Um verão mais suave com temperaturas mais amenas pode ter contribuido decisivamente para um ano de menos fogos florestais. O ICNF em documento agora tornado público refere igualmente que o número de incêndios também diminuiram para metade, tendo-se registado 6.406 incêndios, menos 53 por cento do que em 2013 entre o período de janeiro e 31 de agosto, e que desta forma torna este ano o melhor dos últimos dez anos em termos de ocorrências de fogos florestais. “Comparando os valores registados no ano de 2014 com o histórico dos últimos 10 anos (2004-2013), destaca-se menos 60 por cento de ocorrências e menos 87 por cento de área ardida”, refere ainda o relatório.
O relatório acrescenta que no distrito do Porto a percentagem de fogachos é de 94 por cento. Já os distritos com maior área ardida foram Guarda, Porto, Coimbra e Bragança, com 1.779, 1.323, 1.310 e 1.125 hectares, respetivamente.
No distrito do Porto, cerca de 72 por cento da área ardida corresponde a apenas ao incêndio que lavrou no concelho de Amarante, a 15 de junho, e, em Coimbra, cerca de 84 por cento da área ardida diz respeito ao fogo que deflagrou na Pampilhosa da Serra a 25 de agosto.
Da análise mensal dos incêndios, o ICNF sublinha que os valores até 31 de agosto do número de ocorrências e da área ardida foram, à exceção do mês de maio, “substancialmente inferiores às respetivas médias mensais dos últimos dez anos, com diferenças mais expressivas no meses de fevereiro, julho e agosto”.
Segundo o relatório, agosto foi o mês com maior número de incêndios, com 2.103 fogos, seguido de julho, que registou 1.267. Também a maior área ardida registou-se em agosto (4.142 hectares) e em junho (2.068).
De acordo com o ICNF, este ano registaram-se 14 grandes incêndios, que queimaram 4.445 hectares de espaços florestais, cerca de 38 por cento do total da área ardida, tendo o maior incêndio ocorrido na Pampilhosa da Serra, que consumiu uma área de espaços florestais de 1.097 hectares.
Bombeiros com muito trabalho
ALVOCO DA SERRA
O incêndio no lugar de Alvoco da Serra, foi combatido por 144 bombeiros apoiados por 42 viaturas. O fogo começou por volta da hora do almoço em Teixeira de Cima e só foi dominado pela madrugada.
ALMEIDA
O fogo que lavrou no concelho de Almeida consumiu uma área de pinhal e mato de cerca de 2.000 hectares, disse à agência Lusa o presidente da câmara. Segundo António Baptista Ribeiro, a área ardida ainda está a ser apurada, mas “calcula-se que se situe entre 1.500 a 2.000 hectares”. O incêndio, que começou junto da localidade de Senouras/Leomil, avançou em direção à povoação de Aldeia Nova, na margem esquerda do rio Côa, e depois passou para a margem direita, seguindo na rota das localidades de Junça, Naves e Almeida, indicou.
Nas aldeias de Junça e de Naves, as chamas rodearam as habitações e armazéns, o mesmo acontecendo na área periférica da vila de Almeida, junto do rio Côa, onde se localizam casas isoladas.No entanto, segundo o autarca, durante a progressão das chamas “ardeu essencialmente mato e pinheiros” e uma pequena casa de arrumos, junto a Almeida. “Regista-se um elevado prejuízo ambiental, mas não há registo que houvesse grandes prejuízos de bens e as pessoas também não estiveram em perigo”, observou.
António Baptista Ribeiro disse ainda que, durante o combate às chamas, dois bombeiros e dois sapadores sofreram ferimentos ligeiros e sentiram-se indispostos. Um dos homens teve um entorse num pé e os restantes sofreram queimaduras leves e sentiram-se mal devido à inalação de fumos. O presidente da Câmara Municipal de Almeida lembra que o incêndio “teve uma proporção enormíssima, porque há muita manta vegetal e muito mato”. “Tinha várias frentes e, a certa altura, calculei que chegou a ter uma frente muito próxima dos 10 quilómetros de extensão”, acrescentou.
O autarca lamentou que em algumas localidades ameaçadas pelas chamas tenha verificado que os terrenos em redor das povoações não se apresentavam limpos. “É inadmissível que, pelo menos junto às povoações, as pessoas não limpem o mato”, disse. Em sua opinião, as autoridades “terão que atuar com maior firmeza porque, senão, todos os anos acontecerão os mesmos casos”. “Temos que ser implacáveis nestas exigências”, afirmou, lembrando que o fogo também tomou “proporções gigantescas porque não se faz a limpeza dos matos” que invadiram os terrenos agrícolas. Indicou que em alguns locais os proprietários limparam os terrenos, mas os vizinhos não tiveram a mesma postura e as chamas progrediram na mesma. O incêndio florestal que começou junto da localidade de Senouras/Leomil chegou a ser combatido por 288 bombeiros, apoiados por 79 viaturas.
GUARDA (VENTOZELOS)
Na localidade de Ventozelos, concelho de Boticas, Guarda, as chamas deflagraram ao princípio da tarde numa zona de mato e foram combatidas por 102 bombeiros, 27 veículos e dois helicópteros.
AVelãs da ribeira
Um incêndio com uma frente ativa lavrou numa zona de floresta desde e foi combatido por 59 homens, ajudados por 14 veículos e dois aviões bombardeiros.
TORRE DE MONCORVO
Um incêndio com três frentes ativas em Cabeça Boa, Torre de Moncorvo, mobilizou 92 bombeiros e 23 veículos, de acordo com a Proteção Civil.
SEIA
Os dois fogos que lavraram em dois locais distintos do concelho de Seia, consumiram uma área superior a 500 hectares de floresta. O gabinete florestal da Câmara Municipal de Seia ainda está a realizar o levantamento da área ardida e dos prejuízos causados pelas chamas, mas fonte da autarquia adiantou que “basicamente arderam matos de regeneração natural e uma pequena área de pinheiro bravo com cerca de 11 anos”.
OLHÃO
Um incêndio florestal que deflagrou perto de Alfandanga, em Olhão, obrigou ao corte da circulação de comboios na linha que liga Faro a Vila Real de Santo António durante duas horas. A circulação esteve interrompida durante o tempo que os bombeiros levaram a dominar o incêndio. Estiveram também envolvidos no combate ao fogo 59 operacionais de cinco corporações de bombeiros do Algarve e da GNR. O incêndio deflagrou numa zona próxima da linha ferroviária do Algarve, no troço entre a Fuzeta e Tavira
MÊDA
Um incêndio destruiu um armazém agrícola na localidade de Sapateira, concelho de Mêda.
O fogo “destruiu por completo” o armazém e queimou alfaias e diversos materiais agrícolas que se encontravam no interior. As chamas destruíram dois tratores agrícolas, um reboque, uma máquina enxofradora e mais de uma centena de recipientes utilizados no transporte de uvas. No local do incêndio estiveram os bombeiros voluntários de Mêda, com 22 homens e seis viaturas, e elementos da GNR.
VINHAIS
Mais de 100 operacionais apoiados por cinco meios aéreos combateram o incêndio com uma frente ativa que lavrou na Serra da Coroa, concelho de Vinhais, Bragança. Na luta contra as chamas estiveram 125 operacionais – mais do dobro dos 60 destacados inicialmente e 35 veículos, três aviões bombardeiros e dois helicópteros.
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