Os pedidos de ajuda nas paróquias aumentaram 30 por cento desde Novembro, tendo a Cáritas criado novas formas de ajudar estas famílias para manter a sua dignidade: dá dinheiro para o supermercado e subsídios para as rendas e os estudos.
As zonas mais afectadas continuam a ser o Grande Porto, o Vale do Tâmega e Vale do Ave, com “preocupantes” números de desempregados. Mas também começam a surgir casos inquietantes em alguns concelhos de Lisboa e da Península de Setúbal.
Com o agravamento da crise no final do ano passado e o aumento do desemprego, às mais de quatro mil paróquias de todo o país passaram a chegar regularmente novos casos de famílias endividadas.
“Temos zonas do país cujas dioceses identificaram um acréscimo entre os 30 e os 40 por cento e outras que se situam nos 10 por cento. Em todas tem havido aumento, que em termos médios nacionais se situa nos 30 por cento”, conclui Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, que falava à Lusa a propósito do Simpósio “Reinventar a Solidariedade”, organizado pela Conferência Episcopal, e que se realiza amanhã, integrado nas comemorações dos 50 anos do monumento a Cristo-Rei.
“Estas são pessoas que se encontram em situação de carência mas que se poderão libertar dela se a acção for adequada”, defende o responsável.
Crise leva ao abandono escolar
Para além das dificuldades em pagar a alimentação, a saúde e a habitação, a permanência das crianças na escola tem sido uma das grandes lutas das famílias portuguesas. “Uma preocupação que está a ser muito notória é a das famílias que não conseguem assegurar a permanência dos seus filhos na universidade”, concretiza o presidente da instituição.
Para combater o abandono escolar, a Cáritas tem atribuído subsídios para “pagar propinas ou alugueres dos quartos” dos estudantes universitários assim como as mensalidades dos infantários.
O pagamento das rendas de casa e dos empréstimos aos bancos são outras das ajudas prestadas pela instituição, que beneficia da proximidade das paróquias com a população para identificar quem tem reais necessidades.
Além de continuar a servir refeições para as famílias levarem para casa, a instituição passou também a “entregar dinheiro às pessoas para que possam ir ao supermercado como qualquer outro cidadão”. Uma medida para garantir que ninguém é “estigmatizado”.
Mas Eugénio Fonseca lança um alerta: “É preciso ter cuidado com as medidas a aplicar, senão facilmente se corre o riscos de criar dependências e o que importa é criar condições para que as pessoas se libertem da situação em que se encontram”.
Para a Cáritas, a “estratégia adequada” passa por dar apoio financeiro mas também por incentivar a encontrar trabalho para os desempregados e, “sempre que haja condições, entusiasmar as pessoas a criar o seu próprio posto de trabalho”.
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