A emigração portuguesa tem sido uma constante desde a II Guerra Mundial.Segundo estimativas das Nações Unidas e do Banco Mundial havia, em 2013, entre dois milhões e 2,300,000 de portugueses emigrados, e que representavam mais de 20% da população residente em Portugal. Em termos relativos, Portugal é assim, o país da União Europeia com mais emigrantes.
A emigração portuguesa tem sido uma constante desde a II Guerra Mundial, embora com intensidade variável. Até meados dos anos 60, tratou-se de uma emigração predominantemente intercontinental, com a América e as ex-colónias de África como destinos principais. A partir de então dirigiu-se sobretudo para a Europa, com um curto interregno na década que se seguiu à Revolução de 1974.
Integração faz crescer a emigração
A emigração voltou a crescer de forma gradual e continuada em consequência da integração de Portugal na Comunidade Económica Portuguesa, em 1986. A liberdade de circulação no espaço europeu, que inclui os países da União Europeia e da EFTA, explica porque nesta fase a emigração portuguesa se concentrou ainda mais na Europa. Em 2010 não só residiam no conjunto dos países europeus mais de dois terços dos portugueses emigrados como se dirigiram para a Europa mais de 85% dos emigrantes que nesse ano saíram de Portugal.
A estagnação do crescimento económico em Portugal que se seguiu à entrada no Euro, bem como a consequente pressão depressiva sobre o investimento público, traduziram-se num crescimento da emigração nas duas primeiras décadas do século XXI. Esse crescimento seria interrompido com a crise de 2008 mas acabaria por regressar, ainda mais fortemente a partir do ano de 2010.
Os efeitos da crise sobre a emigração portuguesa variaram ao longo dos últimos anos. Entre 2008 e 2010, a natureza global da crise financeira e, em particular, o seu impacto no emprego em Espanha, então o principal destino da emigração portuguesa naqueles anos, traduziram-se num decréscimo de saídas. Desde 2010, com a chamada crise das dívidas soberanas e os efeitos recessivos das políticas de austeridade, a emigração passou a crescer mais do que antes da crise.
Segundo estimativas das Nações Unidas e do Banco Mundial havia, em 2013, entre dois milhões e 2,300,000 de portugueses emigrados, e que representavam mais de 20% da população residente em Portugal. Em termos relativos, Portugal é assim, o país da União Europeia com mais emigrantes.
A população portuguesa que reside no conjunto dos países da OCDE continua a envelhecer. Entre 2000 e 2010, a percentagem de emigrantes portugueses idosos cresceu 80%, enquanto a percentagem de adultos em idade ativa, entre os 25 e os 64 anos, aumentou apenas 10%. Ou seja, o contributo da atual vaga emigratória, mais jovem, é ainda insuficiente, na maioria dos países de destino, para compensar o envelhecimento das gerações anteriores
Entre 2003 e 2013, as maiores variações no número de naturais de Portugal residentes no estrangeiro foram registadas na Noruega (+11%), Espanha (+7%), Suíça (+6%) e Reino Unido (+5%). Na mesma década, os principais países com variação negativa foram o Brasil (-5%) e a Venezuela (-4%).
Reino Unido é o principal destino
Na fase atual destacam-se como destinos principais o Reino Unido, a Suíça, a França e a Alemanha. O Reino Unido constitui, hoje, não só o principal destino da emigração, como o mais importante polo de atração dos emigrantes portugueses qualificados.
Nos destinos europeus da emigração portuguesa típica dos anos 60, as populações portuguesas emigradas são numerosas e envelhecidas embora estejam também em crescimento. A recente retoma da emigração portuguesa para países como a Alemanha, França e Luxemburgo foi já suficiente para inverter a tendência para a estabilização ou mesmo diminuição das populações portuguesas aí residentes, mas não para compensar o seu envelhecimento em consequência da interrupção dos fluxos no período pós-1974.
Finalmente, nos novos destinos da emigração portuguesa as populações emigradas são jovens e estão em crescimento, embora com padrões já variáveis. O destaque vai para três países: a Suíça, com uma história de emigração portuguesa intensa mais longa, desde a segunda metade dos anos 1980; o Reino Unido, que é hoje o principal destino da emigração portuguesa e ainda numa fase de grande crescimento; e a Espanha, a atravessar uma fase de declínio como destino migratório desde a crise financeira de 2008, em consequência da recessão nos sectores da construção que tinham sido responsáveis pela atracão de mão-de-obra pouco qualificada no período anterior.
