Foi para pedir "paz, saúde e emprego" a Nossa Senhora de Fátima que milhares de peregrinos rumaram a Almada no primeiro dia das comemorações dos 50 anos do Cristo Rei.
“Vim pedir paz, saúde e emprego porque, da maneira como isto anda, mal se consegue sobreviver”, afirma Josefina Figueira, que vive no Pragal e desceu, a pé, até Cacilhas, acompanhada pelo filho Miguel para “rever a Nossa Senhora”, a quem tem, “desde sempre, uma grande devoção”.
O bispo auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, afirmou, na abertura das celebrações do cinquentenário, que “a crise iria, provavelmente, favorecer uma maior mobilização para as comemorações”, uma vez que, defendeu, “em situações difíceis, as pessoas vão ao essencial – à fé – procurar respostas e caminhos”.
Carlos Santos chegou de metro, que vinha “a abarrotar, como é normal num dia tão especial como este”, afirmou. “Não acontece todos os dias podermos receber a imagem da Nossa Senhora. Vim pedir-lhe saúde e trabalho, estou desempregado”, concluiu.
“Olha o lencinho, para dizer adeus à Virgem. Olha a velinha, para alumiar a fé”, apregoam Florbela e Elisabete Oliveira, vendedoras ambulantes, para quem “este é um momento maravilhoso, de grande fé, mas com pouco negócio feito”.
“Viemos pedir pela paz, pela saúde e pelo negócio, que nesta margem está cada vez mais fraco”, dizem.
Para Palmira Figueira, não há palavras para descrever a emoção que sente: “A Nossa Senhora vir cá foi a melhor coisa que me podia ter acontecido”, garante, explicando, de vela na mão, cada figura colada na sua camisola, feita por si “para este dia tão especial”.
“Há 50 anos menos um dia estava na inauguração do Cristo Rei, com oito aninhos”, afirma Zulmira Narra. “Recordo-me perfeitamente de que andava na catequese. Vestiram-nos a bata branca e levaram-nos para a celebração”, conta.
Zulmira recorda-se de “estar muito aborrecida com os atrasos na cerimónia”: “Lembro-me como se fosse hoje do calor que estava. Foi um dia muito quente. Estivemos duas horas à espera e só hoje descobri porquê”, conta.
“O Dr. Salazar não queria cruzar-se com o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes”, segreda.
Zulmira considerou a procissão “lindíssima”: “Não vou com frequência à igreja mas tenho as minhas conversas com os santos”, afirma. “Hoje pedi saúde e paz para todos e um emprego para o meu marido e para o meu filho, que estão desempregados”.
As comemorações do cinquentenário do Cristo Rei terminam hoje, às 16:00, no Santuário, com uma missa presidida pelo Cardeal D. José Saraiva Martins, representante do Vaticano.
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