Antes de 29 de março de 1998, quem morasse nos concelhos de Alcochete ou Montijo, demorava entre uma a duas horas de carro até Lisboa. A Ponte Vasco da Gama, que hoje celebra 20 anos, veio mudar esta realidade.
A Ponte Vasco da Gama foi inaugurada em 29 de março de 1998, dois meses antes da abertura da Exposição Mundial de Lisboa. O seu nome comemora os 500 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia, em maio de 1498.
A construção da Ponte Vasco da Gama sobre o Rio Tejo, pela Lusoponte, foi considerada um dos maiores e mais bem sucedido projecto do século XX.
A maior ponte da Europa percorre o estuário do rio Tejo, na área da Grande Lisboa, ligando Montijo e Alcochete à capital e Sacavém, muito próximo do Parque das Nações, onde se realizou a Expo 98.
O reconhecimento internacional desta obra levou à atribuição do primeiro prémio pela Instituição Ibero-Americana de Arquitetura e Engenharia Civil, em 2000.
A construção da Ponte Vasco da Gama foi dividida em sete frentes, os nós de Sacavém e variante à EN10, o viaduto Norte, o viaduto da Expo, a ponte principal, o viaduto central e o viaduto Sul.
A ponte principal é uma estrutura de betão espectacular, já que o tabuleiro está atirantado por cabos às torres principais. O vão central é de 420 metros e os vãos laterais têm 203 metros.
As torres centrais medem 150 metros de altura e O tabuleiro está a cerca de 14 metros acima do nível da água na maior parte do comprimento deste viaduto, e o tabuleiro eleva-se até aos 30 metros sobre os dois canais navegáveis, a Cala das Barcas e a Cala de Samora, cujos vãos de 130 metros permitem a passagem de navios de médio porte.
As torres Norte e Sul, em forma de H, apoiam-se em fundações também concebidas para suportarem o impacto de um navio de 30 mil toneladas que se desloca a uma velocidade de 12 nós.
Cada fundação destas torres assenta em 44 estacas moldadas com 2,2 metros de diâmetro e atingem profundidades superiores a 65 metros.
Mais de 6 km de viaduto central
A construção dos 6.351m do viaduto central foi feita aplicando sobre 81 pilares duplos vigas pré-fabricadas com 78 metros de comprimento e 2.200 toneladas de peso.
Um gigantesco estaleiro de pré-fabricação, localizado no Seixal, foi utilizado para a construção das enormes peças de betão pré-fabricadas destinadas ao viaduto. Ali, as vigas do tabuleiro começaram por ser subdivididos em oito troços menores, que depois foram interligados para perfazer os 78 metros de comprimento.
Seguidamente, as vigas-tabuleiro foram transportadas para o local definitivo recorrendo a uma grua flutuante de grande capacidade. O estaleiro trabalhou a um ritmo intensivo produzindo uma destas vigas a cada dois dias.
No viaduto central da Ponte Vasco da Gama, a fundação de cada par de pilares está assente em oito estacas cravadas, de 1,7 metro de diâmetro que atingem em alguns casos os 95 metros de profundidade no leito do rio.
A ponte tem uma esperança de vida de 120 anos, tendo sido projetada para suportar velocidades do vento de 250 km/h, e resistir a um sismo 4,5 vezes mais forte do que o histórico terramoto de Lisboa, ocorrido em 1755 e que alcançou 8,7 na escala de Richter.
Cuidados com a segurança
A segurança foi, de resto, uma das principais preocupações na construção da Ponte Vasco da Gama. A Lusoponte construíu e mantém um posto fixo equipado e operado pelo Destacamento de Trânsito da GNR (Guarda Nacional Republicana).
Foram ainda implantadas três estações meteorológicas ao longo da travessia, que permitem a monitorização das condições atmosféricas, como a velocidade e direcção do vento, visibilidade, temperatura e humidade relativa do ar e chuva.
“Através de um processo de cálculo são gerados alarmes de alerta aos operadores quando as condições limite são alcançadas”, informa a Lusoponte. As mangas de vento instaladas no início do tabuleiro em cada sentido, são auxiliam na informação da direção e intensidade do vento.
A Ponte Vasco da Gama e os seus acessos são vigiados pela Lusoponte e pela GNR, através de 91 câmaras de vídeo que se encontram ligadas a monitores instalados na sala de controlo e no posto fixo da GNR. Um sistema de Deteção Automática de Incidentes (DAI) alerta os operadores em caso de paragem de tráfego.
Ao longo da Ponte Vasco da Gama e em ambos os sentidos foram instalados 73 postos de telefones de emergência (S.O.S.) ligados à sala de controlo de tráfego, distanciados entre si de 400 metros no tabuleiro e de 800 nos acessos.
Existem ainda oito pórticos equipados com semáforos e painéis de velocidade variável.
Os doze parques de emergência (seis em cada sentido) existentes ao longo do tabuleiro, junto aos pórticos, “permitem um refúgio seguro para as viaturas avariadas e/ou acidentadas e garantem a segurança dos condutores”, informa a Lusoponte.
Dados
Prazo da construção: fevereiro de 1995 a março de 1998
Volume total de betão: 730.000 m3
Peso do aço em armaduras: 100 mil toneladas
Comprimento total da travessia: 17.185 metros
Comprimento total das estruturas em ponte e viadutos: 12.345 metros
Altura dos pilares do vão principal: 148 metros
Altura livre para a navegação: 47 metros