Os advogados dos pais de Madeleine McCann estão analisar o livro do ex-inspector da Judiciária Gonçalo Amaral sobre o caso e poderão incluir num "provável" processo por difamação os jornais portugueses que reproduzirem o seu conteúdo.
"Os advogados estão a analisar o livro, mas só vão agir quando estiverem prontos", afirmou hoje à agência Lusa o porta-voz dos pais de Madeleine, Clarence Mitchell.
Embora a decisão de avançar com o processo ainda não tenha sido tomada, Mitchell estima que "provavelmente haverá um processo" nos tribunais portugueses.
Em causa está o livro "Maddie – a verdade da mentira", publicado em Portugal na quinta-feira, no qual o ex-responsável da Polícia Judiciária sustenta a sua tese para explicar o desaparecimento de Madeleine desde 03 de Maio de 2007, de um complexo hoteleiro na Praia da Luz (Algarve), onde passava férias com os seus pais, Kate e Gerry McCann, e os dois irmãos gémeos.
Na obra, Gonçalo Amaral, que entretanto se aposentou da PJ, alega que a criança, então com três anos, morreu no apartamento onde a família estava instalada e lança a suspeita que os pais terão participado na ocultação do cadáver.
"Tento em conta que o Procurador-Geral da República disse claramente esta semana que não existe qualquer prova de que tenha sido cometido qualquer crime por Kate, Gerry ou Robert Murat, então eles são inocentes aos olhos da lei em Portugal", retorque o porta-voz dos McCann.
"O que o Sr. Amaral faz com estas sugestões de que não são inocentes é difamação e é por isso que os advogados actuarão", sublinha.
Quanto à imprensa portuguesa, Mitchell afirma que as alegações de Gonçalo Amaral "vão ser o primeiro alvo", estando a ser ponderado também processar os jornais que reproduzirem o conteúdo do livro.
Como exemplo, refere o diário Correio da Manhã, que está a distribuir a obra, e que "vai ser considerado no processo, bem como os editores do livro".
Quanto à "hipótese de processar jornais pelas histórias do Verão passado é uma questão que cabe também aos advogados", refere.
O casal já venceu um processo por difamação no Reino Unido em Março deste ano contra o grupo Newspapers Express, proprietário, entre outros, do Daily Express, Daily Star e Sunday Express.
O resultado foi uma indemnização de 700 mil euros, bem como um pedido de desculpas na primeira página dos quatro títulos do grupo, que admitiu que publicou "alegações extremamente sérias, mas sem fundamento".
Mitchell explica que este primeiro processo foi desencadeado no Reino Unido contra o grupo Express no Reino Unido "porque eram os mais ofensivos".
Na altura, o casal anunciou que o dinheiro iria reverter o fundo da campanha que dirigem para encontrar a filha ainda desaparecida.
Na semana passada foi a vez de Robert Murat, o primeiro a ser constituído arguido na investigação, a obter uma indemnização de jornais britânicos no valor de cerca de 750 mil euros.
O amigo Sergey Malinka e a então namorada Michaela Walczuch, referidos em diversas notícias, participaram também no processo de Murat e receberão em conjunto cerca de 250 mil euros.
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