A 20ª edição do SISAB PORTUGAL, que está a decorrer em Lisboa até quarta-feira, contou com a presença do Primeiro-Ministro, dos ministros da Agricultura e da Economia e do secretário de Estado da Agricultura, no primeiro dia do evento.
Este ano a grande novidade foi a necessidade de ampliar o espaço do Meo Arena com uma tenda de 2.500 metros para acolher os milhares de participantes que como habitualmente fazem do evento a maior plataforma de negócios de produtos portugueses do agro-alimentar. As membros do governo presentes não deixaram de elogiar profundamente o trabalho do SISAB PORTUGAL, que ao longo destes vinte anos tem contribuído decisivamente para que cada vez hajam mais empresas portuguesas na exportação.
“São 20 anos de percurso da maior feira do mundo de marcas e produtos portugueses, apenas dedicada à exportação”, apresentou Carlos Morais na conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro de Portugal, no final da visita que Pedro Passos Coelho fez ao Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas.
O CEO do SISAB PORTUGAL, cuja primeira edição decorreu em 1995, recordou o percurso de duas décadas do certame, considerando quem este fez uma autêntica “travessia do deserto” para levar a sociedade em geral a “aperceber-se da importância deste setor e desta feira em particular”.
“Isto é para todos um motivo de orgulho e o reconhecimento de que o trabalho vale a pena”, sublinhou o fundador do SISAB PORTUGAL, que ouviu logo depois do Chefe do Governo, um elogio ao seu empreendedorismo e à importância da feira. “Quero felicitar esta iniciativa por conseguir atrair para Portugal tantos interessados nos nossos produtos, na nossa produção, no setor alimentar e agrícola”, elogiou Pedro passos Coelho que visitou o certame no fim da manhã do primeiro dia.
O primeiro-ministro lembrou que tem procurado marcar presença todos os anos num evento “que tem vindo a ganhar dimensão”. E reforçou a opinião já expressa em edições anteriores por defender ser “muito importante”: a do SISAB PORTUGAL “se realizar em decorrência de um empreendedorismo do Carlos Morais, que não tendo nenhuma associação profissional, não tendo nenhuma plataforma institucional, conseguiu construir uma rede de contatos absolutamente notável que permite que esta seja não apenas a maior mostra de produtos agrícolas e alimentares portugueses para todo o mundo, como seja também aquela que consegue atrair mais visitantes, mais potenciais clientes e futuros consumidores de produtos portugueses”.
Um princípio que Pedro Passos Coelho considera mais relevante, sobretudo porque “ao longo dos anos, temos tido um crescimento muito significativo das nossas exportações”. “E sem prejuízo do trabalho notável que as empresas portuguesas fizeram e têm feito, soluções como esta são também muito importantes para impulsionar essas exportações. Como todos sabem, o agroalimentar foi também uma das áreas em que nós mais crescemos nos últimos anos”, destacou o primeiro-ministro que percorreu a extensa área do certame, que durante três dias ocupa a totalidade do MEO Arena, em Lisboa.
Exportações aumentam 7,8%
E foi justamente o aumento das exportações no agroalimentar, um setor que tem vindo a crescer nos últimos anos, que a ministra da Agricultura começou por destacar aos jornalistas, no final da visita que fez ao certame.
Assunção Cristas aproveitou a sua presença no SISAB PORTUGAL para revelar em primeira mão que em 2014, Portugal “voltou a ter um record nas exportações do setor agroalimentar”. E explicou a notícia com números. “O défice do setor agroalimentar, em 2014, reduziu 683 milhões de euros. Isto significa que tem havido um esforço muito grande, conjugado por um lado pelo aumento de exportações – aumentaram 7,8 por cento em relação ao ano anterior – e pela diminuição das importações – que diminuíram 2,9 por cento”, revelou a titular da pasta da Agricultura que atribuiu as ‘boas notícias’ ao trabalho “das empresas e dos empresários portugueses ajudados por iniciativas como o SISAB”, que considerou “extraordinariamente importantes” por trazerem a Portugal importadores que levarão os produtos portugueses a todo o mundo.
“As nossas empresas, o nosso setor e também o SISAB (PORTUGAL) estão de parabéns. É um trabalho que não termina, há sempre a procura de novos mercados e por isso deve juntar sempre o setor privado e o setor público”, defendeu a ministra que aproveitou ainda para parabenizar o certame pelos 20 anos de realização.
“Queria felicitar o SISAB PORTUGAL que faz este ano 20 anos. Penso que iniciativas como esta são de relevar, é um trabalho muito intenso, de muitos anos. Esta é uma feira que foi crescendo ano após ano e vemos hoje aqui a excelência dos nossos produtos e o melhor que se faz no nosso país em todos os domínios do setor agroalimentar”, elogiou.
Questionada ainda sobre as perspetivas deste setor para 2015, Assunção Cristas disse que este vai ser “um ano exigente”, que obrigará todas as empresas e também o governo português “a darem o melhor de si para encontrar alternativas, para apoiar as empresas a nível internacional”, procurando diversificar o mais possível os destinos potenciais das empresas portuguesas no setor agroalimentar.
