A 5, 6 e 7 deste mês, o Palácio das Necessidades foi o palco do Seminário Diplomático, evento que reúne anualmente em Lisboa todos os embaixadores portugueses. Os diplomatas foram informados pelos governantes sobre a presidência portuguesa da CPLP, as prioridades estratégicas no âmbito da União Europeia e a rede consular e a comunidade portuguesa. O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o chefe da diplomacia brasileira, Celso Amorim, também participaram no Seminário, como oradores convidados.
À tarde, os diplomatas portugueses ouviram o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, sobre “A presidência portuguesa da CPLP”, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Teresa Ribeiro, sobre “Prioridades estratégicas no âmbito da União Europeia”, e o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, sobre “A rede consular e a comunidade portuguesa”.
No final desse dia, o Presidente da República, Cavaco Silva, ofereceu uma recepção aos embaixadores portugueses.
No dia seguinte, a 6, terça-feira, os trabalhos foram orientados para as questões económico-financeiras, ener-géticas e ambientais, com oradores como o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, os presiden-tes da Galp, Ferreira de Oliveira, e da EDP, António Mexia, e os economistas António Nogueira Leite e Silva Lopes.
No dia 7, os embaixadores reuniram com o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta.
“Trabalhar, agir e reagir”
No seu discurso aos diplomatas, o responsável pela diplomacia portuguesa, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, afirmou que a crise internacional evidenciou os problemas estruturais de Portugal e interrompeu o esforço de correcção do Governo. No seu entender, no entanto, é determinante manter a actual linha de rumo para que o país possa adaptar-se à nova realidade.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se também ao impacto da moeda única europeia na economia portuguesa, afirmando que Portugal se “adaptou mal” ao Euro. Em seu entender, esta mudança fez sobressair problemas estruturais, como a existência de um “Estado pouco eficiente, uma economia pouco competitiva e uma sociedade com pouca autonomia”.
Luís Amado defendeu que “é abolutamente indispensável” combater esta realidade e fazer o possível para que, precisamente, Portugal tenha um “Estado mais eficiente”, uma “economia mais competitiva” e uma “sociedade menos dependente”.
Neste contexto, entende o Ministro, a política externa e a carreira diplomática em particular têm uma “importante responsabilidade”, na medida em que “têm o privilégio único e singular de representar os interesses do país num momento em que é preciso mais trabalho para resolver esta situação difícil”.
Assim, explicou, os diplomatas “têm de conhecer bem a situação do país e compreender bem o que se passa no mundo”, para poderem “trabalhar, agir e reagir”.
Na opinião de Luís Amado, essa “primeira prioridade a assumir em 2009” deve desenvolver-se em duas vertentes.
A primeira, de “promoção e defesa dos interesses económicos” portugueses, “mobilizando os centros de decisão e acção para a promoção da imagem do país, atracção de investimento, promoção dos produtos portugueses e captação de turismo”.
A segunda, de um “acompanhamento meticuloso do desenvolvimento desta crise internacional nos vários centros de observação e de decisão”, que deve traduzir-se numa “indispensável capacidade para gerar, produzir e gerir informação fundamental para que os vários centros de decisão do Governo possam estar dotados da informação mais adequada para as decisões que têm de tomar”.
“Atenção à comunidade portuguesa”
Na recepção aos embaixadores promovida pela Presidência da República, Cavaco Silva pediu à diplomacia portuguesa para juntar esforços “neste ano difícil”, sublinhando a necessidade de ser dada uma “atenção particular” às comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.
“Aos diplomatas, peço uma atenção particular à comunidade portuguesa”, afirmou o Chefe de Estado.
Recordando a grande contribuição das comunidades portuguesas no estrangeiro para a estabilização da economia portuguesa através das remessas enviadas para Portugal, Cavaco Silva alertou para a importância que essas mesmas comunidades voltam agora a ter neste tempo de crise.
Entre os desafios que se irão colocar em 2009, o Presidente da República destacou a necessidade de “mais do que nunca” Portugal precisar de reter os investimentos já realizados no país, assim como a importância de “olhar para as oportunidades dos diferentes mercados” estrangeiros.
Por outro lado, lembrou ainda o chefe de Estado, em 2009 Portugal preside à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e este será um “ano chave” para a “tarefa difícil” da candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Este “será um ano difícil, mas estou certo de que a diplomacia portuguesa estará à altura das tarefas que terá de desempenhar”, sublinhou Cavaco Silva.
O Seminário Diplomático deste ano encerrou com a realização do Fórum dos Embaixadores, com a presença do presidente do AICEP, Basílio Horta, no qual foi apresentada e discutida a política económica externa de Portugal, conforme pode ler na caixa acima.
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