O parlamento regional da Catalunha acaba de aprovar, em Barcelona, a independência daquela Região Autónoma e a sua separação de Espanha numa votação sem a presença dos principais partidos que se opõem à proposta, que abandonaram a sala minutos antes. O projeto de declaração unilateral de independência foi aprovado por 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco, num órgão composto por um total de 135 deputados.
A resposta do Governo não se fez demorar e chegou através do Senado de Espanha, que aprovou por maioria absoluta autorizar o governo a aplicar o artigo 155.º da Constituição, que suspende a autonomia da Catalunha.
No Parlamento catalão, antes do início da votação, os deputados dos partidos mais importantes que defendem a continuação da união com Espanha, e que são minoria, abandonaram a assembleia, deixando algumas bandeiras de Espanha nos lugares que antes ocupavam.
Os deputados independentistas, assim como a assistência que ocupava os lugares para o público, cantaram o hino da Catalunha logo a seguir à votação e cumprimentaram-se depois da aprovação da declaração de independência, mas sem a euforia que um momento tão importante levaria a pensar.
O projeto de independência prevê a redação de uma Constituição para a nova República e a abertura de negociações “em pé de igualdade” com o Governo espanhol com o objetivo de iniciar um novo período de cooperação entre as duas partes.
Momentos depois, o senado de Espanha decidia por maioria absoluta autorizar o governo a aplicar o artigo 155.º da Constituição, que suspende a autonomia da Catalunha.
A medida implica a destituição do presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e de todos os membros do seu executivo, a limitação das competências do parlamento regional e a marcação de eleições num prazo de seis meses.
No discurso a seguir à votação pela independência da região, o presidente do governo catalão afirmou que “o parlamento do nosso país (Catalunha), um parlamento legítimo, cumpriu um mandato legitimado nas urnas.”
“Quero dizer-vos umas palavras que vêm do coração”, começou Carles Puigdemont que fez um apelo aos catalães: “devemos manter este país no terreno da paz e do civismo, como sempre estivemos.” E às instituições pediu “solidariedade” para a “construção do país”. “Está nas nossas e nas vossas mãos continuar a fortalecer as bases que fazem da Catalunha uma sociedade pacífica”.