Será que os brasileiros conhecem verdadeiramente o seu «povo irmão»? Ou sobressaem ainda os antigos clichés – o dono da padaria, o bacalhau, o vira, N. Sra de Fátima, os imigrantes de grandes bigodes que na sua maioria se chamam Manuel, António ou Joaquim, entre outros? Uma historiadora brasileira, que viveu em Portugal e foi professora na Universidade do Minho, tenta responder a algumas questões sobre um povo quase milenar. «O que faz dos portugueses, portugueses?» é uma das perguntas que Ana Silvia Scott se propõe responder no livro «Os Portugueses», lançado recentemente no Brasil.
O que faz dos portugueses, portugueses, o seu sentimento em relação à língua, como «olham» os brasileiros em Portugal e como são vistos por estes, no Brasil. Estas são algumas questões que a historiadora pretende responder no livro «Os Portugueses», lançado este mês no Brasil pela editora Contexto. “Quando pensamos nos portugueses, logo vêm à mente: o fado, a saudade, as viagens marítimas e os colonizadores, Camões, Nossa Senhora de Fátima, os imigrantes de «bigodões» ou tamancos, as piadas, o bacalhau, o vira e o cantor Roberto Leal, o dono da padaria da esquina… Não necessariamente todas elas e nem nessa ordem, mas certamente várias dessas indefectíveis imagens surgirão”, começa por dizer a autora na introdução da obra.
Mas Ana Sílvia Scott sublinha que Portugal está para além dessas imagens. “Podemos associar Portugal a assuntos muito diferentes”, destaca a autora, dando como exemplo as Santas Casas de Misericórdia, espalhadas pelo mundo desde o século XVI, a expansão marítima portuguesa que permitiu ligar o Velho e o Novo «mundo» ou José Saramago, até hoje o único autor que escreveu na língua de Camões reconhecido internacionalmente com o Nobel de Literatura. E ainda Manoel de Oliveira, director premiado em Veneza e Cannes, os futebolistas Luis Figo e Cristiano Ronaldo, a estilista Ana Salazar, entre outros.
Os vínculos de Portugal com o Brasil são também analisados. Ana Sílvia Scott fala das relações entre os dois povos e os países que têm oscilado ao longo do tempo. “Em alguns momentos foram mais próximas, em outros, distantes. Amistosas ou tensas. Com interesses comuns ou conflitantes”, diz a autora, para acrescentar que de uma forma ou de outra não se pode ignorar que muito da história de Portugal e Brasil está interligada, “desde o desembarque dos portugueses no Novo Mundo, no século XVI, até hoje, por conta do intenso fluxo migratório de brasileiros para Portugal nas três últimas décadas”.
O livro está dividido em três partes. A primeira «O que faz dos portugueses, portugueses», trata de temas importantes para se entender os protagonistas: os relacionamentos contraditórios de Portugal com o Brasil, os traços fundamentais que definem o povo e o país – os contrastes entre as regiões e as pessoas, a ligação vital e secular ao mar, as navegações – e anda a complexa relação com os espanhóis e os movimentos populacionais que contribuíram para a identidade portuguesa.
Na segunda parte, «Uma história em cinco actos», a autora começa por falar nos povos que estiveram no origem dos portugueses, e destaca a história até os finais do século XVI. Prossegue com a consolidação do Império Colonial até independência do Brasil e as tentativas de Portugal de sobreviver às perdas territoriais e económicas, a procura de novos caminhos, passando pela monarquia constitucional, a Primeira República, o período salazarista e a Revolução dos Cravos. “A partir de então, nem melhor, nem pior: diferente. Observamos com detalhes o processo que converteu a potência atlântica em um «Portugal europeu», estabelecendo uma nova etapa em que os portugueses não esqueceram do passado, pelo contrário, continuam a ele recorrendo para dar sentido ao seu lugar no mundo”, lê-se ainda na introdução da obra.
No epílogo, a autora junta “todos os fios dessa teia” que diz ter sido construída com base numa extensa pesquisa histórica, inúmeras leituras e também “na experiência pessoal de uma brasileira que viveu anos em Portugal e observou de perto os portugueses”. E deixa o convite: “Vamos agora soltar as amarras e embarcar nessa viagem para «descobrir» Portugal e os portugueses”.
Mas Ana Sílvia Scott sublinha que Portugal está para além dessas imagens. “Podemos associar Portugal a assuntos muito diferentes”, destaca a autora, dando como exemplo as Santas Casas de Misericórdia, espalhadas pelo mundo desde o século XVI, a expansão marítima portuguesa que permitiu ligar o Velho e o Novo «mundo» ou José Saramago, até hoje o único autor que escreveu na língua de Camões reconhecido internacionalmente com o Nobel de Literatura. E ainda Manoel de Oliveira, director premiado em Veneza e Cannes, os futebolistas Luis Figo e Cristiano Ronaldo, a estilista Ana Salazar, entre outros.
Os vínculos de Portugal com o Brasil são também analisados. Ana Sílvia Scott fala das relações entre os dois povos e os países que têm oscilado ao longo do tempo. “Em alguns momentos foram mais próximas, em outros, distantes. Amistosas ou tensas. Com interesses comuns ou conflitantes”, diz a autora, para acrescentar que de uma forma ou de outra não se pode ignorar que muito da história de Portugal e Brasil está interligada, “desde o desembarque dos portugueses no Novo Mundo, no século XVI, até hoje, por conta do intenso fluxo migratório de brasileiros para Portugal nas três últimas décadas”.
O livro está dividido em três partes. A primeira «O que faz dos portugueses, portugueses», trata de temas importantes para se entender os protagonistas: os relacionamentos contraditórios de Portugal com o Brasil, os traços fundamentais que definem o povo e o país – os contrastes entre as regiões e as pessoas, a ligação vital e secular ao mar, as navegações – e anda a complexa relação com os espanhóis e os movimentos populacionais que contribuíram para a identidade portuguesa.
Na segunda parte, «Uma história em cinco actos», a autora começa por falar nos povos que estiveram no origem dos portugueses, e destaca a história até os finais do século XVI. Prossegue com a consolidação do Império Colonial até independência do Brasil e as tentativas de Portugal de sobreviver às perdas territoriais e económicas, a procura de novos caminhos, passando pela monarquia constitucional, a Primeira República, o período salazarista e a Revolução dos Cravos. “A partir de então, nem melhor, nem pior: diferente. Observamos com detalhes o processo que converteu a potência atlântica em um «Portugal europeu», estabelecendo uma nova etapa em que os portugueses não esqueceram do passado, pelo contrário, continuam a ele recorrendo para dar sentido ao seu lugar no mundo”, lê-se ainda na introdução da obra.
No epílogo, a autora junta “todos os fios dessa teia” que diz ter sido construída com base numa extensa pesquisa histórica, inúmeras leituras e também “na experiência pessoal de uma brasileira que viveu anos em Portugal e observou de perto os portugueses”. E deixa o convite: “Vamos agora soltar as amarras e embarcar nessa viagem para «descobrir» Portugal e os portugueses”.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
Deixe um comentário