Mais qualificação da mão-de-obra
A nova emigração portuguesa é mais qualificada. Porém, com os dados disponíveis, dos censos de 2010/11, não é possível afirmar que essa maior qualificação seja superior à maior qualificação da população portuguesa em geral. Até aquela data, o crescimento da população emigrada com um diploma do ensino superior fez-se ao mesmo ritmo do crescimento da população portuguesa diplomada. No entanto, com o colapso pós-2008 do maior fluxo de emigração portuguesa desqualificada do século XXI, para Espanha, e o crescimento da emigração para novos destinos como o Reino Unido, é possível que esteja a haver mudanças na estrutura das qualificações da emigração ainda não registadas.
O crescimento da emigração nos últimos anos tem já tradução na variação do valor das remessas recebidas em Portugal. Em termos nominais, esse valor subiu mais de 10% ao ano desde 2011. Neste ano, o valor total das remessas de emigrantes recebidas em Portugal ultrapassou os três mil milhões de euros, o que correspondeu a cerca de 1.8% do PIB. Em termos relativos, Portugal é hoje um dos países da União Europeia em que é maior o impacto económico das remessas. Os dois países onde residem mais portugueses, França e Suíça, foram também os países de origem de mais de metade das remessas recebidas em Portugal em 2013.
Entre 2012 e 2013, o valor das remessas recebidas em Portugal subiu 10% em termos nominais e 9% em percentagem do PIB. Em 2013, as remessas de emigrantes foram superiores a três mil milhões de euros, o que correspondeu a cerca de 1.8% do PIB. Portugal foi, em 2012, o 29º país do mundo que mais remessas de emigrantes recebeu.
Fenómeno sempre em crescimento
Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da sua população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora do país em que nasceu. O crescimento do número de portugueses emigrados foi, nas duas últimas décadas, superior ao crescimento da população residente em Portugal. Só em 2013 saíram do país cerca de 110.000 portugueses.
A crise económica terá muitas responsabilidades nos números desta nova fase da emigração, mas também a vontade de alargar horizontes, explorando novos mercados e novas oportunidades principalmente nas gerações mais jovens. terá contribuido decisivamente para que esta seja uma realidade que vai continuando a fazer de Portugal um país de emigração ao contrário daquilo que muitos pensavam ainda há bem pouco tempo.
Números que são notícia
– Em 2013, terão entrado nos países de destino pelo menos 110 mil portugueses, quase três vezes mais do que em 2001.
– O Reino Unido é o país para onde emigram mais portugueses: 30 mil em 2013. Entre 2012 e 2013, o número de entradas cresceu 47%.
– A nova emigração portuguesa é mais qualificada do que no passado. A percentagem dos diplomados cresceu mais de 50%, passando de 7%, em 2001, para 17%, em 2011.
Contudo mais de 60% da população emigrada nos países da OCDE continua a ter apenas a escolaridade básica. Os emigrantes das anteriores vagas da emigração portuguesa, menos qualificados, são ainda muito mais numerosos do que os novos emigrantes.
– Dos 16 países mais importantes de destino dos portugueses, dezsão europeus. A emigração portuguesa é, hoje, uma emigração basicamente europeia.
– Em 2013 os portugueses foram a nacionalidade mais representada entre os novos imigrantes que entraram no Luxemburgo e em França. Na Suíça foram a segunda nacionalidade mais representada e no Reino Unido e Brasil a quinta.
– A França é ainda o país do mundo com maior número de portugueses emigrados, ultrapassando o meio milhão de indivíduos (592.281 em 2011).
– A Suíça é o segundo país do mundo onde residem mais emigrantes portugueses, em número superior a 200 mil (211.451 em 2013).
– Os portugueses são a segunda nacionalidade mais numerosa entre a imigração na Suíça (9% dos imigrantes) e a terceira maior população imigrante a residir em França (11% do número total de imigrantes).
– Mais de um quinto (22%) dos estrangeiros que obtiveram a nacionalidade luxemburguesa em 2013 eram portugueses.
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