Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto (UPorto) está a desenvolver um estudo sobre os efeitos da atividade física, realizada de forma sistemática, na diminuição da sintomatologia e da neurodegenerescência de tecidos afetados pela doença de Alzheimer e pelo envelhecimento.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto (UPorto) está a desenvolver um estudo sobre os efeitos da atividade física, realizada de forma sistemática, na diminuição da sintomatologia e da neurodegenerescência de alguns tecidos afetados pela doença de Alzheimer e pelo envelhecimento.
O projeto chamado “Efeitos da atividade física ao longo da vida na disfunção cerebral – Relevância dos mecanismos mitocondriais na doença de Alzheimer e no Envelhecimento” começou em 2013, pelo Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da FADEUP.
Em declarações à Lusa, o coordenador José Magalhães disse que através dos “benefícios já reconhecidos do exercício físico noutros contextos da doença” pretendem “perceber de que forma esta ferramenta não farmacológica pode também atenuar ou reverter algumas consequências deletérias associadas a esta patologia”.
Segundo o investigador, a mitocôndria está “implicada na produção de espécies reativas de oxigénio e na sinalização celular. Por isso, pensa-se ter um papel fundamental nos mecanismos de adaptação induzidos pelo exercício físico em muitas patologias”.
Este estudo, em particular, centra-se no papel do exercício na funcionalidade de “um organelo celular muito associado à produção de energia à produção de energia, mas que desempenha outras funções celulares, a mitocôndria”, esclareceu António Ascensão, outro dos coordenadores do projeto.
O estudo é realizado com cobaias animais, nos quais os investigadores induziram condições que mimetizam a disfunção cognitiva associada a esta patologia, explicou José Magalhães.
Utilizando animais distribuídos por vários grupos experimentais, nos quais é ou não induzida a patologia e é imposta ou não a prática de exercício físico, é desvendada uma panóplia de condições que permite aos investigadores analisar e comparar os diferentes resultados.
Através deste processo, é possível verificar em que medida as características comportamentais ou bioquímicas associadas à doença podem ser atenuadas ou revertidas pela prática regular de exercício físico, esclareceu o coordenador. A prática de exercício físico, “ainda que mecanicamente centrada no músculo esquelético, promove a libertação de um conjunto de proteínas e moléculas que a partir dele se espalham para todo o corpo, acabando por ter efeitos à distância e afetando positivamente um conjunto importante de órgãos”, sublinhou António Ascensão.
Este projeto surgiu na sequência de outros trabalhos realizados pelo mesmo grupo, nos quais foram observados efeitos benéficos do exercício físico na melhoria da funcionalidade de diversos tecidos, nomeadamente no tecido cardíaco, hepático ou adiposo.
Na investigação colaboram ainda investigadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, da Universidade de Coimbra e do Departamento de Fisiologia e Imunologia da Faculdade de Biologia da Universidade de Barcelona.
O projeto, que finaliza em inícios de 2017, foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em cerca de 100 mil euros.
Alzheimer em Portugal
Em Portugal, o aumento de doentes com Alzheimer está profundamente ligado com o envelhecimento da população. Cerca de 180 mil pessoas sofrem de demências no nosso país, das quais 130 mil têm a doença de Alzheimer. Esta doença neurodegenerativa é caracterizada pela perda das funções cognitivas do indivíduo, incluindo a linguagem e a memória, e tende a uma maior prevalência nos próximos anos, devido, precisamente, ao contínuo envelhecimento da população.
No campo científico, sabe-se o que se passa de errado no cérebro do doente, mas não se conhece ainda a causa da patologia. Infelizmente, os tratamentos disponíveis são apenas parcialmente eficazes, não havendo uma cura. No entanto, não será errado afirmar que a doença de Alzheimer é a forma de demência mais investigada no sentido de descobrir medicamentos eficazes, inclusivamente por Universidades portuguesas, como a de Coimbra, e espera-se que nos próximos anos surjam novos tratamentos para este tipo de doentes.
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