A VOLTA A PORTUGAL desta semana segue rumo à Beira Interior. Começamos o nosso passeio na localidade de Figueira de Castelo Rodrigo, terra de valioso património edificado. Seguimos depois para Almeida, onde se come uma bela açorda de alho, damos ainda um salto ao Fundão, no planalto da Cova da Beira, e terminamos o passeio em Oleiros, onde o tempo já convida a um mergulho de rio.
Os campos de cereais e as árvores de fruto conferem à paisagem rural uma beleza dificilmente igualável, enobrecida ainda mais pela imponente arquitectura religiosa, com igrejas e capelas de rara beleza.
Hoje, a vila de Figueira e o seu concelho são conhecidos e reconhecidos pelo seu rico património monumental, pela beleza das suas paisagens, pelo sabor da sua gastronomia e dos seus vinhos e pela hospitalidade das suas gentes.
Nesta localidade, destaque para o Castelo de Castelo Rodrigo, que se localiza na vila e freguesia de mesmo nome. Em posição dominante sobre a ribeira de Aguiar, ao sul da planície de Ribacôa, constituía-se em local de passagem para os peregrinos que, da Beira Baixa, se dirigiam a Santiago de Compostela pelo caminho que na Idade Média ia da Guarda a Barca d’Alva, encontrando abrigo no vizinho Convento de Santa Maria de Aguiar. Actualmente os muros do castelo envolvem a povoação, integrante do Programa Aldeias Históricas.
Almeida
Vista do ar, a vila de Almeida, classificada como Aldeia histórica, parece uma estrela de 12 pontas, tantas quantos os baluartes e revelins que rodeiam um espaço com um perímetro de 2.500 metros. Esta notável praça-forte foi edificada nos séculos XVII-XVIII, em redor de um castelo medieval, num local importantíssimo como ponto de defesa estratégico da região – um planalto a cerca de 12 quilómetros da linha fronteira com Espanha, definida pelo Tratado de Alcanices em 1297, data em que Almeida passou a ser portuguesa.
No interior da fortificação, vale a pena visitar o conjunto harmonioso do casario, e numerosos edifícios religiosos e civis espalhados por ruas estreitas que conservam a atmosfera de outros tempos. Para além desta povoação, a dramática paisagem do vale do rio Côa, que corre entre rochedos e fragas, nunca deixa de impressionar quem por lá passa.
Destaque aqui também para a Praça-forte de Almeida, que é considerada, juntamente com a Praça-forte de Elvas, como a mais monumental das praças do país. Confrontava-se com o Real Fuerte de la Concepción, no lado oposto da fronteira; para o Castelo de Castelo Bom, que se ergue em posição dominante num cabeço rochoso, sobranceiro ao rio Côa, cuja travessia defendia; o Castelo de Castelo Mendo, fortificação secundária na raia fronteiriça de Ribacôa, ergue-se em posição domi-nante sobre um cabeço rochoso sobranceiro ao ribeiro de Cadelos e ao rio Côa, integrando o conjunto bem preservado da vila medieval; a Fortaleza de Almeida, que se julga terá sido um local habitado desde a pré-história, com uma povoação fortificada, que na época da Reconquista Cristã da Península foi conquistada pelo reino de Leão aos árabes.
Em Almeida encontrará também uma rica e apreciada gastronomia, que vai desde os famosos enchidos e queijos até aos diversos pratos concebidos à base de caça da região, como o são o coelho à caçador e o arroz de lebre. Com tradição existem também os pratos de cabrito e borrego assados, a burzigada, a açorda de alho e a salada de Meruges.
Na doçaria, Almeida tem para oferecer o pão-de-ló, o doce de abóbora, a marmelada, o doce de tomate e cereja, a bola doce e a bola parda, bem regadas a ginja e jeropiga.
Fundão
Localizada no sopé da Serra da Gardunha, no planalto da Cova da Beira, o Fundão é uma cidade a cerca de 500 metros de altitude.
Esta é uma região de terrenos muito férteis, sabiamente explorados ao longo dos séculos, onde grandes produções de fruta são famosas, nomeadamente a cereja do Fundão.
É também um local com vestígios de ocupação humana desde remotas épocas, com legados arqueológicos de civilizações castrejas e romanas. Testemunhos desses tempos áureos são muitas das ricas igrejas e esplêndidos palacetes e casas brasonadas, muitas delas hoje transformadas em unidades de turismo de habitação e ecológico de qualidade.
A história do Fundão enquanto centro urbano preeminente é condicionada desde o início pelos cristãos-novos, assim como a dos concelhos vizinhos de Belmonte e da Covilhã. Após a expulsão dos judeus espanhóis em 1492 pelos reis católicos Fernando e Isabela, grande número de refugiados veio a estabelecer-se na Cova da Beira, onde já havia minorias judaicas significativas. Foram estes imigrantes, fundando bairros dos quais o mais importante se situava em volta da Rua da Cale, que permitiram ao local Fundão assumir as dimensões de uma verdadeira cidade. O influxo de mercadores e artesãos judeus transformaria a cidade num centro importante para o comércio e a indústria.
No fim do século XVIII, o então primeiro-ministro do reino, o Marquês de Pombal, após equiparar legalmente os cristãos-novos aos cristãos-velhos, procurou restaurar a preeminência económica da cidade, fundando a Real Fábrica de Lanifícios, onde hoje está situada a Câmara Municipal. Nessa altura voltaram a ser exportados em quantidade os tecidos de lã do Fundão. A cidade foi saqueada durante as Inva-sões Francesas, e voltou a sofrer durante a Guerra Civil. O Fundão foi elevado a cidade em 19 de Abril de 1988.
Oleiros
Oleiros é uma vila portuguesa pertencente ao distrito de Castelo Branco.
A sua capacidade de atracção sobre o resto do concelho é manifestamente superior aos restantes aglomerados, porque detém uma posição chave na estrutura posicional de oferta e acesso a bens e serviços. Paralelamente, é o aglomerado de maior volume populacional e urbanístico. Terra de paisagem quase sempre grandiosa, Oleiros dispõe, um pouco por todo o concelho, de imensos locais capazes de proporcionar excelentes panorâmicas.
A Vila de Oleiros fica situada na zona do pinhal interior sul, sendo um dos concelhos do distrito de Castelo Branco. Dispõe um pouco por todo o concelho de locais excelentes de lazer, tais como rios, albufeiras, praias fluviais e miradouros de excelente panorâmica.
Na zona geológica em que Oleiros se situa predominam dois tipos de rochas: o xisto e a argila. Os xistos aparecem aqui nas suas cores negro-azulado e, por vezes, no seu tom amarelado característico. A argila encontra-se também umas vezes amarelada, outras vezes esbranquiçada, mas quase sempre muito impura e com detritos. Talvez, por isso, o solo é seco e de fraco potencial agrícola.
O clima de Oleiros é de invernos rigorosos, com noites geladas, geadas e mesmo neve. O verão é escaldante e intempestivo. É um local de ares puros e saudáveis, para o que contribui o facto de a floresta que cobre montes e vales ser constituída por pinheiros e eucaliptos.
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