tem o prefácio do capitão de Abril – Vasco Lourenço, hoje coronel na reforma que perante os convidados recordou os tempos da revolução, em que “acordamos livres e em que hoje, 45 anos, continuamos a usufruir de muitas das conquistas então alcançadas, as maiores das quais são a Liberdade., a Democracia e a Paz. Com este livro, Dias de Liberdade em Portugal, recuamos e somos transportados aos primeiros tempos da libertação e da festa. Com emoção de rever esses dias, louvo e agradeço ao Gérald Bloncourt e ao Daniel Bastos. Bem hajam! Vivi essa jornada do Primeiro de Maio de 1974, que continuo a recordar como um dos dias mais felizes da minha vida. Como então exclamei, depois dessa jornada, “ só por este dia, já valeu a pena! Tudo arriscámos, temos o povo livre, valeu a pena” e hoje passados 45 anos, continuou a repetir o que já afirmei muitas vezes “ não é possível descrever aquele 1º de Maio. Só tendo-o vivido, se pode compreender como foi”
Um livro que é um convite à redescoberta do olhar de um foto jornalista humanista, em que esta obra é um dever de memória, um dever de exigência ética e uma exercício de cidadania ativa como recordou Daniel Bastos e que ao ser trilingue com a o trabalho de tradução e Paulo Teixeira, ou seja dois “grandes fafenses” que se dedicam de corpo e alma à cultura e divulgação de Portugal pelo mundo. Recomenda-se a compra deste livro que para além do trabalho editorial, deveu-se em grande parte ao mecenato de empresas que partilham uma visão de responsabilidade social e um papel de apoio à cultura.
António Freitas ( texto e fotos)
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