A “tragédia” ocorrida em Borba (Évora), devido ao deslizamento de terras que fez colapsar uma estrada para o interior de uma pedreira de mármore, consternou o país e não se fala noutra coisa. Há 17 anos, mas precisamente no dia 4 de março de 2001, a queda parcial da estrutura do tabuleiro da ponte Hintze Ribeiro (que fazia a ligação de Entre-os-Rios a Castelo de Paiva) projetou um autocarro e três automóveis ligeiros para as águas do rio Douro. Morreram 59 pessoas. Só foram encontrados 23 corpos, alguns dos quais na costa da Galiza, a centenas de quilómetros de distância e semanas mais tarde.
O colapso da ponte foi uma tragédia pré-anunciada pelo presidente da Câmara Municipal de Entre-os-Rios, Paulo Teixeira, que em 1999 já tinha alertado: “Esperamos que não seja necessária uma tragédia para que se construa uma nova ponte”. Era uma infraestrutura antiga (construída em 1888) e visivelmente degradada. Continua-se a morrer nas estradas não só pelos acidentes rodoviárias mas pelas infraestruturas, nestes caso as vias que não oferecem segurança.
Em Tomar, “às portas da cidade” também poderemos ter “outras Borbas” ou “Borbinhas” por desleixo do “dono da estradas” a “Infraestruturas de Portugal ” em que mais de um ano passado, a exemplo do derrube da guarda da ponte Engº Arantes de Oliveira ( Ponte Nova) que a Câmara de Tomar teve que mandar arranjar e pagar, este instituto público tenha estas duas vias – estrada de Leiria N 113 e Estrada que dá acesso a Paialvo – EN 349-3 antes da FAI ( Pinhal Santa Bárbara) com barreiras caídas, taludes que podem ceder e levar ao desastre, com mortes, hipotéticos arrastos de autocarros de alunos, ou de passageiros, viaturas ligeiras ou pesadas e peões, que a usam com muita frequência. Ambas as vias são da responsabilidade da Infraestruturas Rodoviárias, sediada em Almada. Na data do deslise, a Câmara de Tomar optou por encerrar a Estrada de Acesso às Algarvias, mas segundo nos refere o vereador Hugo Cristovão, a Infraestruturas de Portugal optou por cobrir os danos com plástico e colocar barreiras de segurança “ e não deixou encerrar a via”.
Passou o Verão a obra que devia ter ido a concurso e ser construída em betão armado e com guarda de segurança, pois estamos numa curva e contracurva, assim ficou à espera.
Não basta tapar com plásticos barreiras ( e uma delas muito alta) quando a água da chuva mina e as mesmas podem ceder a qualquer momento. Todos os dias nestas vias passa intenso tráfego e muito tráfego pesado. A qualquer momento a terra poderá ceder à passagem de viaturas. Estamos em inverno e o ensopamento da terra é um facto. Os plásticos mitigam, o perigo iminente. Não basta meter grades, ou avisos, é necessário urgentemente fazer os muros de suporte e dar segurança às pessoas, aos utentes das vias nacionais que pagam impostos, os combustíveis mais caros da Europa e que só querem segurança. A Câmara alerta, mas é necessário fazer chegar isto ao Ministro responsável para que a culpa não morra solteira e, que em Tomar a outra escala não haja uma BORBA que nos envergonha, como já houve uma Ponte Entre Os Rios. Noutra estrada de saída da cidade a Nacional 113, logo após a primeira curva a seguir ao Jardim escola João de Deus, defronte às vivendas, outro muro de suporte cedeu e o mesmo modus operandus foi feito- tapar a desmoronamento com plástico e sinalizar o perigo. E o tempo passa e a qualquer momento pode tomar sobre casas existentes na rua, a mais baixo nível pode acontecer. Refere o vereador Hélder Henriques que quando pediram autorização para encerrar por via da Feira Santa Iria a Ponte Nova, em menos de 24 horas a Infraestruturas de Portugal emitiu o parecer positivo e cobrou os 700,00 de taxas, mas que a guarda da ponte, derrubada por um ligeiro, tivesse estado mais de um ano, por arranjar.
Registe-se que a Infraestruturas de Portugal, quer a nível de limpeza das bermas e seu desassoreamento, quer a nível de limpeza de aquedutos e manilhas de passagem, não faz um serviço visível de eficaz drenagem das águas pluviais e quantos despistes por aquaplaning não acontecem, já que quando chove as estradas nacionais são ribeiros autênticos?
Vivemos numa época de outsourcing de serviços de manutenção e conservação de estradas em todo o país. O organismo público limita-se a ter técnicos e funcionários, na sua sede e delegações distritais. Mas afinal que serviços de manutenção são concessionados ou adjudicados, já que os automobilistas circula muito pior, a nível de segurança que noutros tempos em que a JAE tinha os seus cantoneiros de estradas?
“Se eu tiver um relatório do departamento de obras a dizer que está num estado crítico eu mando cortar aquela estrada”
José Delgado vereador do PSD e engenheiro civil de formação na reunião de 26 de Novembro focou e bem o assunto deste perigo referindo “ chamava a atenção que temos aqui duas situações que podem ser muito complicadas, temos dois taludes com plástico a fazer uma protecção que não vale de nada, poi se houver deslizamentos eles trabalham a montante e criam deslizamentos para as zonas a jusante. Temos habitações de um lado e outro e valetas a fazer infiltrações de água, temos fendas que são canais de arrastamento de terrenos no subsolo a jusante. E isto não acontece só nos outros concelhos. Nós podemos ter isto. Sei que a responsabilidade é da IP e sabemos que já foram feitas acções e não é solução, apesar de ser positivo, a câmara estar-se a substituir à IP e fazer os trabalhos. Tem que se chamar a razão e atacar a sem dó nem piedade, pois estamos a iniciar o inverno e pode haver uma tragédia, pois existem sinais de colapso destas estruturas.
A presidente da Câmara por sua vez referiu. “Durante décadas a JAE e depois a Estradas de Portugal nunca fizeram investimentos naquela zona. Quando foi da tempestade voltamos à carga com as Infraestruturas de Portugal , no sentido de não esperarem pelo orçamento 2019- lancem a obra! Nós autarquia, não temos dinheiro para nos substituir à Infraestruturas de Portugal. Podia dizer eles já tem o projecto de execução feito e nós lançamos a empreitada, mas é a competência deles, e o que assumi perante a Infraestruturas de Portugal foi meu senhores – (e quando aquilo aconteceu eu mandei encerrar a estrada e eles vieram dizer que eu não tinha competência para tal e não pois a estrada é deles) e. o que assumi perante eles, e que através do departamento de obras temos monitorizado e, tem havido deslizamento de terras e se eu tiver um relatório do departamento de obras a dizer que está num estado critico eu mando cortar aquela estrada”!
ANTÓNIO FREITAS