O MUNDO PORTUGUÊS falou com George Aboagye, do Centro de Investimentos Ganeses e que chefiava a missão que nos falou da grande ligação a Portugal: “As relações já existem e são boas, agora queremos fazer ainda mais negócios juntos e há um imenso campo a explorar onde isso é possível, nomeadamente na construção”. E um dos argumentos que que pensam atrair o investimento português é tranquilidade do país: “O Gana é actualmente um país democrático com eleições que se vivem num imenso quadro de estabilidade e paz, o que e se reflecte no desenvolvimento económico do país. Neste momento os sectores mais desenvolvidos são a energia, em especial o petróleo e o gas, e precisamos de desenvolver a indústria da agricultura”.
Quem acompanhou esta acção de charme do Gana foi o Banco Espírito Santo por intermédio do Presidente do BES-Cabo Verde que disse ao MUNDO PORTUGUÊS que “fomos para Cabo Verde apoiar a economia local mas sempre com o objectivo maior de poder intervir na Costa ocidental africana entre o paralelo do Senegal até ao Gabão. Fizemos alguns estudos que mostraram que o Gana é a melhor, maior e mais estável economia desta região, excluindo obviamente a Nigéria. Foi extraordinária a fo rma rápida e decidida com que o Gana reagiu a esta nossa vontade de estarmos presentes nesta região africana”.
Apesar disso não é ainda parta já a abertura do banco no Gana “A missão do BES é em primeiro lugar a abertura de portas para os seus clientes e novas oportunidades. Se o negócio vier, obviamente que o BES fará tudo o que tiver ao seu alcance para estar perto dos seus clientes, mas o que é importante é que não há negócios possíveis se não tivermos estruturas próprias para ajudar e essa é a razão pela qual no mês de Julho antes deste Gana Day, termos celebrado um protocolo extremamente importante e abrangente como segundo maior banco pan-africano – O Ecobank que está hoje em 32 países africanos e é perfeitamente complementar com as presenças físicas do BES”…
De qualquer forma algumas áreas de negócio parecem estar mais amadurecidas e Pedro Cudell aponta-as “diria que para Portugal os principais sectores são todos os que estão ligados à construção, desde portos, estradas, pontes, escolas. Depois há um segundo sector importante que é o da energia, O gana tem uma necessidade imediata de 3.000 megawats adicionais a serem produzidos até 2015. As energias renováveis têm aqui uma grande importância e como se sabe, Portugal tem esse know-how e por isso há aí qualquer coisa que mos permitirá entrar neste país
O terceiro grande sector, é o agro-business, tudo o que se relacione com a parte industrial agrícola, onde o Gana tem necessidades especiais, e onde se tem afirmado como o “gateway” to África”.
Para além disto tudo, o Gana é um país extremamente seguro e tranquilo, o que só por si pode ter um significado especial.
“No meu coração combino sempre as duas nacionalidades” – António Fernandes
Claro que em qualquer lugar do mundo tem de existir um português. António Fernandes, natural de Ponte de Frielas (LOURES) foi o primeiro português a chegar ao país nos tempos modernos. “Orgulho-me de ser o primeiro português no Gana depois dos portugueses terem sido expulsos do território pelos holandeses no século XVII.”
Trabalhava em Portugal na indústria hoteleira e um dia foi convidado por um empresário do Gana para ir trabalhar num Hotel em Acra. “Infelizmente quando cheguei ao país as coisas não estavam muito boas a nível económico e por isso esse projecto parou por aí mesmo”. No entanto a terra e a simpatia dos seus habitantes desde logo o cativaram e por isso decidiu ficar no Gana tendo começado a trabalhar na área do comércio de peixe, fazendo a distribuição para diversos clientes, nomeadamente a maior mina de ouro no Gana que era a Anglo-Gold que já tinha 13.000 mineiros. “Os negócios diversificaram-se e actualmente estou também na área das telecomunicações com uma empresa que desenvolve sistemas de GPS no Gana, tendo como sócio a MTM, a maior companhia de telemóveis em África com quem estabeleceu uma sociedade”.
Confessa-nos que o Petróleo no Gana tem mudado muito o pais. O governo é obrigado mensalmente a publicar nos jornais as contas das vendas do petróleo. Assim toda a gente sabe o que se exporta e o dinheiro que se fez.
Para além disso o Gana é o grande exemplo da democracia em África, pois em 2008 o partido no poder perdeu as eleições por apenas 20.000 votos numa votação de sete milhões de eleitores e a transição de poder foi fantástica e pacifica.
Longe vão os tempos em que António Fernandes era o único português no Gana, hoje já há muitos que estão na área da construção e por isso também há muitos portugueses a trabalhar para essas empresas…
“No meu coração consigo sempre combinar as duas nacionalidades e o meu grande sonho, é haver uma embaixada portuguesa no país, até para cimentar a relação histórica com Portugal, já que foi no Gana que se construiu o Forte de S. Jorge da Mina e foi a primeira cidade a ter um foral pelo nosso rei de então onde já existia um sistema de taxas e uma organização social”…
António Fernandes, cidadão com o coração “dividido ao meio”, com tanto de ganês como português não esconde que ainda há pobreza no Gana com 28 por cento da população abaixo do limiar de pobreza definido pela ONU, mas acredita que vai mudar nos próximos anos. E pessoalmente acalenta o sonho de unir cada vez mais Portugal ao Gana: “Todos os meus sonhos entre Portugal e Gana se irão concretizar e sobretudo a nível cultural quero trabalhar para relembrar a muita história entre os dois países, porque foi o ouro do Gana que deu origem ao famoso Cruzado de Ouro que foi praticamente a primeira moeda de ouro da época na Europa, isto em pleno século XVI”.
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