A equipa do ‘Life Berlengas’ colocou uma câmara que transmite em direto para a Internet o desenvolvimento da cria dentro do seu ninho.
O acompanhamento online desta família de cagarras dentro do seu ninho é dinamizado pela Life Berlengas, um projeto coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Câmara Municipal de Peniche, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo ainda a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politécnico de Leiria como observador.
A equipa da ‘Life Berlengas’ colocou uma câmara que transmite em direto para a internet – através do site www.berlengas.eu/ninho-ao-vivo – a vida desta família dentro do seu ninho. As Berlengas são o único local no continente onde a cagarra, uma ave marinha, nidifica, apesar de poderem ser observadas em toda a costa continental.
O ovo foi posto no início de junho e esteve a ser incubado pelos progenitores. Agora é possível observá-los a revezarem-se na alimentação à cria. É durante o início da noite que o ninho apresenta maior atividade, podendo ser observadas as diversas interações desta família de cagarras. A cria será alimentada até outubro, altura em que também deixará o ninho e tornar-se-á autónoma.
“Geralmente as cagarras nidificam em cavidades debaixo do solo, com pouca luminosidade, onde põem e incubam o seu único ovo. Mas por sorte, os suaves raios de sol que entram neste ninho são suficientes para permitir uma imagem a cores entre as 15h e as 17h de cada dia. Durante o restante período de tempo, as imagens serão maioritariamente a preto e branco”, explica a equipa.
O casal agora em evidência tem sido seguido anualmente pelos investigadores ao longo dos últimos anos. A fêmea terá pelo menos 18 anos – “pois foi anilhada em 2007 quando já alimentava a sua cria”, explicam – enquanto o macho “parece ser mais jovem, estimando-se uma idade de pelo menos 11 anos”. Refira-se que as cagarras podem viver muito para além dos 30 anos de idade
Estas aves marinhas toleram ventos fortes e águas agitadas, passando a maioria da sua vida no mar aberto, só vindo a terra na altura da reprodução. Nidificam em fendas rochosas de falésias e no solo, em cavidades naturais ou em buracos escavados. Em 2011, a população foi estimada em cerca de 1000 casais. Desde a década de 1980 tem-se registado um aumento de cerca de 10% ao ano da população reprodutora nas Berlengas, como resultado de medidas de conservação, em grande parte implementadas pela SPEA.
Joana Andrade, coordenadora do ‘Life Berlengas’, acredita que “esta iniciativa vai certamente aproximar uma ave pouco conhecida das pessoas, dando a conhecer os tão peculiares hábitos de reprodução desta ave marinha, e acompanhando o crescimento e desenvolvimento da única cria deste casal que faz da Berlenga o seu lar”. O projeto iniciou-se a 1 de junho de 2014 e manter-se-á até 30 de setembro de 2018, com um investimento total de cerca de 1,4 milhões de euros e o co-financiamento do Programa LIFE+ da União Europeia
As Berlengas são um arquipélago português composto por ilhas graníticas, situado no oceano Atlântico, a 5,7 milhas a oeste do cabo Carvoeiro. Dependem administrativamente da freguesia de São Pedro, no concelho de Peniche, sub-região Oeste.
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