O “buzinão” convocado para hoje à tarde para contestar o aumento do preço dos combustíveis foi mais “ouvido” em Lisboa, Porto e Coimbra e teve menor expressão em outras cidades do país.
Na capital, automobolistas buzinavam cerca das 18:00 em uníssono: na avenida Fontes Pereira de Melo, um dos locais na capital escolhido para a realização do protesto (entre o Marquês de Pombal e o Saldanha) – os outros foram Alcântara e Campo Grande/Parque das Nações – não existia àquela hora um único momento de silêncio devido às buzinadelas constantes dos condutores.
Os automobilistas portuenses aderiram em grande número ao buzinão contra o aumento dos combustíveis, extensivo no Porto à criação de portagens nas SCUT (vias Sem Custos para o Utilizador), sendo o barulho das buzinas ainda audível pela cidade meia hora depois do protesto ter terminado.
Em Coimbra, o “buzinão” de protesto contra o aumento dos combustíveis gerou um ambiente ensurdecedor durante uma hora numa das principais artérias da “baixa” da cidade, a Avenida Fernão de Magalhães, com uma elevada adesão dos automobilistas que a atravessavam.
O protesto começou por volta das 17:00 e revelava já um significativo abrandamento por volta das 18:30.
Alfredo Lourenço, porta-voz do Movimento Contra os Aumentos dos Combustíveis revelou à agência Lusa que o protesto teve início pelas 17:00 junto à rotunda do Choupal, numa acção concertada com a CGTP.
A maioria das viaturas que circularam naqueles período na Avenida Fernão de Magalhães associaram-se ao “buzinão”, enquanto os dinamizadores do protesto distribuíam panfletos informativos aos transeuntes.
Em Viseu, meia centena de carros saíram de junto do tribunal e percorreram parte da circunvalação e algumas das principais artérias do centro da cidade, recebendo o apito solidário de outros com quem se cruzavam.
Os participantes do “buzinão” eram maioritariamente condutores de viaturas ligeiras, mas entre eles circulava também o camião do “Rei da Palha”, devidamente enfeitado com um fardo de forragem e a bandeira de Portugal.
As rotundas que proliferam pela cidade de Viseu acabaram por dificultar a manifestação, “quebrando” constantemente a fila de viaturas.
No Litoral Alentejano, o “buzinão” reuniu a participação de “algumas dezenas” de automobilistas, que percorreram as principais artérias das localidades de Sines, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal.
“Aqui, em Santiago do Cacém, tivemos uns 20 carros a apitar durante cerca de 25 minutos”, relatou Dinis Silva, porta-voz das comissões de utentes da região, responsáveis pela organização local da iniciativa.
Segundo Dinis Silva, o protesto acabou por estender-se a “outras viaturas, que circulavam em sentido contrário e não faziam parte da caravana”.
“Muitas pessoas acabaram por buzinar também, para mostrar o seu descontentamento com esta situação”, referiu.
Em Sines, os automóveis participantes resumiram-se a “perto de 15”.
Em causa, esteve a luta contra “o aumento dos combustíveis e do leite”, para além do desejo “da vinda de mais médicos para a concelho”, adiantou à Lusa Cristiana Silva, também da organização.
Em Leiria, foram ouvidas algumas buzinadelas no centro da cidade mas, em geral, o protesto foi pouco expressivo e não foi sentido pela maioria dos cidadãos.
De acordo com testemunhas e com o que a Agência Lusa ouviu no local, foram registados protestos no Rossio de Leiria, na Avenida Heróis de Angola, no Largo da República e na avenida Nossa Senhora de Fátima.
Na avenida Heróis de Angola, um grupo de dirigentes da União de Sindicatos de Leiria distribuiu panfletos e tocou cornetas apelando à adesão ao protestio dos automobilistas.
Foram poucos os automobilistas da cidade da Guarda que aderiram hoje ao protesto nacional.
Segundo Honorato Robalo, dirigente da União dos Sindicatos da Guarda, no “buzinão”, que começou pelas 17:45 no Mercado Municipal e terminou pelas 18:15 em frente do Governo Civil, participaram “cerca de duas dezenas de condutores”.
Os participantes ostentavam bandeiras negras e panfletos nas janelas das viaturas com a mensagem “não ao aumento do preço dos combustíveis”.
O buzinão “contra a carestia de vida” também foi realizado em Seia, com a adesão de uma dúzia de automobilistas “aos quais aderiram outros condutores que de vez em quando também buzinaram”, disse Zulmiro Almeida, representante local do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos.
Ainda no distrito da Guarda, em Vila Nova de Foz Côa, segundo Pedro Branquinho, um dos organizadores do protesto ruidoso realizado durante cerca de quinze minutos, “começou com doze viaturas e terminou com cerca de dezoito”.
Em Olhão, apenas 15 viaturas responderam à chamada dos organizadores do protesto, mas muitos foram aqueles que, durante o percurso, acabaram por aderir ao buzinão.
O cortejo começou junto ao bairro dos Pescadores, na periferia, e percorreu depois a EN125 que atravessa a cidade, acabando no centro urbano, onde muitos carros se foram juntando ao barulho das buzinas.
“Este é um Governo que merece muitas buzinadelas”, enfatizava à Lusa um dos 15 automobilistas que aderiram ao protesto, sublinhando que, nesta altura, “toda a gente está na miséria mas as grandes petrolíferas têm lucros fabulosos e cada vez são maiores”.
No Algarve houve também protestos em Vila Real de Santo António, Faro, Loulé, Albufeira, Portimão e Lagos.
Dezenas de automobilistas associaram-se no Funchal ao “buzinão” nacional, uma iniciativa organizada na Madeira pelo PCP-M, tendo o seu coordenador, Edgar Silva, realçado à Agência Lusa que o protesto visou protestar igualmente contra a liberalização dos transportes aéreos entre a Madeira e o continente.
“O protesto é contra à inacção do governo regional face à crise económica e social que se vive na região e contra a sua inabilidade em resolver os problemas aéreos entre a Madeira e o continente cujas tarifas aumentaram desde a liberalização do transporte aéreo [entrou em vigor a 24 de Abril]”, disse.
O buzinão reuniu vários automobilistas que se manifestaram em marcha lenta na Avenida do Infante ao passar em frente da Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional.
“O importante é as pessoas terem vencido o estigma do medo, virem para a rua, dar a cara, buzinar sem medo do jardinismo e da polícia”, salientou também o deputado comunista.
A contestação, promovida pelo Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), comissões de utentes, sindicatos e organizações sócio-profissioais, previa a realização de “buzinões” em mais de 70 locais do país entre as 17:45 e as 18:00.
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