Mais 40% de exportações em 2014 do que em 2009
Também o ministro da Economia destacou os 20 anos do SISAB PORTUGAL, sublinhando que duas décadas a promover Portugal e as empresas portuguesas “é um feito de assinalar”, sem deixar de assinalar o crescimento do certame em relação a anos anteriores. “Estamos numa feira que neste momento se apresenta reforçada relativamente ao ano passado e nos anos anteriores ajudando Portugal, de uma forma relevante, a tornar-se uma economia mais exportadora”, afirmou António Pires de Lima, acrescentando que esta é uma ação que deve ser devidamente realçada.
Sobre as empresas portuguesas presentes, disse que estas são “uma boa montra da capacidade que os portugueses têm demonstrado, de mudar de paradigma”, em termos de competição.
O ministro da Economia avançou também com números, referindo que as empresas portuguesas bateram em 2014 o seu recorde de exportações, “superando os 70 mil milhões de euros, quase mais 40 por cento do que aquilo que Portugal exportava em 2009”. E apesar de falar em situações “mais complexas e que precisam de algum acompanhamento do governo”, referindo-se às empresas portuguesas em Angola, Pires de Lima afirmou-se “muito confiante” de que em 2015 a economia portuguesa vai continuar a bater recordes em termos de exportações. “Vai crescer mais do que em 2014 que já foi um ano de viragem para continuarmos a reduzir a taxa de desemprego para criar oportunidades de emprego para os portugueses”, afiançou.
E citou o agro-industrial, representado por excelência no SISAB PORTUGAL, como um setor que tem dado um contributo “muito especial” à economia portuguesa, “crescendo quase 10 por cento em 2014”.
“Em 2015 certamente iremos repetir esta proeza”, acredita o governante, sublinhando que apresar da crise económica e financeira, esta é uma época “exigente mas de esperança”. Pires de Lima afirmou ainda que a evolução do euro “também ajuda a esta dinâmica de exportação” e à redução do desemprego em Portugal que chegou a atingir quase os 18%, há pouco mais de dois anos, e neste momento é praticamente de 13%, recordou. “Essa é a prioridade económica e social do governo”, finalizou o ministro acrescentado que o seu Ministério vai continuar “a trabalhar em aliança com o sector privado para que esta taxa seja cada vez menor”.
Tenda de 2.500 metros é novidade
Uma das características do SISAB PORTUGAL são as inovações apresentadas pela organização a cada ano. Na edição de 2015, a grande novidade foi a tenda de 2.500 metros quadrados para servir as degustações e que pretendeu dar aos participantes um maior conforto durante as degustações. Apenas como curiosidade, para ilustrar a sua grandiosidade diga-se que o novo espaço tem capacidade para albergar um avião comercial, mas no SISAB PORTUGAL tem outros fins. Para além de conferir uma maior dignidade às degustações, sempre de primordial importância num evento deste género, tem também a capacidade de se transformar numa fantástica sala de espetáculos onde a luz e o som conferiram um ambiente especial. Nesta edição a nova tenda acolheu a grande intérprete Ana Bacalhau e cumpriu ainda a sua função criando um ambiente verdadeiramente único na atuação dos oito cantores líricos, cedidos pelo teatro S. Carlos, que interpretaram temas clássicos adaptados ao SISAB PORTUGAL.
Importadores elogiam variedade de produtos
Entre 2 e 4 de Março, estiveram presentes no Meo Arena importadores de vários mercados estratégicos no setor agroalimentar. Refira-se que nesta edição do SISAB PORTUGAL, segundo a organização, estiveram presentes importadores de cerca de 110 países, com um especial reforço para a região do Magrebe.
Alguns dos importadores, que falaram com o «Mundo Português» no primeiro dia do evento, estiveram pela primeira vez no SISAB PORTUGAL, elogiando a variedade e a qualidade dos produtos portugueses. Foi o caso de Álvaro Moreira, importador da Guiné-Bissau.
“É a primeira vez que estou aqui e desde já estou a constatar o profissionalismo desta feira”, referiu a este jornal. “Os produtos portugueses são muito bem vistos na Guiné-Bissau. Não digo isto por estar aqui, a verdade é que Portugal é sinónimo de qualidade e eu quero importar por isso: porque os produtos são bons e são reconhecidos”, disse ainda ao Mundo Português.
Também Cyril Ladergourdie, importador de vinhos na Dinamarca, marcou presença pela primeira vez, e revelou ao «Mundo Português» que “os produtos portugueses e Portugal já são conhecidos na Dinamarca”. “Fundei a empresa Ladergourdie Vinimport, que hoje é gerida pela minha filha. Quero encontrar bons vinhos portugueses para importarmos”, disse ainda o importador dinamarquês.
Também Manuel Oliveira veio do Canadá especialmente para o certame. Proprietário da Beira Mar Importers, este minhoto natural de Braga, reside há 34 anos em Vancouver e trabalhou sempre com importação de produtos alimentares.
De Portugal importa conservas, produtos congelados, enlatados entre outros produtos. Nesta edição, veio à procura de azeites, conservas e peixe, mas acabou por descobrir os pastéis de nata de uma empresa presente que vai fazê-lo alargar o seu portfólio de produtos portugueses. E diz com orgulho que “os canadianos já estão a descobrir os nossos produtos.
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