A Around Knowledge surgiu na sequência de um desafio feito por um professor da faculdade de CIências da Universidade do Porto, a três jovens investigadores universitários portugueses. Fundada em 2009, criou um dispositivo inovador que permite saber em tempo real a localização de pessoas, independentemente das condições atmosféricas ou do espaço onde se encontram. O BIPS já recebeu vários prémios, um das quais vai permitir aos três jovens empreendedores estagiarem durante três meses em Silicon Valley, Estados Unidos.
Integrada na INSerralves, a incubadora de Fundação de Serralves, a Around Knowledge foi criada por Diana Almeida, 26 anos, Roberto Ugo di Cera, 29, e Suzy Vasconcelos, 30, três ex-investigadores universitários das Universidades de Boston, Scotland West, King College de Londres e Porto, com experiência em Segurança e Computação, Redes de Pesquisa Operacional e Marketing Research. “Quando criamos uma empresa e somos tão novos, há sempre uma expectativa, mas a verdade é que não acreditávamos que pudéssemos estar onde estamos. Os primeiros meses são sempre muito complicados, é quando a realidade toma conta de nós, mas mesmo assim foram três anos muito intensos e queremos chegar ainda mais longe”, destacou Suzy Vasconcelos ao MUNDO PORTUGUÊS. Atualmente, a Around Knowledge integra uma equipa muito jovem constituída por 16 pessoas, com idades entre os 22 e os 33 anos.
Em Novembro de 2011, a Around Knowledge foi uma das duas empresas inovadoras portuguesas a vencer o concurso GSI Accelerators Start Up Challenge, e que vai permitir aos três jovens empreendedores estagiarem na Plug and Play Tech Centre (PPTC), o maior centro de incubação tecnológica de Silicon Valley, nos Estados Unidos. O centro, que é considerado um mini-Silicon Valley, alberga o Pavilhão de Portugal, espaço onde Suzy, Diana e Roberto vão «instalar» a Around Knowledge, por três meses. Financiamentos, parcerias de negócio, clientes e uma rede de contatos internacional, são as oportunidades que a estadia no PPTC vai proporcionar.
A viagem já está marcada para janeiro, e a decisão de ir apenas agora teve a ver com o facto de terem decidido terminar o principal projeto que estavam a desenvolver, antes do o apresentarem nos Estados Unidos. “Adiamos a decisão porque queríamos ir para lá com o nosso produto já com o teste piloto feito, para chegarmos já com provas dadas da nossa tecnologia e ser mais fácil conseguir clientes e possíveis investidores”, explicou Suzy Vasconcelos, revelando a existência de um investidor americano com o qual já estão em contacto.
O produto em questão é o BIPS-Tagless Real Time Location System, que já venceu outros prémios, entre os quais o concurso «Caixa Empreender +», promovido pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa em parceria com o MIT-Portugal, a Caixa Capital (Grupo Caixa Geral de Depósitos), o Deshpande Center for Innovation e a Sloan Business School, que lhes valeu um apoio financeiro de 200 mil euros.
Trata-se de uma ferramenta que permite saber em tempo real – através da radiofrequência emitida por telemóveis – a localização de pessoas, independentemente das condições atmosféricas ou do espaço onde se encontram, de maneira eficiente, fiável e respeitando a privacidade de cada um. Baseado em tecnologias de baixo custo, o BIPS permite a recolha de informações importantes em várias áreas, como o controlo de tráfego e a segurança, entre outras. “É o informatizar dos estudos de mercado, porque conseguimos saber rotas, tendências, número de pessoas, sem nunca identificá-las. No fundo estamos a responder a perguntas que os estudos de mercado também respondem, mas de uma maneira informatizada e em tempo real, em vez de fazer os inquéritos e a nossa informação é verdadeira”, revelou a investigadora.
Numa rua pedonal, o dispositivo consegue identificar quantas pessoas a percorreram para fazer compras e em que lojas ou quantas foram apenas almoçar e onde. O mesmo princípio aplica-se a uma grande variedade de situações, como a contagem de participantes em manifestações. Foi o que a empresa fez, pela primeira vez, no dia 13 de outubro, durante a manifestação que decorreu um pouco por todo o país. Foi definido um perímetro com um raio de alcance de 30 metros e todos os dispositivos telemóveis catados pelo BIPS, foram contabilizados. O controlo de tráfego é outra área de utilização do BIPS. “Já fizemos um teste piloto em trânsito e conseguimos saber numa determinada rua, por exemplo, a matriz onde vêm os carros, onde viram, para onde vão naquela rua, uma informação importante para perceber, por exemplo, e é preciso colocar mais passadeiras ou mais uma faixa para autocarros, se será melhor uma rotunda em vez de semáforos, etc”, explicou Suzy Vasconcelos. A equipa está a terminar os testes piloto a tempo de começar a comercialização do BIPS em janeiro de 2013.
