A União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) vai realizar uma campanha para mobilizar os homens contra a violência doméstica. Dados do Observatório das Mulheres Assinadas, uma estrutura criada pela UMAR, revelam que este ano 43 mulheres morreram em consequência de actos de violência doméstica. É o número mais alto desde 2004.
«Eu não sou cúmplice» é o lema da campanha, que vai mobilizar os homens para subscreverem um abaixo-assinado de repúdio contra “toda e qualquer violência contra as mulheres”. Em conferência de imprensa, a UMAR anunciou também uma iniciativa específica no distrito do Porto na tarde do dia 22.
De acordo com dados do Observatório das Mulheres Assinadas, o Porto foi o distrito onde mais mulheres foram este ano vítimas de homicídio (17), seguido de Lisboa (13). A iniciativa do Grande Porto incluirá homenagens a mulheres assassinadas em locais do Grande Porto como Valongo, São Roque (Porto), Moreira da Maia e Valongo (serra).
Os dados da UMAR, referentes ao período entre o início deste ano e 18 de Novembro, apontam para a morte de 43 mulheres vítima de violência de género, nas relações de intimidade, às mãos dos maridos, companheiros, namorados, ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados. No mesmo período registaram-se também 64 tentativas de homicídio.
Estes números, “que pecam por defeito”, segundo a UMAR, superam todos os registados pela organização desde 2004, altura em que o número de mulheres que perderam a vítima em resultado de violência doméstica foi de 42.
Já em 2005, o número de vítimas desceu para 36, fixou-se em 37 no ano seguinte e desceu para 21 em 2007. Na contabilidade global desde 2004, assinala-se assim que Portugal já registou 182 mortes de mulheres por violência doméstica. Segundo os dados divulgados na conferência de imprensa, em 28 por cento dos casos registados este ano, a relação da mulher vítima mortal e do homicida já estava quebrada quando o crime aconteceu.
Para além das 43 mulheres assassinadas, foram igualmente assassinadas cinco vítimas associadas – filhos, pais ou outros familiares das mulheres. O maior número de vítimas situou-se na faixa etária entre 24 e os 35 anos, indicando que as vítimas são cada vez mais jovens, tal como os agressores.
Para Artemisa Coimbra, responsável pelo Observatório das Mulheres Assinadas, estes dados são “aterradores” e Maria José Magalhães, dirigente da UMAR, defende que o agudizar da situação justifica a criação de rede de apoio, segurança e protecção das vítimas de violência doméstica e suas famílias.
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