É o fim da linha para o A380, o maior avião comercial do mundo. A Airbus anunciou que vai deixar de produzir o ‘superjumbo’, concorrente do Boeing 747. Criado para competir com o lendário modelo de longo curso da americana Boeing, o A380 nunca conseguiu descolar em termos de vendas.
Com capacidade para 544 passageiros, na versão de base, e depois de ter sido lançado como a solução para o forte aumento do tráfego aéreo, o A380 rapidamente foi considerado como não adaptado ao mercado de longo curso. As companhias aéreas apostam sobretudo nos bi-reatores como os A 350 ou os Boeing 787 e 777.
Tanto o A350 como Boeing Dreamliner – o seu equivalente americano – transportam menos 50 passageiros, mas consomem menos combustível e não obrigam os aeroportos a fazer obras de adaptação como acontece com o A380.
Em comunicado, a Airbus informou ainda que os últimos A380 serão entregues aos clientes em 2021.
A companhia Emirates, maior cliente do A380, tinha encomendado os últimos 20 em janeiro, mas diz-se disposta a trocá-los pelos A350, estando prevista a entrega de 14 aparelhos nos próximos dois anos.
Na semana passada a autraliana Qantas tinha anulado uma encomenda de 8 aviões A380.
O problema do A380 é ser amado pelos passageiros, mas temido pelos gestores das companhias aéreas. Tinha duas agravantes: era difícil de encher – 554 lugares – e obrigava a escalas nos aeroportos adaptados para o receber.
O lançamento atrasado em 2007, no limiar da crise financeira, também não ajudou: no momento em que começava a ganhar asas a opolência e a ostentação passaram a ser mal vistas; as crescentes preocupações ecológicas com o clima também não lhe facilitaram a vida.
O A380 estava marcado para não durar, apesar do extravagante investimento feito nesta mega aventura industrial. As decisões sobre o fim do projeto do “superjumbo” tiveram um impacto negativo de 463 milhões de euros nos resultados operacionais da Airbus em 2018.
Apesar disso, o grupo aeronáutico europeu conseguiu uma rentabilidade recorde no ano passado, graças a um volume de entregas sem precedentes – 800 aviões comerciais -, o que levou o conselho a decidir propôr uma repartição de dividendos de 1,65 euros por ação, uma subida de 10% relativamente ao ano anterior.