Entretanto, tem já outros projetos em desenvolvimento, como o «aroundPorto», uma aplicação que permite consultar os eventos diários agendados para toda a semana na cidade do Porto, com informação sobre local, mapa, custos associados e outras relevantes. Com a aplicação pode-se também apontar com o telemóvel para um dos estabelecimentos da base de dados, aparecendo no visor a indicação dos eventos marcados para esse local.
“Foi ideia de um colaborador da empresa. No fundo é uma aplicação móvel sobre a vida noturna mais alternativa do Porto: as lojas e bares que ninguém conhece. É destinada a um público mais jovem mas a sua conceção foi mesmo para servir de cartão de visitas quando fossemos a um cliente. Como a empresa é jovem e do Porto, resolvemos apostar numa aplicação mais dinâmica. É um projeto pequenino, mas é mesmo o cartão de visitas da empresa”, revela Suzy Vasconcelos. O aplicativo, que entretanto foi remodelado há pouco mais de um mês é já um sucesso, com 13.749 downloads feitos, tanto por moradores da cidade, como por turistas.
A empresa está ainda a realizar uma parceria com a VPorto, uma aplicação que fornece as mais variadas informações e serviços sobre a cidade Invicta, estando responsável pelo desenvolvimento da parte tecnológica.
Ideias e projetos não faltam, “falta é tempo”, lamenta a investigadora que não sente que Portugal esteja a desvalorizar o empreeendedorismo e a inovação. “Nestes últimos anos estamos (em Portugal) a dar mais ênfase à inovação e penso que neste momento de crise, Portugal precisa de gente a apostar em ideias novas”, afirma Suzy Vasconcelos acrescentando por outro lado, que a sua geração cresceu numa cultura “onde o arriscar é sempre difícil, porque (a sociedade) não lida bem com a falha”, o que leva em muitos casos a haver pessoas muito competentes que decidem ir para o estrangeiro por sentirem que não são valorizadas.
“As pessoas têm muito medo de arriscar e falhar serem depois conotadas com essa falha. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas tentam criar empresas, uma, duas, três vezes, e quanto mais empresas tiverem, desde que não cometam os mesmos erros, até são valorizadas pelos próprios investidores, pelo seu dinamismo”, exemplifica, defendendo que em Portugal quem falha uma vez, normalmente fica estigmatizada. “Hoje, estamos a tentar mudar mentalidades, nas universidades e com os concursos de empreendedorismo, mas a verdade é que ainda temos um longo percurso pela frente”, acrescenta.
Mesmo assim, Suzy, Diana e Roberto não pensam deslocar a sua empresa do porto nem de Portugal. Preferem deslocar-se sempre que for necessário apresentar um dos projetos ou fazer um contacto novo, e regressar ao Porto. “Gostamos de Portugal e é aqui que queremos crescer. Não podemos prever o futuro, e não quer dizer que não possamos abrir subsidiárias fora do país, se tudo correr bem. Mas num futuro Próximo não estamos a pensar sair de Portugal”, garante.
Em Novembro de 2011, a Around Knowledge foi uma das duas empresas inovadoras portuguesas a vencer o concurso GSI Accelerators Start Up Challenge, e que vai permitir aos três jovens empreendedores estagiarem na Plug and Play Tech Centre (PPTC), o maior centro de incubação tecnológica de Silicon Valley, nos Estados Unidos. O centro, que é considerado um mini-Silicon Valley, alberga o Pavilhão de Portugal, espaço onde Suzy, Diana e Roberto vão «instalar» a Around Knowledge, por três meses. Financiamentos, parcerias de negócio, clientes e uma rede de contatos internacional, são as oportunidades que a estadia no PPTC vai proporcionar.
A viagem já está marcada para janeiro, e a decisão de ir apenas agora teve a ver com o facto de terem decidido terminar o principal projeto que estavam a desenvolver, antes do o apresentarem nos Estados Unidos. “Adiamos a decisão porque queríamos ir para lá com o nosso produto já com o teste piloto feito, para chegarmos já com provas dadas da nossa tecnologia e ser mais fácil conseguir clientes e possíveis investidores”, explicou Suzy Vasconcelos, revelando a existência de um investidor americano com o qual já estão em contacto.
O produto em questão é o BIPS-Tagless Real Time Location System, que já venceu outros prémios, entre os quais o concurso «Caixa Empreender +», promovido pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa em parceria com o MIT-Portugal, a Caixa Capital (Grupo Caixa Geral de Depósitos), o Deshpande Center for Innovation e a Sloan Business School, que lhes valeu um apoio financeiro de 200 mil euros.
Trata-se de uma ferramenta que permite saber em tempo real – através da radiofrequência emitida por telemóveis – a localização de pessoas, independentemente das condições atmosféricas ou do espaço onde se encontram, de maneira eficiente, fiável e respeitando a privacidade de cada um. Baseado em tecnologias de baixo custo, o BIPS permite a recolha de informações importantes em várias áreas, como o controlo de tráfego e a segurança, entre outras. “É o informatizar dos estudos de mercado, porque conseguimos saber rotas, tendências, número de pessoas, sem nunca identificá-las. No fundo estamos a responder a perguntas que os estudos de mercado também respondem, mas de uma maneira informatizada e em tempo real, em vez de fazer os inquéritos e a nossa informação é verdadeira”, revelou a investigadora.
Numa rua pedonal, o dispositivo consegue identificar quantas pessoas a percorreram para fazer compras e em que lojas ou quantas foram apenas almoçar e onde. O mesmo princípio aplica-se a uma grande variedade de situações, como a contagem de participantes em manifestações. Foi o que a empresa fez, pela primeira vez, no dia 13 de outubro, durante a manifestação que decorreu um pouco por todo o país. Foi definido um perímetro com um raio de alcance de 30 metros e todos os dispositivos telemóveis catados pelo BIPS, foram contabilizados. O controlo de tráfego é outra área de utilização do BIPS. “Já fizemos um teste piloto em trânsito e conseguimos saber numa determinada rua, por exemplo, a matriz onde vêm os carros, onde viram, para onde vão naquela rua, uma informação importante para perceber, por exemplo, e é preciso colocar mais passadeiras ou mais uma faixa para autocarros, se será melhor uma rotunda em vez de semáforos, etc”, explicou Suzy Vasconcelos. A equipa está a terminar os testes piloto a tempo de começar a comercialização do BIPS em janeiro de 2013.
Entretanto, tem já outros projetos em desenvolvimento, como o «aroundPorto», uma aplicação que permite consultar os eventos diários agendados para toda a semana na cidade do Porto, com informação sobre local, mapa, custos associados e outras relevantes. Com a aplicação pode-se também apontar com o telemóvel para um dos estabelecimentos da base de dados, aparecendo no visor a indicação dos eventos marcados para esse local.
“Foi ideia de um colaborador da empresa. No fundo é uma aplicação móvel sobre a vida noturna mais alternativa do Porto: as lojas e bares que ninguém conhece. É destinada a um público mais jovem mas a sua conceção foi mesmo para servir de cartão de visitas quando fossemos a um cliente. Como a empresa é jovem e do Porto, resolvemos apostar numa aplicação mais dinâmica. É um projeto pequenino, mas é mesmo o cartão de visitas da empresa”, revela Suzy Vasconcelos. O aplicativo, que entretanto foi remodelado há pouco mais de um mês é já um sucesso, com 13.749 downloads feitos, tanto por moradores da cidade, como por turistas.
A empresa está ainda a realizar uma parceria com a VPorto, uma aplicação que fornece as mais variadas informações e serviços sobre a cidade Invicta, estando responsável pelo desenvolvimento da parte tecnológica.
Ideias e projetos não faltam, “falta é tempo”, lamenta a investigadora que não sente que Portugal esteja a desvalorizar o empreeendedorismo e a inovação. “Nestes últimos anos estamos (em Portugal) a dar mais ênfase à inovação e penso que neste momento de crise, Portugal precisa de gente a apostar em ideias novas”, afirma Suzy Vasconcelos acrescentando por outro lado, que a sua geração cresceu numa cultura “onde o arriscar é sempre difícil, porque (a sociedade) não lida bem com a falha”, o que leva em muitos casos a haver pessoas muito competentes que decidem ir para o estrangeiro por sentirem que não são valorizadas.
“As pessoas têm muito medo de arriscar e falhar serem depois conotadas com essa falha. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas tentam criar empresas, uma, duas, três vezes, e quanto mais empresas tiverem, desde que não cometam os mesmos erros, até são valorizadas pelos próprios investidores, pelo seu dinamismo”, exemplifica, defendendo que em Portugal quem falha uma vez, normalmente fica estigmatizada. “Hoje, estamos a tentar mudar mentalidades, nas universidades e com os concursos de empreendedorismo, mas a verdade é que ainda temos um longo percurso pela frente”, acrescenta.
Mesmo assim, Suzy, Diana e Roberto não pensam deslocar a sua empresa do porto nem de Portugal. Preferem deslocar-se sempre que for necessário apresentar um dos projetos ou fazer um contacto novo, e regressar ao Porto. “Gostamos de Portugal e é aqui que queremos crescer. Não podemos prever o futuro, e não quer dizer que não possamos abrir subsidiárias fora do país, se tudo correr bem. Mas num futuro Próximo não estamos a pensar sair de Portugal”, garante.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
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